O jogo dos três erros

Eder Ferrari

A ótima coluna do jornalista Eder Ferrari do sítio Bahia Notícias de Samuel Celestino coloca claramente os problemas que o Bahia vem enfrentando com a escalação de Ricardinho. Taticamente o jornalista faz uma análise perfeita da incoerente escalação do meia, apontando que este não pode ser escalado como 4º homem de meio, fato que vem prejudicando o tricolor nas jogadas em velocidades, já que Ricardinho não tem explosão para arrancadas e é facilmente marcado. Leia a coluna de Éder


Quatro jogos em Pituaçu. Na conta de qualquer tricolor consciente era para se ter, pelo menos, dois triunfos, devido à força dos adversários. O Campeonato Brasileiro é equilibrado e, qualquer qualidade a mais como entrosamento, deixa o brother com vantagem. O Bahia está iniciando a competição com um mix de incompetência (formar o time com a bola rolando) e azar (contusões, suspensões e cláusulas contratuais). Quando isso acontece, o cara não pode errar de jeito nenhum. Se vacilar, paga o preço! Foi isso que aconteceu com René Simões na partida contra o Botafogo: errou três vezes e facilitou e muito a perda dos dois pontos!

O primeiro equívoco começou na escalação. Quando vi Ricardinho no lugar do, infelizmente, canela de graveto Carlos Alberto, olhei para meu amigo Eduardo Rocha, editor de esportes do Correio*, que estava ao meu lado em Pituaçu e falei: “Ranzinza, Lulinha tá lascado!”. Venho repetindo isso não por chatice, mas por que René continua escalando Ricardinho como quarto homem. Ele não finaliza, não entra na área, não puxa contra-ataque e não encosta nos atacantes. Tem um excelente passe, acalma o jogo, vira a bola, mas olha para frente e vê apenas os atacantes. Dá o passe e não tem velocidade e dinâmica para chegar. Quando Jobson, que faz a vertical da esquerda para o meio, não joga, piora. Gabriel e Lulinha foram mais um quinto meia do que um atacante. O que acontece? Atacante(s) isolado(s) e exaurido(s) fisicamente pelo sacrifício.

Falei de Lulinha por que estava óbvio para mim que ele seria o único responsável por puxar os contra-ataques. No segundo tempo não segurou a onda e boiou. Mas isso se deu, também, ao segundo erro: a estratégia tática. Não dá para jogar em casa preocupado apenas em anular o adversário. A torcida se irrita e joga contra. Nesses quatro jogos, até que os tricolores seguraram a cornetagem, porém, acredito que chegaram ao limite. Marcone em Elkeson e Fahel em Maicosuel. Merecem ser vigiados, porém não era para tanto. Marcações individuais que esvaziaram o meio de campo e deram ao cauteloso Botafogo, o domínio absoluto na primeira etapa. Não fosse o pé torto de Herrera, o buraco estava mais embaixo. Acabou que Lulinha teve de fechar o meio para agrupar. Com os laterais em mais uma tarde infeliz, sobrou para o feijão com arroz de Diones carregar o piano. Falta sal e um bifezinho, pelo menos, ao ex-volante do Bahia de Feira. Quer marcar homem a homem? Beleza! Agora, avance a marcação e encurte o espaço dos volantes adversários. Continuar deixando os caras a vontade não dá!

A última escorregada de Simões veio após dois acertos. Agiu certo ao colocar Gabriel e Maranhão no intervalo. Não apenas isso. René posicionou Fahel com zagueiro/volante pela esquerda e deu liberdade para Maranhão do meio para frente. O time ficou equilibrado com variações e alternâncias de jogadas – sem redundância. Foram 11 minutos de empolgação. Velocidade, habilidade, ousadia e marcação por pressão. Entretanto, em um lance infeliz de excesso de atrevimento, tudo mudou. Maranhão caiu por cima do braço e teve de sair. Pelo posicionamento, a opção óbvia era o esquecido Zezinho. No mínimo, manteria a postura tática. No entanto, o treinador fugiu sem sentido do evidente e colocou Rafael. Quebrou tudo! A desculpa foi que Júnior estava muito cansado, jogando no sacrifício. Ajudou em quê? Júnior foi obrigado a sair ainda mais da área e se acabou de vez. Até câimbras teve! Ainda demorou um tempão para deslocar Gabriel, que estava embolado com Lulinha na direita e sem articulação.

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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