Acordamos ou perdemos a paciência?

Meus Caros, 

Como eu poderia classificar o momento atual do Bahia? Minha
resposta é rápida: triste, porém necessário. Por melhor que um indivíduo tente
se mostrar para a sociedade ou fingir o que não é, mais cedo ou mais tarde a
máscara cai. Não há como sustentar uma mentira ou mesmo algo duvidoso por muito
tempo. 


A ilusão é passageira e não prevalece. A torcida tricolor acordou e junto a sua paciência foi “por água à baixo”! 

Durante muito tempo, a torcida do Bahia se acostumou a
vencer, conquistar títulos e a amar seu clube. E quanto maior esse amor era,
mais cego ficávamos. Não conseguimos perceber os “aproveitadores” dominando os
espaços do nosso clube e traçando regras, estatutos e mecanismos de controle
absoluto da gestão do clube que amamos. 


Aos poucos, o futebol foi se profissionalizando, o dinheiro
passou a ser o instrumento mais importante e foco primário de todos: atletas,
gestores, patrocinadores, rede televisiva… Mas o Bahia não se
profissionalizou, pelo contrário. O resultado da profissionalização do futebol
expôs o Esporte Clube Bahia, que seguia sucumbindo diante dos seus adversários,
caindo de divisões e chegando à humilhante série C. 

E se nesse momento não conhecemos o fim do maior clube no
Norte-Nordeste, foi graças a sua apaixonada torcida, que fez questão de lotar a
velha Fonte Nova e manter as receitas do clube que já eram deploráveis. Dívidas
e mais dívidas foram acumuladas pela gestão da época. 

Essa mesma gestão, desta feita representada pelo então
Marcelo Guimarães Filho (Sim porque foi a gestão do pai dele que nos colocou na
terceira divisão do futebol brasileiro), precisava mudar o discurso e fazer
algo para mudar uma situação que era ridícula aos olhos do Brasil. O torcedor
do Bahia foi verdadeiramente humilhado. 

Pronto, bastou mudar algumas pequenas coisinhas para o Bahia
ascender para a série A do Brasileirão. No entanto, muitas questões errôneas
para um clube da grandeza do Esporte Clube Bahia permaneceram com a gestão,
como um vício, que vai aos poucos fragilizando toda a nossa conjuntura
estrutural, administrativa e futebolística, refletida nos resultados obtidos em campo. 

Com pouquíssima transparência, a diretoria do Bahia segue
cometendo erros gravíssimos. Relações duvidosas com empresas, estatuto
“estranho”, relações trabalhistas precárias, e uma série de outros fatos que
vão degradando a honra do Esporte Clube Bahia. 

E então, o que temos para comemorar, se o Bahia não consegue
ter um aproveitamento satisfatório no Campeonato mais fraco que participa
durante o ano? Ah, ta… esqueci: podemos comemorar um ônibus, uma academia (em
processo de leilão para pagamento de dívida trabalhista),  um retorno mais do que obrigatório para a
Primeira Divisão do Brasileirão e a reconquista do fraco Campeonato Baiano
depois de 10 anos sem comemorar nenhum título. 

Esse era o mínimo que o presidente MGF deveria fazer. A sua
gestão nos devia isso, pelo que foi a gestão do pai dele (pelo menos
oficialmente, já que sabemos que Marcelo Guimarães continua no clube
ativamente). Mas e ai? E agora? O que devemos esperar mais de uma diretoria que
não é transparente, que faz do Bahia um “Cobaia Político”? Uma diretoria que
tem um presidente deputado que não tem como priorizar o clube? Um gestor de
futebol que erra mais do que acerta? 

Acredito que esse momento é de reflexão generalizada para
torcida do Bahia, essa imensa torcida que não é burra e já percebe exatamente o
que está acontecendo com o clube. O Bahia precisa de mudanças imediatas. A
situação é oportuna para que a torcida do Bahia conheça, de fato, o poder que
tem nas mãos. Precisamos de uma mudança imediata na gestão, o estatuto precisa
ser revisto e com uma participação mais efetiva do torcedor; “a transparência
do clube precisa ser mais transparente” (risos). O assunto é mais sério do que
tudo.  Não dá mais para continuar com
essa situação. 

O torcedor está certo e deve protestar sim. Essa é uma postura
de quem ama, de fato, o clube. Quem ama verdadeiramente precisa reconhecer as
limitações do seu clube. E o Bahia tem muitas, importantes limitações na sua
gestão. 

Falta cerca de um mês para o início da “Agonia” que
provavelmente o Bahia passará na série A do Brasileirão, sim porque
sinceramente não acredito que teremos condições de disputar nada mais
significativo. E o que a torcida vai fazer para salvar o seu clube?
Espero que todos os movimentos e campanhas permaneçam ativas
até que um resultado efetivo possa se desenhar nos rumos do tricolor de
aço.

Vinicius Sampaio 

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