Barras-pesadíssimas: a lição

Por Paulo Leandro

Desde o Velho Testamento, é capaz de meu amigo Dantinhas saber versículo e tudo, não se deve menosprezar adversário. David derrubou o gigante Golias com uma estilingada certeira. Por isso, não era bom ter feito pouco caso do time do Piauí.

Que o Piauí de dona Socorro é fraco na economia, sem dúvida, apesar de o deputado Mão-Santa repudiar o estigma da pobreza exagerada. Que Barra é nome da nossa praia gostosa, nosso porto, ah! isso é verdade e ninguém há de negar.

Mas mesmo que o Barra viesse do Chade ou da região de guerras tribais do Alto Volta não precisávamos ter tratado o visitante como sabiazinha morta. A sabedoria mandava respeitar, mesmo o pobrezinho do Barra.

Aliás, “nem Barra não é”, como diria meu amigo Pedro Bó. O nome é Barras, no plural. Mais um motivo. Se eles vinham de galera, ou no plural, teria sido prudente colocar as barbinhas tricolores no molho. Faltou esta consideração: conhecer o mínimo do rival.

Quando vinha amaldiçoando estes engarrafamentos que fazem de Salvador uma cidade tirada a grande, tive de ouvir um pouco de rádio e, ao ligar, o colega escalou o time do Bahia todinho, de Márcio Angonese ao parceiro de Neto Potiguar, que esqueci agora.

Quando foi o time do Barras-Pesadas, sabe o que ele disse no ar? Ah! Que diferença vai fazer se é Luisinho, Chiquinho, Cicracinho em tal ou qual posição? Não precisa dizer escalação do Barras não! Vamos encher a Fonte Nova, torcedor, e golear que é melhor.

Rapaz, não se faz isso nem na Liga da Associação de Futebol de Mesa da Lapinha de meu bom amigo Eurico. Nem quando meu Caveira ia pegar o Monterrey de meu primo Marcelo, caixa-de-pancada, a gente fazia pouco porque aí, véi, o goleirão de acrílico fechava.

Lição da Bíblia, tricolores. Paguem seu dízimos e vão ali na Universal do Iguatemi que o pastor abre o Portal da Série B pra vocês. Mas vai alertar: tem que ter humildade. Sei que é difícil pra quem tem tantas estrelas, tantos títulos, tantos torcedores, tantas vozes.

Quando a gente é muito rico, perde mesmo o limite. Ainda mais quando é super-incensada por repitilianos traíras que só querem se aproveitar da marca Bahia para seus projetos de poder que não levam a nada, só espalhar a maldade e engordar a conta. Vamos pedir piedade pra essa gente careta e covarde.

Pastor Dantinhas é capaz de me vir com essa também dos fariseus, aqueles hipócritas que falavam em nome de Deus, mas tavam em outra. O Bahia, por ser a marca que é, fica muito exposto a esta gentalha e a galera se deixa encantar. É bom ouvir coisas boas.

A roda da fortuna é um troço que gira, às vezes até rápida demais. Quem está por cima hoje, pode dar suas tropeçadas com seus Barras na vida e voltar a mostrar toda sua humanidade. É ilusão total se achar superior. O Golias tricolor levou sua badogada.

Mas a verdade é que, para não depender de jeitinhos como o que garantiu a vaga para este octogonal, o Tricolor terá de mostrar uma humildade que ele não tem. O Barras da terra de dona Socorro (respeitem) pode ter feito o bem ao Bahia, sem nem tomar pé.

O melhor que aconteceu ao Bahia foi este empate em 2 a 2, dentro de casa, diante do pobre piauiense. Agora, só tirando a chuteira de ouro e calçando a sandália de São Francisco, o Baêa voltará à rota da tranqüilidade para subir. A trilha ainda está aberta.

Mesmo com o pontinho em casa, o vizinho inocente foi dormir tranqüilo quando chegou da Fonte porque ele sabe que nada pode dar errado com o Bahia nesta Série C, pois o projeto é o Tricolor como âncora da segundona, quem sabe até segurando o Vitória por lá pra ter Ba-Vi na Série B 2008. Os gravatinhas do canal fechado iam a-do-rar!

Mas o Baêa também tem que se ajudar um pouquinho para pegar, ao menos, a quarta vaga. É capaz de, mesmo ficando em quarto, o Baêa ainda cantar uma mística de ser o time da chegada, que precisou de tantos pontos e conseguiu, fez aquele gol incrível nos acréscimos…

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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