Presidente do Sport critica punição do STJD e alega discriminação

O Leão da Ilha não terá torcida nos seus jogos como mandante, nem como visitante, em competições da CBF.

Foto: Sandy James/DP Esportes

O Sport foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) após o ataque de membros de uma torcida organizada do clube ao ônibus da delegação do Fortaleza, após a partida pela Copa do Nordeste. O Leão da Ilha não terá torcida nos seus jogos como mandante, nem como visitante, em competições da CBF.

 

O presidente do Sport, Yuri Romão, mostrou indignação com a punição e frisou que o atentado aconteceu distante da Arena de Pernambuco e o Rubro-negro tomou todos os cuidados com as obrigações de segurança dentro e fora do estádio. O mandatário pediu que o pleno do STJD reveja a decisão tomada e afirmou que é de dever do poder público realizar a segurança em um local daquela distância da Arena.

Confira o pronunciamento:

“Recebemos, com muita indignação, a decisão do STJD em punir o nosso clube, o Sport Club do Recife. Uma decisão arbitrária, que proíbe que, nas competições organizadas pela CBF, nosso clube tenha torcedor em campo. Na última quarta-feira, a delegação do Fortaleza Esporte Clube sofreu um atentado de uma organização criminosa numa rodovia federal, a sete quilômetros do estádio e, hoje, querem nos responsabilizar.

É importante dizer que, todas as obrigações impostas pelo Regimento Geral da Competição (RGC) e pela Secretaria de Defesa Social (SDS) do nosso estado, foram cumpridas à risca. Todas. A prova é que não tivemos nenhum incidente dentro de campo e fora dele, dentro do âmbito do estádio. O incidente se deu a sete quilômetros do estádio.

Por exigência da SDS e do RGC, colocamos 340 seguranças privados, solicitamos à Polícia Militar que fosse feita a segurança do espetáculo. A PM disponibilizou 572 policiais. Portanto, tudo aquilo que estava ao nosso alcance, foi feito. Por isso que, mais uma vez, eu repito: Essa decisão não é razoável. Ela deixa um ar de arbitrariedade. Ou pior, estão punindo um clube de Pernambuco, do Nordeste, apenas por conta do seu CEP.

Digo isso porque, em casos recentes, nos últimos dois ou três anos, tivemos o caso do Internacional, onde o atleta Nico Hernández foi atingido por pedras. Tivemos o caso do Grêmio, que também ao chegar ao Beira-Rio, teve o ônibus apedrejado. Tivemos o caso semelhante, do Bahia, onde o goleiro Danilo Fernandes foi atingido por uma bomba.

Tivemos o caso de Flamengo e Atlético-MG, onde tivemos casos semelhantes e que foram absolvidos. O Botafogo e Fluminense, onde o Fluminense teve seu ônibus apedrejado ao chegar no estádio Nilton Santos. Por que somente o Sport Club do Recife é punido?

O episódio não se deu na chegada, se deu na saída bem distante do estádio, numa rodovia federal. Tem algo de errado nisso. Não podemos baixar a cabeça para uma decisão que não é razoável, que acho, inclusive, que é arbitrária.

Para fechar esse hall de episódios, tivemos o mais lamentável deles. A torcedora do Palmeiras que foi à óbito levando uma garrafada na porta do Allianz Parque. E nem por isso, um caso gravíssimo, nenhum clube foi penalizado.

Portanto, colocados esses fatos, chegamos à conclusão que o Sport não pode ser penalizado por um problema de segurança pública, que não ocorre somente no nosso estado, mas no Brasil todo. Mesmo assim, somente o Sport está sendo punido. Diante disso, não baixaremos a nossa cabeça.

Enfrentaremos, nos meios legais, para tentar reverter essa decisão. Não podemos ser penalizados por algo que não está na nossa competência. Faço um apelo aos membros do STJD, que possam rever essa decisão.

Eu gostaria de ratificar o nosso lamento e, mais uma vez, fazer um pedido de desculpar à instituição Fortaleza Esporte Clube pelo que aconteceu. Aos seus atletas, que foram atingidos, estive com eles na madrugada da quarta para a quinta-feira até o último atleta ser atendido.

Então eu entendo que, assim como fizemos hoje, em reunião com a Secretaria de Defesa Social, com a presença de membros do Ministério Público, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE), da Assembleia Legislativa de Pernambuco e membros do Governo do Estado, de assumir publicamente que o Sport irá adotar medidas de enfrentamento à essa prática danosa ao futebol do Brasil. Não vou restringir só a Pernambuco.

Porque o que aconteceu na quarta-feira, não só o Fortaleza foi vítima, mas o Sport também foi vítima disso tudo. Quero reiterar minha solidariedade ao Fortaleza Esporte Clube e os atletas atingidos pelas pedras e artefatos arremessados contra o ônibus da sua delegação.

Por fim, quero apelar aos membros do STJD que, dentro do âmbito do bom-senso, a gente possa rever essa decisão. O Sport está à disposição para alimentar o pleno de todas as informações necessárias para que essa decisão seja revista. Pois, como disse desde o início, ela não é razoável. Ela chega às raias da arbitrariedade.”

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: [email protected]

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