Cadê o rapaz da Guiné? Ele não abandona sonhos!

A história de progresso, evolução e outras crenças alimentadas pelo Iluminismo francês tem se tornado uma grande ilusão da humanidade. A capacidade do homem de perder sua humanidade e toda sua ciência tem mostrado como podemos ser tolos em relação ao progresso como ideologia. O mundo, na verdade, tem está cada vez mais hostil às diferenças. E sua tecnologia tem servido mais para separar os homens que superar a pobreza. O continente africano é um grande exemplo de maldade e cinismo dos países mais ricos em mostrar solidariedade à catástrofe humanitária em que vive o continente africano.

A Copa do Mundo na África, nesse contexto em que estamos vivendo de uma ciência a serviço do capital e a desumanização do homem, pode significar uma redenção passageira para os africanos. Perseguições religiosas e políticas por razão da Copa podem dar uma trégua para que a África seja refletida com o carinho e grandeza pelos muitos povos que lá habitam. Certamente, a grande mídia que cobrirá os jogo da Copa deverá divulgar para a comunidade internacional o quadro de miséria e abandono em que estão algumas populações completamente arruínadas por anos de tráfico de escravos.

A Bahia e o Bahia viram de perto a situação dos irmãos africanos quando um rapaz órfão atravessou o oceano Atlântico para tentar jogar futebol aqui no Brasil. Ele conheceu o nosso Fazendão, viu meninos como ele iniciando uma trajetória no futebol profissional e demonstrou interesse de jogar no Bahia. Fatos como esse não podem ser esquecidos pelos verdadeiros editoriais dos nossos jornais. É imperiosa a atenção que teve o jovem africano como notícia mas, também, que tenha uma mídia baiana sensível a causa de milhões de africanos. É preciso só parar de noticiar a saga do jovem africano quando finalmente ele conseguir um lugar ao sol aqui na nossa Bahia. Parece que “vovô” do Ilê Ayê tentará adotá-lo.

É bom saber que o futebol baiano é o sonho de um jovem que aqui chegou na Bahia e apareceu para o mundo pelo seu sonho. O Bahia se importou com a saga do africano quando demonstrou sua sensibilidade ao jovem, que participou de um teste no Fazendão. Resta agora ao Bahia dar um salto também em sua maneira de aumentar a participação de sua torcida nos destinos do Clube. O marketing com o jovem africano funcionou bem; já o marketing do jovem presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, será que até agora foi propaganda enganosa? O marketing do Bahia está funcionando, mas cadê a reforma estatutária?

Enquanto o Bahia não tiver um Estatuto moderno o sucesso será sempre migalhas do que seria caso o Bahia tivesse uma estrutura capaz de transformar seu torcedor em sócio participativo e atuante. Não dá para esperar mais. O Bahia precisa de oxigênio para continuar levantando vôo rumo a uma definição de seu futuro. O sócio torcedor, aos moldes do Internacional, gera uma receita que não pode ser igonorada. Para o Bahia estimular seu torcedor a ser mais participativo é imperiosa uma abertura política que dê direito de voto ao sócio. Teríamos milhares de torcedores em todo o Estado militantes e atuantes investindo no seu clube e deixando também receitas.

Qual é o sonho do jovem presidente do Bahia? O do jovem africano nós já sabemos.

Maurício Guimarães

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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