Revelado no Avaí, onde despontou em 2010 sendo vendido ao Corinthians no ano seguinte, o ex-goleiro Renan não vingou no Timão entrando em campo apenas três vezes. Foi emprestado ao Esporte Clube Vitória em 2012 e teve certo destaque, porém, preferiu deixar o clube para atuar no Estoril Praia, de Portugal. Hoje, aos 29 anos e atuante no ramo da construção civil em Santa Catarina, ele lembra e se arrepende de ter saída do Leão naquele momento, afirmando ter sido “um dos erros da carreira”. Sem vingar no futebol português, o arqueiro jogou ainda por Guarani, Botafogo-SP, Red Bull Bragantino, Caxias e Tigres do Brasil, pendurando as luvas precocemente em 2016, aos 26 anos. Em entrevista ao site Globoesporte, o ex-atleta falou sobre as decisões que tomou na carreira.
“Tenho um pensamento que a oportunidade não manda recado, você tem que estar pronto para ela. Falo isso a toda criança com quem converso. O que ficou marcado pra mim foi: esteja pronto para a oportunidade, em qualquer profissão. Ela não manda recado. Parei com 25 anos, em junho de 2016, quando acabou meu contrato com o Corinthians, a quem sou muito grato. Meu pai trabalha há 40 anos na área da construção civil e eu já tinha o projeto de entrar também. Algumas coisas não fluíram no futebol e desde o começo eu tinha intenção de ir para esse ramo. Então tomei essa decisão”, disse Renan.
Veja abaixo:
Você teve um início de carreira muito promissor no Avaí, né? Como foi esse começo?
“Foi um começo muito promissor no Avaí. Cheguei numa Copa São Paulo em 2009 com um dos melhores elencos da base do Avaí e sabíamos que dava para ir longe. Fomos semifinalistas, acabamos perdendo para o Corinthians, mas foi histórico. E fui um dos destaques. Cheguei ao profissional, o que me marcou foi um Avaí x Figueirense pelo time B dentro do Orlando Scarpelli em que ganhamos por 2 a 0 e fui um dos destaques, ainda em 2009, então começaram a me ver diferente. Em 2010 comecei a jogar na pré-temporada, joguei três jogos do Catarinense e fui bem. Ali começou, depois joguei as finais entre Joinville x Avaí e a gente foi campeão na Ressacada. Foi uma coisa muito rápida.”
Em 2011 você é vendido ao Corinthians com apenas 20 anos. Foram três jogos e muita frustração. Como considera esse período?
“Foi uma experiência boa e ruim. Eu acreditava que poderia ter sequência, um ano bom, jogando. Cheguei no Corinthians e não fui jogar direto, o Julio Cesar estava bem, saiu apenas por lesão, aí joguei três jogos, mas não foi o esperado, a equipe teve queda de rendimento, vinha há 11 jogos sem perder. Todo lado tem um aprendizado, a gente amadurece a cada dia, não esperava acabar em terceiro ou quarto goleiro, mas sim jogando. Acho que as pessoas aproveitaram melhor a oportunidade (Danilo Fernandes e Julio Cesar). Fomos campeões brasileiros, não me arrependo de nada, mas foi um aprendizado muito grande. Eu não correspondi ao que todos esperavam: torcida, imprensa e clube.”
Depois do título brasileiro você é descartado e passa por vários empréstimos até o fim do contrato, em 2016 (Vitória, Estoril-POR, Guarani, Botafogo-SP, Bragantino, Caxias e Tigres-RJ). Afinal, o que deu errado?
“Não posso reclamar nada do Corinthians, que sempre honrou e me deu respaldo – só no último ano que tivemos um desentendimento, mas faz parte. Aprendi muito. No empréstimo para o Vitória, entrei numa crescente muito boa e tinha grandes chances de ir para as Olimpíadas de Londres de 2012. O treinador era o Toninho Cerezo, e eu estava jogando quase como um líbero, estava muito bem, mas tive uma lesão faltando 60 dias para os Jogos de Londres, rompi o ligamento cruzado posterior do joelho esquerdo. Voltei em 30 dias, mas não deu tempo. Isso me abalou um pouco, tinha o projeto de jogar as Olimpíadas e já procurar um futuro na Europa, mas infelizmente não aconteceu e não consegui retomar ao time titular do Vitória, isso me abalou bastante. Eu estava num momento muito bom antes da lesão.”
Isso te abalou psicologicamente a ponto de prejudicar o seu desempenho dali para frente?
“Nunca me abalei psicologicamente, sempre tive a minha família do lado. Minha esposa, minha mãe, meus pais, empresários. Acredito que eu deveria ter mudado minhas escolhas em relação a times. Eu podia ter ido para um time de menor expressão para ter uma sequência. Um dos meus erros foi sair do Vitória e ir para o Estoril do Portugal, onde não tive oportunidades. Foi um dos grandes erros da carreira. Pessoalmente foi uma experiência maravilhosa, convivi com outro povo, mas eu voltaria atrás, não teria ido para a Europa em 2012.”