Em nota, grupo de clubes repudia forma de rateio de receitas da Libra

Divergências sobre rateio de receitas ameaçam adesão de novos clubes à Libra

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

A criação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) é o principal assunto no meio futebolístico nos últimos dias. Os clubes das Séries A e B vêm se reunindo para debater o tema, porém, até o momento estão longe de chegar a um entendimento. Apenas oito clubes assinaram a proposta de criação, e para ir adiante, é preciso que todos os 40 clubes aceitem os termos. O principal empecilho é a divisão das receitas.

 

Na última sexta-feira, houve uma reunião entre os clubes que não assinaram a Libra. Após o encontro, o novo bloco formulou uma carta repudiando os termos estabelecidos pela Liga. A principal questão está no fato de que as equipes deste novo bloco não aceitam os percentuais de divisão de receitas para adesão à proposta criada pelo Flamengo e por clubes paulistas. Os clubes que assinaram e divulgaram a carta foram Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Náutico, Operário-PR e Sport.

Os oito clubes que assinaram a criação da Libra foram Corinthians, Red Bull Bragantino, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo, Ponte Preta e Cruzeiro. Eles concordam com uma divisão das receitas com: 40% repartidos de forma igualitária, 30% variável por performance e 30% variável por engajamento e audiência. Por outro lado, as 27 equipes envolvidas neste novo bloco querem 50% repartidos de forma igualitária, 25% por performance e 25% por engajamento.

CONFIRA A CARTA ABAIXO:

“A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.

Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.

Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.

Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.

Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.

A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.

O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa.”

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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