Analisando os perfis dos Presidentes dos nossos dois maiores clubes, eles têm nitidamente a maneira antagônica de Administrar: “Ser Temido ou Ser Respeitado? Eis a Questão”. Quem trabalhou em grandes empresas certamente já conviveu com diferentes tipos de gestores, aqueles que gostam de impor sua autoridade pelo medo, pela agressividade e outros optam conquistar autoridade através da confiança e do respeito, sei que futebol é um pouco diferente e até mais difícil de conquistar resultados, porque envolve paixão, e na verdade ele se torna um Administrador de milhões de pessoas.
Quem vivenciou futebol há mais de 40 anos tem uma exata noção das transformações na maneira de administrar até os dias de hoje, antes tudo era concentrado e centralizado pelo Presidente e o Diretor de Futebol, contratações, dispensas, informações, marketing. Hoje uma diretória é composta por dezenas de pessoas, com responsabilidades diferentes visando alcançar bons resultados e principalmente crescimento do clube, antes existiam muitas falácias, diziam que trabalhava por amor ao clube, que “botavam dinheiro do bolso” (alguns era no bolso), “nunca receberam um real do clube”. Na prática sabíamos que tudo isso era pura hipocrisia. Porém, o mais preocupante disso é que alguns clubes não perceberam essa transformação e ficaram para trás, e apesar de na teoria ter dezenas de pessoas trabalhando na sua Diretoria, eles não passam de peças decorativas, continuam centralizando todas as decisões, não dão espaço a outras opiniões.
O Vitória se quiser crescer precisa entender que aquela maneira antiga de administrar, dirigente interferir no trabalho de treinadores e jogadores é coisa do passado, expor deficiência do grupo através de áudio, enquanto o time joga um futebol de plebeu flertando a terceira divisão, ele não perde a soberba diz que o preparo físico dos jogadores pode ser comparado ao futebol europeu, afastar jogadores por falhas gera insegurança principalmente para os mais jovens, esse resultado pífio em campo além da falta de qualidade técnica é o reflexo disso, quem deve conversar sobre falhas de jogadores é seu técnico, ele tem obrigação de apoiar seu atleta dar bronca quando necessário, só assim ganhará a confiança do grupo, o clube hoje vive uma situação financeira terrível com salários atrasados, esse regime militar implantado no clube resultará no descontentamento desses atletas propagando a outros que possam vir.
Hoje acho que o Vitória lutará muito mais para permanecer na Segunda Divisão do que para tentar subir, porque o clube vive uma falsa democracia, nenhum presidente que foi eleito sem o apoio dos caciques que se acham donos do clube não pode trabalhar se não gozarem da simpatia deles, e todos eles saíram antes do término do mandato, acho grande injustiça parte imprensa imputar nas costas de Ivan de Almeida (que ficou pouco tempo) e Ricardo David que saiu antes do final do mandato todos os problemas do clube, aliás, parabenizo essa imprensa que tem tido paciência de Monge Tibetano com Paulo Carneiro, coisa que não tiveram com Fernando Schimdt, que pegou o Bahia com uma divida astronômica, sem um real na conta e salários atrasados, disputando uma competição infinitamente mais difícil que é a primeira divisão, e os irresponsáveis pela quase destruição do Bahia não têm seus nomes citados por eles. Felizmente o gigante que estava adormecido começa aos poucos despertar graças à verdadeira Democracia e transparência implantada no clube que começou com Ratis, Schimdt, Marcelo Sant’Ana, Bellintani, e hoje temos certeza podemos até ter presidentes incompetentes, jamais desonestos.
Além do Vitória, no Brasil alguns clubes grades do futebol brasileiro ainda não perceberam esta mudança. Citaremos só os gigantes do Rio para não alongarmos o assunto. Fluminense, Botafogo, Vasco e Flamengo demoram a perceber a maneira moderna de administrar, a incompetência e centralização de poder dos dirigentes desses clubes foram tamanhas que diminuíram o tamanho e a importância que os representavam no cenário nacional. Vale ressaltar que no Flamengo, Eduardo Bandeira pegou o clube destroçado, humilhado e teve muito trabalho para devolver a dignidade do clube. Hoje o atual presidente pode fazer grandes investimentos à altura do clube, enquanto Botafogo, Fluminense e Vasco não tiveram esta sorte.
O Vasco do saudoso Eurico Miranda foi mais além, apesar de já estar com o pé na cova o que infelizmente aconteceu, ele tentou uma cartada maquiavélica para que sua família continuasse no controle do clube eternamente. Na sua última gestão ele fez um acordo com as principais torcidas organizadas do clube para controlá-las, naturalmente ingressos, e anunciava o crescimento de mais de mil sócios do clube com direito a voto, fato comemorado pelos seus parceiros.
Depois foi dificultado ser sócios com direito a voto, permitido só para assistir os jogos, os problemas vividos em campo pelo clube ele transferia para imprensa, mas, quando houve a eleição a oposição descobriu que esses novos sócios na verdade eram pessoas ligadas diretamente a ele, seus amigos ou pessoas que com ele trabalhavam só para votarem nele, nunca pagaram mensalidades, mas contavam como adimplentes muitos nem torcedores do Vasco era. Com isso, a oposição entrou na justiça, fazendo que esses novos sócios votassem em urnas separadas, posteriormente a justiça reconheceu a fraude e anulou os votos dessa urna que garantia a eleição de Eurico. Espero que o Vitória se modernize de fato seus estatutos, com os nossos dois clubes modernos o nosso futebol crescerá junto, aí jamais veremos esse efeito DÉJÁ VU NO NOSSO FUTEBOL.
Jorge Machado, torcedor do Bahia, amigo e colaborador do Futebol Bahiano.