Copa do Brasil: Altas premiações e algumas amargas frustrações

Vitória é o único representante do futebol baiano na 3ª fase.

A Copa do Brasil, considerada atualmente como “a galinha dos ovos de ouro do futebol brasileiro”, não só por se tratar da competição mais valio$a e intere$$ante da temporada, como, também, pelo seu viés democrático, por ter força e poder de colocar na mesma disputa grandes, médios e medíocres clubes de diversas cidades situadas em todas regiões do país, as quais, não são obrigadas a possuir grandes estádios, para que tenham seus representantes. Os critérios utilizados pela CBF na escolha dos 91 clubes participantes são os seguintes: 1) Os 8 clubes da Conmembol que disputam a Copa Libertadores da América. Todos entram nas oitavas de final. 2)  O Campeão da Copa Verde (Cuiabá), o Campeão da Copa Nordeste (Fortaleza) e o Campeão da Série B que foi o RB Bragantino. Todos estes começando à disputa já nas oitavas de final. 3) Os 10 melhores clubes do Ranking Nacional de Clubes-RCN, excetuando os que já figuram na disputa da Libertadores. 4) Os 70 clubes restantes são definidos através de critérios técnicos dos campeonatos regionais das 27 federações estaduais, obedecendo à quota de clubes que cada entidade tem direito.

 

E é baseado nesses critérios regionais que pode pintar na competição, não só um quase desconhecido e modesto Esporte Clube São Luiz, do longínquo município de Ijuí/RS, Série D ou, os desconhecidos Trem Desportivo Clube ou  o Santos Futebol Clube/AP, ambos, Série D e sediados no estado do Amapá, mais precisamente, na sua que Capital que é Macapá, cidade que tem o marco e o privilégio de servir como divisa dos dois hemisférios, cujos clubes,  mandam seus jogos no estádio Milton de Souza Corrêa, mais conhecido como Zerão, por se tratar do estádio ou um dos estádios mais geográfico e geofísico do globo terrestre. Para quem não sabia, agora fica sabendo que a linha que divide o gramado cobre, literalmente, à imaginária Linha do Equador, ou seja, o gramado está localizado na metade do planeta terra, possibilitando que durante uma partida de futebol, cada time jogue, simultaneamente, tanto no Hemisfério Norte como no Hemisfério Sul.

Mas, deixando de lado às dicas geográficas e geofísicas  e retornando ao tema em pauta, a Copa do Brasil quando era disputada em outro formato – desde a primeira fase, era realizado o jogo de ida e o de volta -, já apresentava muitas surpresas, decepções e frustrações. Após à implantação desse novo formato em vigor, quando a primeira e a segunda fase da competição são decididas em uma única partida, e é aí que, hipoteticamente, entra em ação a velha história bíblica do confronto Davi x Golias: o critério para os jogos da primeira rodada, consiste no fator do time de pequeno porte ou inexpressivo (Davi) enfrentar, em seus domínios, um time de médio ou de grande porte (Golias), com “Davi” tendo que vencer para passar de fase, mas, se perder ou empatar o jogo, será sumariamente eliminado por “Golias”  que seguirá na competição. E não é que logo na primeira fase, “Davi” conseguiu eliminar, sumariamente, três poderosos “Golias’, causando logo os três primeiros vexames e frustrações da competição?

O River do Piauí, Série D,  meteu 1×0 no Bahia, Série A; o Manaus, Série C, enfiou 1×0 no Coritiba, Série A, enquanto que o Brusque/SC, Série C , venceu por 2×1 o Sport, Série A, eliminando-o  bruscamente, da competição. Fora desse contexto de gigantes e nanicos, lamentamos, também, a eliminação do Atlético de Alagoinhas que perdeu em seus domínios de 1×0 para o Botafogo/PB, um resultado que já  era previsível, até porque, o “Carcará” até então, além de ser um neófito na competição, tem um time muito inferior ao time paraibano e, o resultado deixou transparecer que no dia do jogo, a zebra estava ausente do Carneirão e nada pode fazer a favor do time da terra da laranja, ou melhor, da terra da cerveja.

Já nos jogos da segunda fase, a forma permanece a mesma, jogo único, entretanto,  a fórmula para classificação é diferente: o jogo tem que ter um vencedor e, em caso de empate, será decidido nos pênaltis para definir à classificação, mas, quem imaginava que os vexames e frustrações já tinham ficado para trás, se enganou, porque, o confronto “Davi x Golias”, voltou à entrar em cena e provocou estragos técnicos e prejuízos financeiros ao Atlético Mineiro e frustração à sua imensa e fanática torcida, quando o modesto Afogados da Ingazeira que estava submerso nas águas do Rio Pajeú em pleno sertão de Pernambuco, emergiu e resolveu afogar na crise, o Galo Mineiro, empatando de 1×1 no tempo regulamentar e vencendo na disputa de pênaltis, passando para 3ª Fase e se habilitando à embolsar a  maior quantia de sua história, uma quota de premiação no valor de hum milhão e meio de reais, quantia que, se formos levar em consideração, um clube que tem uma folha de pagamento em torno de cem mil reais/mês, é mais do que o suficiente para quitar salários durante um ano, sem contar com às duas quotas recebidas anteriormente.

Por outro lado, o nosso simpático Bahia de Feira, jogando diante do Paraná – que é, indiscutivelmente, um time superior, por ser “cadeira cativa na Série B e que já disputou Série A -, após está vencendo o time paranista, em pleno estádio Durival de Britto, pelo placar 2×0 até aos 46 minutos do segundo tempo, o velho “Tremendão” resolveu dar sorte ao azar, deu uma tremedeira em campo e, em escassos sete minutos, entregou à “rapadura” permitindo à virada do adversário para 3×2 impedindo que a CBF fizesse  na sua conta, a polpuda TED de hum milhão e meio de reais valor que, vamos combinar, abasteceria os cofres do “Tremendão” por muito tempo. Agora, com o início da 3ª fase, inclusive, com um  único representante baiano na parada e com jogos de ida e de volta, só nos resta aguardar às cenas dos próximos capítulos. O Vitória enfrenta o Ceará, com o primeiro jogo na Arena Castelão e o segundo no Barradão.

Como já falei tanto de Copa do Brasil, seria uma injustiça omitir o nome  do seu idealizador e criador. Trata-se do eminente  e saudoso baiano, Antônio Pithon, arquiteto por formação e desportista por vocação. Torcedor e presidente  do Esporte Clube Bahia (1996-1997) competente e dedicado gestor,  exerceu cargos relevantes na esfera do futebol baiano e brasileiro. Antes de presidir o Clube, foi seu diretor de patrimônio, ocasião em que projetou e viabilizou à construção do Fazendão; nos anos oitenta foi presidente da Federação Bahiana de Futebol-FBF e após cumprir seu mandato, foi convidado pela Confederação Brasileira de futebol (CBF) para ocupar uma de suas diretorias, quando lhe veio à ideia de criar em 1989, essa importante e rentável competição, com
maior relevância para os  pequenos clubes  brasileiros como é o caso do Afogados da Ingazeira Futebol Clube e similares.

Portanto, uma competição que já emplacou à sua 32ª edição, completamente consolidada e que no decorrer dessas três décadas,  tem cumprido com o desígnio do seu criador que no dia do seu lançamento, declarou que seria a mais democrática do Brasil. E é!

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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