‘A Globo foi leal, a Turner não’, desabafa presidente do Bahia em entrevista

"A Turner não foi verdadeira com os clubes", diz presidente do Bahia

O Esporte Clube Bahia e demais associados à Turner (Palmeiras, Santos, Ceará, Fortaleza, Athletico, Coritiba e Internacional) estão cada vez mais em rota de colisão com a emissora que insiste em romper o contrato celebrado com os clubes sem pagar a multa (que, somados todos os times, chega a R$ 2,1 bilhões), contrato que aliás, na época foi festejado por todos nós que acreditamos que finalmente teríamos um contraponto para a quase eterna exclusividade da Rede Globo de Televisão no futebol nacional, com seus jogos sempre depois da novela, alguns beirando ao horário da meia noite, e outras escrotidões.

 

O desenlace ficou claro nesta quarta-feira, no programa “Os Canalhas”, que foi ao ar no portal UOL Esporte, onde o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, afirmou que a Turner não foi correta com os clubes e os destratou durante a pandemia, enquanto a Globo foi leal, embora deixe claro as diferenças de seu clube com a emissora nos tratos a respeito dos direitos de transmissão.

“Minha relação com a Globo é leal, eu gosto muito da Globo, eles são verdadeiros nesse aspecto. A Turner não foi verdadeira com os clubes, a Globo é verdadeira”, diz disse Guilherme Bellintani.

“A Globo chegou para a gente e falou ‘não dá para pagar 100% na pandemia, tenho que fazer um abatimento de 70%’. Ok, foi lá e pagou os 30. Podia não ter pago. A Turner não pagou, não justificou, notificação horrível, maltratou os clubes, desrespeitou os clubes. A Globo não faz isso, a Globo tem postura”, completa o dirigente.

Entenda a briga entre clubes e Turner:

A Turner entende que os clubes descumpriram várias cláusulas contratuais. Entre elas, estão a quebra de confidencialidade do contrato em entrevistas para a imprensa e a permissão dada por clubes para que a Globo transmita jogos para a mesma cidade onde eles são realizados. A empresa diz que só pôde exibir seis jogos ano passado nesse esquema e que não havia bloqueio de praça previsto em contrato.

Por fim, a programadora manifesta que os clubes não estão dispostos a dialogar desde o fim do ano passado, quando notificou os times sobre pontos do contrato que queria conversar e não obteve resposta. Procurada oficialmente para falar sobre a data limite dada aos clubes, a emissora preferiu não se pronunciar.

Por outro lado, os clubes alegam que a Turner quer forçar a rescisão contratual sem pagamento de multa. De acordo com o contrato, cada clube tem direito a multa de R$ 287 milhões. Além disso, existe a alegação de que houve tratamento diferenciado ao Palmeiras no pagamento de luvas. O Alviverde paulista recebeu R$ 100 milhões, enquanto os outros clubes fecharam por R$ 40 milhões, conseguindo um aditivo de R$ 15 milhões após a descoberta da luva maior pelo Bahia.

Em meio à disputa que deve parar nos tribunais, a Turner não tem previsão de pagamento para cotas atrasadas. Desde maio, a emissora não paga os valores acordados com os clubes pela transmissão do Brasileirão. Os pagamentos previstos somados eram na casa dos R$ 100 milhões e a programadora alegou a pandemia do novo coronavírus para suspender os pagamentos. Até o momento, não existe nenhuma previsão por parte da Turner de retorno aos pagamentos para os times, o que agrava a situação.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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