Ricardo David fala sobre dívida do Vitória S/A, déficit, PROFUT e gestões

Ricardo David fala sobre dívida do Vitória S/A, déficit, PROFUT e gestões

David falou das irresponsabilidades das gestões anteriores

Ricardo David fala sobre dívida do Vitória S/A, déficit, PROFUT e gestões

Em entrevista recente muito esclarecedora concedida à equipe do GloboEsporte, na Toca do Leão, o presidente do Esporte Clube Vitória, Ricardo David falou sobre diversos temas importantes e de enorme interesse do torcedor rubro-negro, entre eles, um déficit de quase R$ 60 milhões  entre gastos com futebol, renegociação de dívidas com a prefeitura e ações jurídicas (cíveis e trabalhistas) dadas como perdidas.

Os problemas financeiros foram os motivadores da saída ’emergencial’ do meia Cleiton Xavier, dono de um dos maiores salários do elenco, além da provável não renovação da parceria com a instituição de ensino Universo pela manutenção da equipe de basquete no NBB. Ricardo David também falou sobre as irresponsabilidades das gestões anteriores e o pagamento ao PROFUT.

Veja abaixo trechos da entrevista ao Globoesporte:



Déficit financeiro
Acho que isso traz mais transparência. Nós agora conhecemos o clube mais profundamente, e conhecendo o clube mais profundamente, a gente pode planejar ele de uma forma mais realista. Esse balanço traz algumas questões, como, por exemplo, o endividamento tributário do Vitória. Uma renegociação com a prefeitura na gestão passada, que firmou um termo de adesão e parcelamento que traz para o Vitória um endividamento de R$ 19 milhões. Isso o Vitória vem honrando, parcelando é óbvio, e isso interfere em todo o planejamento do clube. Há também adequações, eu diria adequações contábeis, naqueles quesitos referentes a tudo aquilo que o clube investe em atletas. Quando você investe em atletas, quando você investe em atletas da formação, da base, por exemplo, é preciso que esses valores investidos, eles sejam diluídos ao longo do período. No balanço passado, isso não existe lá. Isso estava mostrando no Vitória um ativo, como se diz, um ativo muito inflado. O Vitória muito bem ativo, quando na verdade esses valores já deveriam estar sendo diluídos. Isso passa a integrar esse valor, ele sai do ativo do clube e passa já a integrar o quadro de despesas a serem diluídos ao longo do tempo. Outra coisa é o contingenciamento jurídico do clube. Um clube do porte do Vitória precisa saber quais são as questões que estão dentro da justiça sendo julgadas, que tem probabilidade de ser executadas. Fizemos uma análise detalhada de todos os processos jurídicos em que o Vitória está envolvido, nas questões cíveis ou trabalhistas, e chegamos à conclusão de que existe algo em torno de R$ 20 milhões, com probabilidades e evidências de que o Vitória venha a perder essas questões, e isso tem que ser provisionado. O gestor que aqui está tem que estar preparado para isso. Ele tem que estar, porque senão não vai haver um planejamento, por exemplo, de investimento no elenco. Imagine que eu tenha um planejamento de investir R$ 5 milhões no elenco do Vitória agora no segundo semestre. Eu tenho que saber que eu posso não ter esse dinheiro que está previsto, porque eu tenho esse contingenciamento jurídico. Uma causa dessa o tribunal pode dar, tem aquela que a gente não pode mais recorrer, pode vir a executar… E o Vitória tenha que pagar. Então o Vitória tem que ter outro planejamento, inclusive para o futebol. Não é que isso vai acontecer, não é? A gente sabe disso. Mas é importante que nós tenhamos o conhecimento. Acho que isso mostra… Eu dei três casos que a gente tem, não é? Parte tributária, a parte de investimento que fazemos em atletas e a parte jurídica. Diria que são os três pontos principais que impactaram nosso balanço.

Dívida do Vitória S/A
O Vitória, na verdade, já assume isso do Vitória S/A. A parte mais dura o Vitória já pegou que é o pagamento delas. Nós estamos honrando mensalmente. O Vitória já faz isso. O que nós temos ainda são parcelas que estão no balanço. Algo que sugere, aliás, sugere não, o Vitória faz um empréstimo ao Vitória S/A, fazia as tratativas ao longo desse ano, e provavelmente será corrigido esse item no próximo balanço de 2018. Mas para ser objetivo: O Vitória já paga. Já sai do bolso, do caixa do Vitória o pagamento desse endividamento com o Vitória S/A.

Futebol: gastos da gestão passada foram irresponsáveis?
Eu não usaria isso. Eu não utilizaria a palavra irresponsável. Eu diria que assim: se você pegar o que gastou com futebol em 2016, o que gastou em 2017, foi mais que o dobro. Falamos aí de R$ 23 milhões a R$ 47 milhões. Aí você pode pensar o seguinte: “Poxa, aí também dobramos, mas dobramos o desempenho do Vitória”. Não foi. Em 2016, acabamos o campeonato em 16°, e em 2017 a mesma coisa. Contratamos muito no início do ano passado e fizemos muitas rescisões. Temos aqui internamente um jargão que diz que o Vitória em 2017 montou dois elencos. Isso cobra seu preço. Tem critérios para contratar, tem que ser responsável na hora de contratar, passa pela sua preocupação de você não passar pelo processo de descontratar. Descontratar acontece isso. O prejuízo operacional fica algo em torno de 9 milhões. É um valor significativo. É mais que o patrocínio máster do Vitória. Por isso a preocupação de ter um planejamento financeiro e você executar de acordo com esse planejamento.

Pagamento ao PROFUT
Foi uma das primeiras coisas que fizemos quando assumimos o Vitória. Porque tomamos conhecimento ali nos dias 15,16, 17 de dezembro, da situação financeira. Seria impossível para o Vitória cumprir isso. Imediatamente fizemos uma reunião, fomos ao Rio de Janeiro, nos reunimos com o diretor geral do PROFUT e externamos a ele essa preocupação que estávamos conduzindo toda essa situação financeira do Vitória com muita responsabilidade; encaramos o PROFUT como um órgão de muita responsabilidade, tem nossa credibilidade, passaríamos a andar esse ano com passos estreitos, e mostrando a eles a responsabilidade que nós conduziríamos as questões financeiras do Vitória. Óbvio que isso está em curso. Ouvimos da autoridade pública, digamos, uma diretriz. É preciso haver uma demonstração de que a direção financeira do clube será dirigida de uma forma mais responsável do que estava sendo feita. Isso é uma coisa que estamos encaminhando, com um envio de dados, mostrando a eles aquilo que nós nos comprometemos. Acredito que teremos da autoridade pública uma contrapartida de algo a enxergar, que o Vitória está adotando as ações e que não haja nenhuma penalização por não termos cumprido isso ano passado.

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Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Baiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com



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