E.C Bahia: “Boa gestão fora do futebol de nada adianta se for ruim no futebol”

O início do trabalho de Bellintani foi muito elogiado, mas desandou

Não podemos negar a enorme importância do grupo responsável por tirar o Esporte Clube Bahia das mãos da Família Guimarães. Esse mesmo grupo prometeu transparência e dar voz ao torcedor. No primeiro ano, veio a queda para Série B, mas logo Marcelo Sant’Ana tratou de trazer o clube à Série A em 2016, conquistando a Copa do Nordeste em 2017, após 15 anos sem levantar a Orelhuda. O bom trabalho que vinha sendo desenvolvido por Sant’Ana foi interrompido e o grupo colocou como seu sucessor Guilherme Bellintani, empresário e na época Secretário de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador na gestão de ACM Neto.

 

O início do trabalho de Bellintani foi muito elogiado, a sua visão como administrador, o marketing, sempre bem visto pela imprensa e por outros presidentes. Porém, esse cenário começou a mudar a partir de 2019, no segundo ano do seu mandato, após aquela queda de rendimento no 2º turno do Brasileirão, a insistência com Roger Machado. Naquele ano, o time só não foi ameaçado pelo rebaixamento porque já tinha feito uma gordura no primeiro turno.

Em 2020, veio a pandemia, que foi ruim para todos os clubes. As receitas caíram, o Bahia continuou numa maré de azar com eliminação precoce na Copa do Brasil para o River-PI, e no Brasileirão novamente lutando para não cair. Escapou na penúltima rodada, mas já era um ensaio para o que viria em 2021. Atirando para todo lado com as apostas nos treinadores, a letargia para contratar e quando contratava, errava na maior parte delas. Tudo isso, somado aos salários atrasados, falta de diálogo com a torcida e os jogadores, levaram o clube ao rebaixamento esse ano, poucos meses após comemorar o tetracampeonato do Nordeste.

O Bahia se juntou a Grêmio, Sport e Chapecoense, e disputará a Série B após cinco anos seguidos jogando a Série A. No podcast Posse de Bola #185, o jornalista Mauro Cezar Pereira falou sobre os rebaixamentos de Bahia e Grêmio, e evidenciou que não basta boa gestão fora do futebol se for ruim no futebol. Leia abaixo:

“O Grêmio planeja a temporada 2021 com o Renato, contrata os jogadores que o Renato queria, e o Renato foi eliminado de forma categórica pelo Independiente Del Valle (…). Ele deixa um elenco que montou, chega o Tiago Nunes, um desastre, do Tiago Nunes vão para o Felipão, que até teve um aproveitamento melhor do que os outros, mas não foi o bastante obviamente. Sai o Felipão, tentam uma cartada desesperada com o Mancini”

“Foi tudo errado e a declaração do dirigente às vésperas da última rodada de que o Corinthians, a torcida torceria pelo Grêmio, aquilo ali foi um negócio que além de folclórico evidência uma falta de noção da realidade, parece até um deboche com o próprio Grêmio. Isso tudo evidencia uma péssima gestão do futebol. Grêmio e Bahia são os exemplos claros de que a boa gestão fora do futebol de nada adianta se for ruim no futebol”

“O [Guilherme] Bellintani vem cometendo erros desde o ano passado, a temporada passada, ele contratou o Mano Menezes. Ele tinha o Roger Machado e daqui a pouco tinha o Mano Menezes, isso é uma total falta de noção. Não adianta o presidente Bolzan, o Bellintani, terem bom discurso, boas ideias, uma boa gestão, se cercarem em algumas áreas de pessoas competentes e no futebol não terem gente qualificada, que é uma marca do futebol brasileiro”

“Teve um técnico estrangeiro que esteve no Brasil há algum tempo e se espantou quando chegou no clube e percebeu que não tinha interlocutores para falar sobre futebol, sobre a característica dos jogadores, o perfil dos atletas que precisavam sair e chegar ao clube. Não tinha porque poucos dirigentes conseguem falar sobre futebol, sobre o jogo, não tem isso. Então, até os técnicos são contratados aleatoriamente, sem se pensar em qual o perfil do elenco”

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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