Ainda vivendo já um longo período turbulento administrativamente, fato que seguramente reflete negativamente em todos os setores do clube, especialmente no futebol onde atravessa uma das piores fases dos últimos anos, o Esporte Clube Vitória foi busca na antecipação das eleições, o remédio para recolocar o clube nos trilhos, encontra um prumo e rumo para se inserir novamente em uma posição destaque no cenário nacional.
O pleito rubro-negro contará com cinco candidatos, sendo que os ex-presidentes Raimundo Dia Viana e Paulo Roberto de Souza Carneiro devem brigar pela preferência dos sócios do clube. Porém, pelo que se tem lido e pelas primeiras impressões ainda que superficiais do torcedor rubro-negro, o ex-presidente Paulo Carneiro deve vencer as eleições com uma expressiva margem de voto e ainda no primeiro turno.
Vale lembrar que primeiro turno das eleições será no dia 24 de abril. Terão direito a voto 2.746 sócios com 18 meses ininterruptos de associação. Se nenhum dos candidatos à presidência tiver obtido mais de 50% dos votos válidos, a decisão vai para segundo turno com data prevista dia 1º de maio.
Em entrevista concedida aos jornalistas Rafael Teles e Alex Torres do Jornal A TARDE, Raimundo Viana comentou suas expectativas e avanços nos 18 meses do qual governou do passado no passado recente, no entanto, pareceu ainda não conhecer a real situação do Leão, talvez por isto, a entrevista foi um grande bate papo sem que qualquer proposta fosse apresentada.
Veja a entrevista
Qual sua maior motivação para voltar a ser presidente?
A motivação é atender à expectativa da torcida. Por onde eu tenho passado é frequente o apelo: ‘Volta, presidente. Você tem que voltar’. De tanto sofrer essa pressão, achei que seria razoável não frustrar essa expectativa.
Por que o sócio deve votar em você?
Para ver o complemento de um trabalho. Fizemos muita coisa, inclusive a restauração plena da autoestima do torcedor. Foi na nossa gestão que a gente pegou o clube na Segunda Divisão, jogamos na Primeira, mantivemos na Primeira e, ao entregar o clube, ele era motivo de orgulho nacional.
Em sua passagem pela presidência, o Vitória abriu mão de atletas da base para trazer jogadores mais consagrados. O que você pensa disso hoje?
O mundo da bola é todo especial. Eu tenho com a base uma relação de amor, de grande paixão. Eu acho o seguinte, para que um clube de futebol sobreviva, ele precisa basicamente de três coisas: uma grande estrutura de base, uma arena e uma grande estrutura de marketing. Com relação à base, especificamente, eu acho que um time não pode sobreviver sem usar pelo menos 30% da base no plantel principal. Os primeiros destinos da base têm que ser o time profissional.
Como você avalia a situação financeira do clube, e como recuperar isso?
Vamos tirar leite de pedra. Dizem por aí que o que o Vitória enfrenta é de grande gravidade. Mas vamos ver, onde houver possibilidade de entrar receita para o clube nós vamos buscar. (…) Nossa intenção nessa parte financeira é buscar o legado que eu deixei com os parceiros. Quando saí da presidência, deixei um legado financeiro em caixa. Sabemos da necessidade financeira do Vitória hoje, e sabemos onde prospectá-las.
Você tem novos planos para o Barradão?
Não adianta você pensar em construir um prédio se você não tem base. O Vitória não tinha um campo de treinamento, tinha só o Barradão. Pois bem, nós deixamos seis campos de treinamento. Mas coisas a fazer sempre há. Eu sou um ambicioso, sou muito invejoso. Quando viajava por aí com o Vitória, chegava nessas arenas aí, eu olhava e pensava: ‘Será que o Vitória um dia vai ter isso?’. Eu olhava tudo isso, e nada disso saiu da minha cabeça.
E a Fonte Nova?
O Vitória não é um sem teto, nós nos damos ao luxo de ter nossa casa própria, que é nosso CEP, nosso endereço. Mas temos também a casa de veraneio. Aliás, o primeiro gol da nova Arena é do Rubro-Negro, foi Cajá que fez. E eu vou exigir, se chegar à presidência, que coloque a placa lá. Não tenha dúvida nenhuma [que o Vitória vai jogar na Arena], nós vamos atender sempre à expectativa do torcedor. Jogos marcados para a noite, chovendo, por que não fazer na Fonte Nova?
Você apostava na Via Expressa para atrair o torcedor ao estádio. Ela já funciona, mas a média de público continua baixa. Como resolver isso?
Você não tem um projeto que por si só resolva tudo. Ao lado da Via Expressa nós também reivindicamos a construção de uma praça de convivência, e também uma estação de transbordo, onde os ônibus deixem o torcedor e fiquem esperando o fim do jogo. (…) Toda parte de viabilidade, de transporte, a gente tentou melhorar. O fato de não ter chegado o público é justamente o interesse pelo time. A situação do time hoje não é um atrativo para que a pessoa se desloque. A nossa gestão quer resgatar isso.
Qual será a atenção para os outros esportes?
O basquete é uma coisa da qual eu me orgulho muito. Durante a campanha, nós fomos buscar, entender como seria custeado o basquete. Levamos esse projeto para uma empresa que se disponibilizou a ajudar o basquete. Acredito que dez, 15 dias depois do dia 24, se Deus permitir que a gente ganhe, o basquete já pode estar de volta ao Vitória. (…) Eu sou torcedor, e se eu acho que algumas coisas devem ser feitas para atender o orgulho do torcedor, por que não fazer? Fundamentalmente, o futebol feminino também faz parte de nosso projeto.
Quem vencer vai assumir o time às vésperas da estreia na Série B. O que precisa ser mudado de imediato?
Esse é o grande desafio. Nós saímos de uma batalha terrível, que foi antecipar as eleições. Conseguimos, e agora já tem eleição. E, felizmente, nós vamos ter oito jogos. Depois, uma interrupção de 30 dias para a Copa América. Um tempo maior que você tem para ajustar algumas coisas. Precisamos fazer com que as pessoas que estão lá rendam mais. Contatos estão sendo feitos com outros jogadores, te garanto que três, quatro dias depois, vão chegar alguns reforços de peso.
Pretende manter o técnico Cláudio Tencati?
O mercado está aí, os times já estão arrumados ou concluindo as arrumações para Série A e B. O que fazer? onde buscar isso? Nós temos contatos com o mercado, estamos olhando com os olhos de lupa, até porque, se fosse o ideal, a gente sabia exatamente quem trazer, mas o ideal nem sempre é possível.
Como controlar a guerra política na Toca do Leão?
Quando eu assumi a presidência do Vitória, preguei que iria fazer de tudo para estabelecer uma convivência harmoniosa entre os vários pensamentos e segmentos do clube. Agora mesmo, eu fiz de tudo para uma chapa única, esperei até o último minuto, mas não encontrei ressonância.
Os presidentes eleitos democraticamente não conseguiram terminar seus mandatos. Você acha que esse é o melhor caminho para o Vitória?
Olha que ironia. Um presidente que pegou o time na Segunda Divisão, deixou na Primeira, com dinheiro em caixa, perdeu a eleição. Por que? Eu acho que a democracia é o caminho certo para o Vitória. Ela tem vários defeitos, mas ninguém nunca inventou coisa melhor. A democracia também ensina a gente a votar. De tanto a gente errar, acaba aprendendo.
Manoel Matos, que foi seu vice, hoje apoia Paulo Carneiro. O que você pensa disso?
Manoel Matos não fez tudo sozinho, 90% da equipe continua, só ele que saiu. Esse grupo de lá lançou uma chapa laranja, por que não lançou Manoel Matos como presidente? Será que existe essa confiança mesmo do lado de lá? Meu projeto é para o Vitória, não é um projeto de poder.