Rui Carvalho: Premonições

Não sou “pai de santo” mas cá pra nós, tenho minhas premonições. Parece mentira, mas às vezes com os mais chegados chego a comentar detalhes do dia a dia do corre, corre… Logo me procuram e dizem, ô véi, você é feiticeiro é! Tudo porque sou Espírita, sempre então, confundem.
Como disse antes, após muito tempo, voltei, ontem (26) ao Fazendão, tava chateado com a aquisição de um software equivocado, que terminou embananando meus estoques, saí pra arejar depois de tanto escarafunchar e confrontar físico com o virtual. Aborrecido fui me aborrecer noutro sentido, desses mais fáceis de desabafar.
Fui ver o coletivo de Artuzinho, afinal, se ficasse insatisfeito um palavrão resolveria e alivia o coração no ato, se satisfeito um grito de guerra como “bora subir minha porra!” Deixa a gente mais leve. E assim foi. Ao fim demos nosso grito de guerra eu e outros tricolores, não vi o binha por lá, será que finalmente o expulsaram, também pudera, noutra ocasião constatei que ele tava perturbando os trabalhos. Aproximando-me da portaria, notei logo um certo descaso nas aparências.
Dei um leve sinal de luz, como fazia antigamente, quando quase que diariamente ao fim das tardes por lá aparecia para apanhar meu pimpolho, então com quinze anos. Como nos velhos tempos o portão se abriu sem maiores delongas, me surpreende já que o carro não é mais o mesmo, o porteiro também não, no entanto passei reto, nenhum questionamento, beleza! Houve tempos mais difíceis. No tempo do velho Evaristo como técnico, era um deus nos acuda pra se assistir um coletivo tricolor. Uma curiosidade, quando em transito para as arquibancadas do CT passei por Maracajá, o vi sentado no banquinho de cimento, modelo padrão da antiga fabrica de cidade, muito peculiar nas praças de Salvador e cidades do interior, local de sempre. Cumprimentou-me Maracajá com a educação que lhe é peculiar, seguir pro meu cantinho, logo observo mais à frente, no final da cerca três outros dirigentes confabulam animadamente: Petrônio, Ruy e Marcos Costa.
Claro registrei o distanciamento, fiquei na minha, também fui referenciado por eles. Me perguntei, as coisas tão mudadas por aqui, parece que a terceira divisão trouxe um pouco de humildade, não têm mais o “rei na barrida” como se dizem. Ótimo!
Começou o coletivo, observei logo que Artuzinho montava um esquema parecido com o que enfrentou o Vila Nova e venceu pelo placar de 3-2, mas mesmo com Carlos Alberto dessa vez, observei que o esquema treinado não era o 3-5-2 e sim o 5-3-2, ou seja os laterais presos, só saiam pro jogo na roubada de bola.
Jogavam os titulares, tais quais os adversários que vêm pra Fonte pegar o Bahia, sempre no erro, aí saiam com tudo pro ataque, tentando a surpresa e a desarrumação natural de quem foi ao ataque e perdeu a jogada. Mais tarde Artuzinho fez algumas trocas, dentre elas, a já famosa com Àvine subindo pro time titular na condição de meia, puxando as jogadas de contra-ataques com rapidez, tava até dando certo no treino.
Outra modificação muito interessante foi a entrada de Preto na meiúca, sob protesto de alguns torcedores presente. Supreendeu a todos o Bahia melhorou e muito, só depois disso saíram os gols, um de Nonato e dois de Amauri que também substituiu Neto Potiguar.
Fim do treino, famos todos embora, satisfeitos pela boa evolução, confiantes que pode dar Bahia lá no Serra Dourada, alguns gritos de “Bora subir Baêa” ecoou naturalmente. Surpresa, logo mais nas resenhas esportivas, ta lá o conflito, Preto dá declaração de que vai rescindir o contrato, alega falta de critério do Técnico Artuzinho para sua tomada de decisão. Não sei porque mais achei na hora, que aí tem coisa! Juntei as peças, Paulo Maracajá de um lado, solitário, Petrônio, Ruy e Marcos Costas, de outro. Depois, Preto treinando muito bem e se demitindo em seguida, aí tem!
Vou chutar, se o tricolor não trouxer um bom resultado de Goiás domingo, segunda feira tem Técnico novo no Fazendão e Preto continua no Bahia e dessa vez como titular absoluto. Só me resta uma coisa: Torcer por Artuzinho dessa vez, o contrario, vai ficar muito difícil, mesmo com técnico novo, afinal o que vem, pode até ter premonições como eu, mas não é milagreiro também como eu.
Rui Carvalho

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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