“Baú dos Mundiais”: Série lista baianos que defenderam a Seleção nas 22 Copas

Dida, que é natural de Irará, interior da Bahia, é o baiano com maior número de participações.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Vários jogadores baianos já marcaram seus nomes na Seleção Brasileira disputando uma Copa do Mundo e conquistando um título mundial. Diga-se, dos cinco títulos, apenas em 1970 a equipe não contava com jogadores nascidos na Bahia. Ao longo dos Mundiais, 13 baianos jogaram, ao menos, uma Copa do Mundo. Dida, Aldair, Zózimo, Luís Pereira, Toninho, Júnior Baiano, Dante, Vampeta, Maneca, Daniel Alves, Júnior Nagata, Edílson ‘Capetinha’ e Bebeto.

 

Revelado no Vitória, o ex-goleiro Dida, que é natural de Irará, interior da Bahia, é o baiano com maior número de participações em Copas do Mundo. Ele foi reserva em 1998 e 2002 e titular em 2006. Em 2002, Dida levantou o troféu junto com Vampeta, Júnior Nagata e Edílson. O jornalista Paulo Cézar Gomes, da Bahia FM, no seu quinto texto da série ‘Baú dos Mundiais’, traz uma lista dos jogadores baianos que defenderam a seleção nas 22 Copas do Mundo disputadas até hoje.

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“Uma coisa que deixa orgulhoso o torcedor em época de Copa do Mundo é quando um jogador do nosso time de coração ou nascido no nosso estado natal é convocado para a seleção brasileira. A Bahia sempre se viu representada em Copas, uma vez que vários de seus filhos nascidos nessa terra que adora o futebol puderam mostrar ao mundo os seus talentos.

O primeiro deles foi o meia-atacante Maneca (Manuel Marinho Alves), nascido em Salvador. Por aqui ele vestiu a camisa do Galícia antes de brilhar no ‘Expresso da vitória’, como ficou conhecido o poderoso Vasco da Gama da metade da década de 40 e início dos anos 1950.

Com a contusão do ponta gaúcho Tesourinha, Maneca foi adaptado na seleção para a ponta-direita e jogou a Copa do Mundo de 1950, a que perdemos no jogo final para o Uruguai. Depois, Maneca jogou em 1954 no Bahia e voltou ao Galícia em 1959. Era habilidoso, rápido, se movimentava bem no ataque e era exímio nos passes, lançamentos e dribles curtos.

A torcida do Vasco tinha por ele um carinho especial, pois o atacante baiano adorava fazer gols no Flamengo, maior rival do clube cruzmaltino. Em 1961 ainda muito jovem, aos 35 anos e sofrendo depressão, Maneca suicidou-se no Rio de Janeiro.

Depois de Maneca em 1950, outro baiano foi à Copa e deu mais sorte do que o conterrâneo. Foi o zagueiro Zózimo (Zózimo Alves Calasans), nascido em Plataforma, no subúrbio ferroviário de Salvador. Jogador do Bangu, fez do futebol carioca vitrine para estar na seleção e ser bicampeão mundial em 58 na Suécia, como reserva de Orlando, e em 1962 no Chile, como titular ao lado de Mauro Ramos de Oliveira.

Zózimo também jogou no Flamengo e no Sport Boy’s do Peru. Tinha estilo elegante, fazia poucas faltas e impressionava pelo excelente porte físico e por praticar um futebol clássico. Zózimo morreu em 1977 em um acidente de carro em Campo Grande, no Rio de Janeiro.

Em 1974 na Alemanha, outro zagueiro baiano foi titular da nossa seleção. Luis Pereira (Luis Edmundo Pereira), filho de Juazeiro e ídolo do Palmeiras, jogou muito, mas infelizmente não conseguiu ser campeão. Ficamos com o 4º lugar. O título foi decidido entre a laranja mecânica do craque Cruyff e a campeã Alemanha do kaizer Beckenbauer. Luisão Chevrolet, como era apelidado, brilhou depois da Copa no Atlético de Madrid, onde virou ídolo e onde trabalha até hoje, ensinando tudo que sabe de futebol aos garotos da base do clube.

Um baiano de Gameleira na Ilha de Itaparica foi o nosso representante na Copa de 1978 na Argentina: Toninho (Antônio Dias dos Santos). Lateral-direito de grande técnica e força. Marcava como um grande defensor e ia à frente como se fosse um verdadeiro atacante. Começou no Galícia e ainda com idade de juvenil (hoje categoria sub-20) foi vendido para o Fluminense, onde jogou de 1968 a 1975. Lá, se deu muito bem. Foi campeão estadual quatro vezes e brasileiro uma vez. Em 76, foi para o Flamengo onde também ganhou vários títulos. Na Copa da Argentina chegou a jogar de ponta-direita e revezou com Nelinho, do Cruzeiro, na titularidade da lateral. O técnico da seleção, Cláudio Coutinho, confiava muito no potencial do jogador baiano, peça importante no seu esquema tático. Toninho morreu em dezembro de 1999 aos 51 anos quando sofreu um mal súbito.

Somente 12 anos depois, a torcida baiana pode ver um talento do estado em uma Copa do Mundo. Bebeto (José Roberto Gama de Oliveira), craque nascido e parcialmente criado no Vitória, que virou xodó da torcida do Flamengo, esteve em 1990 na Copa da Itália, quando já tinha se transferido para o Vasco. Repetiu a dose em 1994, quando formou com Romário uma das mais espetaculares duplas de ataque da história do futebol brasileiro e mundial. O resultado todos já sabem: a conquista do tetra na Copa dos EUA.

O baianinho bom de bola, como sempre o chamou a crônica esportiva carioca, foi ainda para o mundial seguinte, na França, em 1998. Bebeto era a tradução do talento refinado no futebol. Toques precisos, visão de jogo, senso de colocação e um chute típico, sua marca: a raquetada de voleio!

O craque nasceu em Salvador e sempre faz questão de lembrar o seu amor pela sua terra natal e pelo seu querido Esporte Clube Vitória, onde voltou a jogar em 1997 depois de se consagrar mundialmente. Nessa passagem, foi tricampeão baiano e da Copa do Nordeste pelo Leão.

Além de Bebeto na conquista do tetra nos EUA, o baiano Aldair (Aldair Nascimento dos Santos), nascido em Ilhéus, foi o nosso zagueiro titular. Esbanjava categoria, frieza, colocação perfeita. Foi revelado na base do Flamengo e depois ganhou o mundo. Encantou os portugueses do Benfica e os italianos da Roma. Assim como Bebeto, esteve também em 98 na França, quando perdemos o título para a seleção de Zidane.

Outro zagueiro baiano também esteve na copa de 98 na França. Foi Júnior Baiano (Raimundo Ferreira Ramos Júnior), nascido em Feira de Santana e outro que foi cria do Flamengo. Aliava técnica com força, no entanto, na maioria das vezes, era exagerada, descambando para a violência. Brilhou também no São Paulo, onde o mestre Telê Santana ajudou a lapidar a pedra bruta que era o seu futebol.

Em 2002 quando fomos penta, teve ‘chuva de baianos’ no time de Felipão: O goleiro Dida (Nélson de Jesus Silva), de Irará; o lateral Júnior (Jenílson Ângelo de Souza), filho de Santo Antônio de Jesus; O volante Vampeta, (Marcos André Batista dos Santos) de Nazaré das Farinhas, e o atacante Edilson (Edílson da Silva Ferreira), o capetinha, que desde garoto batia seus babas nos campinhos de várzea de Salvador, onde nasceu. Dos quatro mosqueteiros baianos, somente Edilson não nasceu para o futebol no Barradão. A divisão de base do Vitória comandada pelo competente Newton Motta era reconhecida como uma das melhores do mundo e produzia craques aos montes.

Em 2006, Dida novamente esteve defendendo a seleção na Copa da Alemanha. Em 2010, foi a vez do lateral Daniel Alves (Daniel Alves da Silva), nascido em Juazeiro, e que despontou no time da sua cidade o Juazeiro Social Clube ainda garoto. Na categoria júnior foi comprado pelo Bahia. Daqui foi para a Espanha e ganhou o mundo inicialmente no Sevilha, seguindo para o poderoso Barcelona.

Esteve também na Copa de 2014 no Brasil, onde o zagueiro Dante (Dante Bonfim Costa Santos), soteropolitano que começou na base do Galícia, e que vestia a camisa do Bayer de Munique também foi um dos 23 convocados pelo técnico Luiz Felipe Scolari.

Como se vê, a seleção precisa de “dendê no seu sangue” para enfrentar as batalhas de uma Copa do Mundo. Que seja sempre assim, para a alegria e orgulho do baiano, povo que adora futebol e ama ver gente da boa terra com a amarelinha.”

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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