Na sua segunda passagem como presidente do Esporte Clube Vitória, Paulo Carneiro completou um ano à frente do clube. O mandatário presidiu o Leão entre 1991 a 2005, e retornou em abril de 2019 com mandato até dezembro de 2022. Na temporada passada, o principal objetivo era retornar à Série A do Brasileiro, porém, o Rubro-Negro passou 15 rodadas da Série B na zona de rebaixamento, reagiu no final e escapou da queda com uma de antecedência, terminando em 12º lugar. Em entrevista ao Jornal Correio, Paulo Carneiro falou sobre os desafios nesse momento de pandemia pelo coronavírus (covid-19).
“O desafio é você estar dentro de uma atividade esportiva que só os funcionários no clube e os atletas treinando não é suficiente, porque a indústria do futebol não é administrada no Brasil pelos clubes, como é nos outros países. Essa é uma diferença importante. Nos outros países, os clubes têm suas ligas e administram seu negócio. No Brasil, quem administra a indústria do futebol é a CBF, então a gente tem que trabalhar de braços dados com ela para encontrarmos uma solução para essa indústria, no caso aqui do nosso negócio particular. Não tem muito o que fazer não. É manter os jogadores motivados e não é fácil. A nossa comissão técnica tem conversado diariamente com eles e vamos aguardar o que vai acontecer.”
Correio: Qual foi o seu principal acerto no primeiro ano de gestão?
Paulo Carneiro: “Difícil. Quando você trabalha numa empresa de mão de obra intensiva, têm muitas ações que você toma durante o período que se mostram acertadas e outras não, você corrige, como é o caso da Fonte Nova, que nós tínhamos uma ideia e ela não se configurou como boa na prática e nós recuamos. Voltamos para o Barradão, que é a nossa casa, onde nós sabemos exatamente nossas condições. Agora, se eu disser qual é o principal acerto, acho que no primeiro período de 2019, posso dizer que é a recuperação da autoestima do clube, da confiança dos empregados e atletas, do que eles esperavam da gestão. O Vitória era um clube vencido pela inépcia do que aconteceu em anos passados. Acho que trouxemos de volta para o clube a esperança, a confiança, e acho que esse, talvez, tenha sido o principal acerto.”
Correio: E o principal erro?
Paulo Carneiro: “Não consigo enxergar nenhum erro, não. Nem o da Fonte Nova. A Fonte Nova nós tínhamos uma expectativa muito otimista, mas nós precisávamos ter um crescimento de sócio compatível. A decisão não foi errada ou certa. Infelizmente, a quantidade de sócios não foi a que nós esperávamos para nos garantir sem muito risco, um contrato que se apresentava como de alto risco para nós. Nós arriscamos, não ganhamos em campo, recuamos. Não vi erro nenhum. Até gostaria que me apontassem para eu reconhecer como erro. Erramos nas contratações. Pode ser. Talvez. Mas nós não tínhamos recurso nenhum, né? Encontramos um elenco absolutamente desqualificado e tentamos recompor. Quando você não tem dinheiro, você compra uma camisa numa loja popular. Quando você já tem um pouquinho mais de dinheiro, já compra uma camisa num shopping. Contratar é a mesma coisa. Se você não tem dinheiro, o nível de contratação é proporcional à capacidade de captação de geração de caixa. É assim que entendo.”
Correio: Quão importante foi vencer o Ba-Vi do Nordestão?
Paulo Carneiro: Pra mim não tem muita importância, não, porque eu já ganho do Bahia há mais de 20 anos. O Bahia pra mim é um rival, mas um adversário como outro qualquer. Nas três primeiras rodadas, a gente enfrentou três times de Série A e nós não perdemos de nenhum deles. Então, deu para balizar, não só o jogo do Bahia, como também os outros, que tínhamos um elenco bem qualificado. Nós enfrentamos de igual para igual os três adversários e ganhamos do rival na casa deles. É sempre bom. O torcedor deve ter ficado muito satisfeito. Eu, como torcedor, também fiquei, mas a nível de programa, a avaliação nossa não é diferente do jogo do Fortaleza e nem do jogo do Sport.