Em áudio, Argel critica contratações do CSA e chama jogadores de 'cabeça de bagre'

Em áudio, Argel critica contratações do CSA e chama jogadores de ‘cabeça de bagre’

Treinador cita nomes de jogadores no áudio vazado

Foto: Ailton Cruz - Gazeta de Alagoas

Após a derrota do CSA para o Esporte Clube Bahia por 1 a 0 no último sábado na Arena Fonte Nova, um áudio do técnico Argel Fucks vazou e viralizou nas redes sociais, onde o treinador critica reclama da política de contratações do clube alagoano e em tom forte critica o trabalho do ex-técnico Marcelo Cabo, além disso, cita até os nomes de alguns jogadores que estavam abaixo do que ele exige para um elenco de Série A. Foram citados no áudio: Julian Benítez (ex-Olimpia-PAR), Robinho (ex-Fluminense) e Madson (ex-Vasco), gerando um enorme desconforto no clube.

 

O áudio, que somente vazou nesta segunda-feira, foi de uma reunião que aconteceu no dia 16 de agosto, quando um grupo de torcedores do CSA foi ao CT do Mutange cobrar melhores resultados. De acordo com informação do GE, a diretoria foi avisada com antecedência que haveria uma manifestação, fechou o treino e aceitou que o grupo entrasse no clube. Os torcedores conversaram com o técnico Argel Fucks, o diretor executivo de futebol, Fabiano Melo, e alguns jogadores.

Veja abaixo trechos da conversa publicados em matéria no site Globoesporte:

– O Campeonato Brasileiro é difícil, o salário em dia é obrigação. Eu sei que vocês se acostumaram a ganhar, vocês saíram da Série D, subiram pra C, subiram B, só que a Série A é outro nível. É outro nível, gente. Foi feita muita coisa errada por aqui, se contratou muito jogador cabeça de bagre. Quando a gente veio pra cá, a gente sabia que era difícil, agora ninguém se entregou, não. Eu não sou cara de me entregar. Eu trabalho pra c…. todo dia aqui, por falta de trabalho que não é. “Ah, os caras estão correndo”, os caras tão correndo pra c…, o que falta é qualidade pro nosso time.

Depois de Argel reclamar das contratações, Fabiano pediu para falar, mas ele retrucou o dirigente.

– Fabiano, deixa eu falar, porque eles tão batendo em você e tão batendo em mim, então deixa eu falar. É muito fácil colocar a culpa no treinador, então deixa eu falar, eu tô há cinco jogos aqui… Quando a gente veio pra cá, a gente sabia que era difícil, agora ninguém se entregou, não. Eu não sou cara de me entregar.

O impacto foi grande, até pelas pessoas que foram citadas por Argel. No último domingo mesmo, o departamento de futebol do CSA emitiu nota oficial. Repudiou a vazamento do áudio.

– Nessa conversa, foram debatidas algumas circunstâncias adversas que culminaram a campanha abaixo do esperado no primeiro turno do Campeonato Brasileiro 2019. O encontro foi realizado na sala da direção do clube. Agindo de extrema má fé, algum integrante dessa reunião gravou na íntegra toda conversa. E resolveu viralizar o conteúdo em um momento de derrota, simplesmente com intuito de tumultuar. O CSA repudia essa atitude, uma vez que recebeu a todos e ouviu cada uma das reivindicações – diz o início da nota.

Em outra parte do áudio, Argel fala sobre problemas estruturais do clube.

– O CSA não tem essa estrutura toda que vocês acham que tem, não. Vamos ali dar uma volta no campo… Vocês viram onde eu tive que treinar hoje? Eu tive que fazer uma área, um clube da Série A fazer uma área de fita. Nós não temos campo, porque tá chovendo pra c… aqui. Estamos na Série A, é diferente. Sabe porquê é diferente? O Grêmio vem de voo fretado. Aluga um avião pra vir jogar com a gente, os caras pagam 200 paus pra vir. Então, nós estamos numa realidade diferente.

No áudio vazado, Fabiano Melo também diz que a diferença financeira entre os clubes é complicada na Série A. Ele revela ainda o valor da folha do CSA.

– Do Alagoano pra cá, a nossa folha é de 1 milhão e meio (de reais). Você acha que com esse valor a gente consegue montar um grupo para a Série A? A folha dos caras é R$ 12 milhões, R$ 14 milhões, R$ 4 milhões e 800 mil do Fortaleza – argumentou o dirigente.

Argel também faz críticas ao paraguaio Julian Benítez e a Robinho, que foram para o Vila Nova, clube que contratou Marcelo Cabo, o ex-técnico do CSA. Sobrou também para Cabo e Madson, meia que ainda está no elenco do time alagoano.

– Dos jogadores que estavam aqui, o seu Benitez não tem condição nenhuma de jogar na Série A. Nem o baba que nós fizemos aqui, só dos véio, ele consegue jogar. Não tem condição. Como Robinho não tem, como “seu” Madson não tem, vocês tão vendo. Então, na montagem do grupo no começo foi errado, essa é a verdade. A responsabilidade é da diretoria, do treinador, do clube. Era do Cabo, agora é minha. O time tava mal fisicamente, o time não treinava de manhã. Como que um time de Série A não treina de manhã, só pra terminar. Nós tivemos uma folga na Copa América… Como é que tu vai dar folga com o time na zona do rebaixamento? Se a gente tivesse aqui, nós não teríamos folga, nós íamos aproveitar isso.

Argel diz aos torcedores que não aproveitou o atacante Manga Escobar por determinação da diretoria. O colombiano já deixou o CSA.

– Eu gostaria de contar com o Manga, tanto que o Manga estava convocado pra esse jogo, tá? (contra o Fluminense). O Manga tava convocado pra esse jogo, e a diretoria me chamou e disse “Argel, o Manga tá fora”, por vários problemas que o Manga teve aqui e vocês sabem. Por causa da noite, por causa da cachaça, por causa que não queria nada com nada, certo? Outra coisa, o contrato dele vence segunda, então, se a gente leva e ele se machuca, fica deitado aí até dezembro, com o clube pagando.

Um torcedor pediu na conversa a Argel para não jogar a toalha. Ele respondeu:

– O dia que o clube pensar isso, o primeiro a ir embora sou eu. No dia que a diretoria pensar “nós já caímos”, eu vou ser o primeiro a sair. Eu não vou ficar trabalhando num time onde a diretoria não acredita. O resultado é ruim? É. Por vários problemas. Por montagem de grupo, por contratação errada, por não se preparar para a Série A, por não ter campo para treinar. Eu cheguei aqui, nós fomos na AABB e não tinha água e nem luz.

Argel também falou sobre os problemas ofensivos do CSA. Disse que fez testes no ataque.

– E eu trouxe o João Vitor, o Alan Costa, o Euller, o Alecsandro. Nós precisamos de no mínimo dois centroavantes pra jogar Série A. O Fortaleza tinha Welligton Paulista e o Kieza no banco. ‘’Ah! Mas não pode jogar com dois centroavantes’’… Gente, nós temos três gols no campeonato (agora tem cinco). Nós temos que tentar qualquer coisa. Eu tentei com o Robinho, não deu, eu tentei com o Cassiano, e não deu, eu tentei com o Gamarra, e não deu, eu tentei com o Maranhão, e não deu. Tem que tentar.

O técnico do CSA também explicou o motivo de exigir treinos pela manhã.

– Outra coisa, estamos num lugar de praia. Num lugar de praia tu tem que botar treino de manhã, porque senão o cara vai pra bar, ele vai dormir até 10 horas da manhã… Agora se tu bota o treino de manhã, o cara vai pensar ‘’car**, se eu sair, amanhã eu não guento’’. E aqui era só treino à tarde – comentou Argel, que completou dois meses no CSA.

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Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com



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