Ademir Ismerim fala sobre projetos e ideias e critica atual gestão da FBF

Um dos concorrentes do atual mandatário da Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, o advogado Ademir Ismerim confirmou a sua candidatura para presidência da entidade. Em entrevista ao Bahia Notícias, Ismerim falou sobre os projetos e ideias que pretende implantar no futebol baiano caso seja eleito e aproveitou para criticar a atual gestão da FBF, principalmente a longevidade de Ednaldo Rodrigues no cargo – que já ocupa há quatro mandatos, ou seja, 16 anos.

“Ele tem o controle e têm sido feitas eleições para renovação da diretoria, que é de quatro em quatro anos, sempre às escondidas. Praticamente nunca teve eleição”, disse.

Confira a entrevista completa:

Por que você quer ser presidente da Federação Bahiana de Futebol?

O futebol é uma coisa que apaixona toda mundo, como diz o poeta Gerônimo “seja tenente ou filho de pescador”. Você envolve todas as classes no futebol. Então, o que a gente tem percebido? É que, por exemplo, o Campeonato Baiano é um desastre. Você tem times muito fracos, Bahia e Vitória há anos-luz de todos os outros e tem, inclusive, praças de esporte deficitárias com campos ruins. Teve até um episódio de falta de energia e o jogo foi interrompido. Isso causa prejuízo tanto para os clubes quanto para a própria entidade que é a Federação e para quem compra os direitos. Então, a ideia era que a gente pudesse democratizar o futebol através de um processo de transparência. Hoje, por exemplo, as ligas vivem de esmolas da Federação. O que pretendemos fazer é criar coordenações regionais e fazer um seminário para que as próprias ligas digam o que é que elas querem. Porque às vezes você recebe um pacote pronto, uma tabela pronta, regras que são estabelecidas sem a participação democrática das ligas. Então, a gente quer trazer essas ligas para mais perto, mas num processo democrático onde você possa discutir e eles próprios decidirem o que vão fazer. Em relação aos clubes de futebol, Bahia e Vitória se administram porque eles estão em outro patamar em arrecadação e nessas coisas todas. Aí é preciso que você incentive os outros clubes menores para eles se desenvolverem, revelar jogadores e isso você só consegue através de um calendário. Você não pode, por exemplo, montar um time para jogar só dois, três meses. Você tem que ter um calendário. Então, tem que se inventar alguma fórmula que eu não sei exatamente qual é, para que a gente possa oferecer calendário a esses times. Você pode fazer inclusive uma ligação entre as ligas e os clubes de futebol, de formatar o que as ligas que revelarem jogador possam ceder para esses clubes profissionais que disputam as séries A e B do campeonato. E aí alguns deles chegariam, passando pelo filtro, até o Bahia e o Vitória e depois até para fora do estado. Então, em linhas gerais, a gente imagina que esse processo de democratização que estamos tentando, se conseguirmos nos eleger, passa necessariamente por aí.

Como surgiu essa ideia da sua candidatura?

Olha, existe um grupo que faz oposição, principalmente de ex-árbitros da Federação, e por algumas pessoas que estão insatisfeitas. Como o atual presidente já está lá há 16 anos, fica muito difícil fazer oposição, porque ele tem o controle e têm sido feitas eleições para renovação da diretoria, que é de quatro em quatro anos, sempre às escondidas. Publicam um editalzinho, que tem obrigação legal, lá num cantinho do jornal, as pessoas dão procuração, fazem por aclamação… Não tem eleição, praticamente nunca teve eleição. E aí nós começamos a reunir e houve um consenso de que eu deveria ser o candidato. Eu não sou candidato de mim mesmo, sou candidato de uma parcela de pessoas ligadas ao esporte que querem modificar o futebol da Bahia.

Como você vê um mandato tão longo de Ednaldo Rodrigues na entidade?

Ele já tem 16 anos como presidente. Ele está no quarto mandato e quer ir para o quinto agora. Houve uma modificação no estatuto no dia 12 de dezembro de 2017, depois que souberam que provavelmente eu seria candidato, fizeram essa modificação para tentar atrapalhar a oposição. Esse estatuto foi registrado em cartório no dia 5 de janeiro de 2018, a lei diz que o estatuto só passa a valer a partir do registro. Como nós temos esse registro em janeiro e modifica regras eleitorais, existe dispositivos constitucional que dizem que para alterar o processo eleitoral, você só pode fazer um ano antes das eleições. Evidente que isso não é uma coisa direcionada para o futebol, mas por simetria, nós vamos propor uma ação judicial no momento que ele publicar qualquer edital para fazer eleição. Nós vamos questionar a mudança do estatuto porque, no meu entender, ele só poderá fazer nos moldes do estatuto anterior, que seriam seis meses de eleição. Então, nós vamos questionar isso na Justiça no momento próprio, assim que ele baixar o edital. E essa longevidade dele se deve justamente à submissão, principalmente das ligas, que não estão nem aí. Inclusive na última eleição, da provável quantidade de votos, que a gente não sabe nem a quantidade de votos, o quórum que reformou o estatuto tinha apenas 37 assinaturas. E 37 assinaturas que a gente não sabe efetivamente de quem são, pode ser por procuração, ninguém sabe… Mas foram 37, que é um número infinitamente menor do que pelo menos metade mais um, que seria um quórum representativo. Eu, particularmente, nunca vi se reformar um estatuto com um quórum tão baixo. Normalmente nas entidades civis, onde a gente circula, a gente sempre tem visto estatutos que são reformados com votos de 2/3, mas como lá existe uma situação em que há uma vontade de se perpetuar no poder, essas manobras são feitas.

Qual seria o seu argumento para convencer os críticos que pedem o fim do estadual?

Eu não vejo nada demais nessa ideia. Eu acho que tudo tem que ser discutido. Tem que ouvir quem é que quer e quais são os caminhos. Esses times que ficam um bocado de tempo sem jogar… Será que a gente não podia montar um torneio entre Bahia, Alagoas, Sergipe, quando eles não estivessem jogando, e transmitir pela TV Federação? Você criar a TV Federação hoje é tão fácil, você transmite até com o celular… Quer dizer, você tem que ter ideias, tem que gerar ideias, tem que começar a se mexer. Por exemplo, você vende o ingresso. Você pode botar publicidade no ingresso e ele ser pago pela publicidade, entendeu? Você tem que ter ideias. Agora não dá para… Eu que vivo em Salvador, evidente tenho muita relação com o interior, mas sou advogado, [então] nós temos um grupo que está pensando tudo isso. Li hoje uma matéria dizendo que o presidente atual nomeou um coordenador do oeste, inclusive copiando ideias nossas, porque ele passou 16 anos e nunca nomeou ninguém. Se nomeia agora é porque ele está ouvindo as ideias nossas e está copiando. Outra coisa: a nível dos clubes que a gente tem discutido, o Bahia e o Vitória, por exemplo, tem diretor de futebol. Eles contratam através do diretor de futebol, essa é a função deles. E até erram, mas acertam mais do que erram. Em função dos orçamentos e dessas coisas todas. Os clubes do interior contratam como? Pela cabeça do presidente. Aí um fulano diz: “o cara está ali, é gente boa, joga bola…”. Então, a Federação poderia ter uma espécie de diretor de futebol que desse assessoria aos clubes menores, para que os clubes menores errassem menos, que pudesse fazer palestras, entendeu? Pegaria um nome que já foi diretor do Vitória ou que já foi diretor do Bahia, um nome tipo Paulo Angioni, para colocar nessa função de assessoria aos clubes. Aí você teria, com essa integração ligas e clubes de A e B, como melhorar um pouco o futebol da Bahia.

Caso você seja eleito presidente da FBF, seria algum desconforto por já ter sido dirigente do Bahia?

Não, por vários motivos. Primeiro, porque não sou candidato a presidente do Bahia, sou candidato a presidente da Federação. Eu fui presidente da comissão eleitoral da OAB (Ordem dos Advogados da Bahia), que é um órgão respeitado, durante três eleições que acontecem de três em três anos, e não tenho nenhuma representação contra mim, não tenho nenhuma queixa de parcialidade. E vou lhe dar dois exemplos concretos. O presidente da Liga Nordeste é Alexi Portela, não é isso? Alexi Portela é Vitória, mas você nunca ouviu falar que Alexi Portela tem interferido em qualquer coisa para prejudicar alguém. Então o fato dele ser Vitória não tira dele a paixão pelo Vitória, mas também não tira dele a honestidade que ele tem demonstrado. E, como último fato, os últimos presidentes da Federação foram Marco Andrade que era Vitória, Antônio Pithon que era Bahia, Virgílio Elísio que era Bahia, e o atual presidente, que dizem que é Vitória. Mas você não tem notícia que nenhum deles tenha favorecido os clubes de coração deles em detrimento da ordem do campeonato. Então, estou muito tranquilo em relação isso. O Vitória é um clube que a gente respeita, sempre tive uma boa relação, na época que eu estava no Bahia, com [Carlos] Falcão, com Alexi, eles são testemunhas da lisura que a gente fez e sempre teve. O que a gente objetiva é o crescimento do futebol da Bahia e também focar um pouco mais na questão do interior, na questão dos clubes menores. O Jequié foi desclassificado do Campeonato Baiano e não joga mais, não tem calendário mais. Então você desmonta o time para só jogar depois. É mais ou menos isso que a gente vai tentar, porque também não posso ficar aqui prometendo o céu, porque o céu é longe, né? O céu é muito longe. São ideias. O que eu pretendo fazer se a gente se eleger logo é um seminário sobre esporte na Bahia. Trazer todo mundo aqui, passar dois dias num hotel discutindo futebol, dando sugestão para ver se a gente consegue melhorar. E vou lhe dizer uma coisa, não tenho pretensão de carreira em Federação. Vou ser candidato porque foi uma decisão do grupo que a gente tem conversado, mas eu me comprometo a não concorrer a uma reeleição. Se eu for eleito será apenas um mandato e, daqui a quatro anos, nós vamos fazer uma verdadeira eleição democrática.

Ainda sobre essa questão de você ser um ex-dirigente do Bahia, acha que isso pode ser usado pelos seus concorrentes na eleição?

Eu acho que isso é de uma pobreza grande, né? Por exemplo, vamos avaliar o Bahia e o Vitória. O Bahia pode não votar em mim, mas não tem condição de votar no atual presidente. A não ser que ele se abstenha e ou que saia com um terceiro candidato aí, porque a diretoria do Bahia hoje faz parte de um processo de reformulação que houve naquela época, inclusive num processo traumático, com a Justiça e essa coisa toda. Então, o Bahia não tem discurso para apoiar o atual presidente. Pode ser até que ele consiga um discurso para não me apoiar, coisa que eu duvido. Eu sempre tive uma relação boa com as pessoas que estão lá, aliás sempre tive uma relação boa com todo mundo, porque sempre fui contra com a forma como se administrava o Bahia, tanto é que, inclusive, eu fiz uma carta ao presidente Marcelo Guimarães na época quando renunciei, dizendo os erros que estavam acontecendo, que é uma coisa que ficou para trás. O Vitória pode ter mais motivos para não me apoiar. Eu não tenho relação com o Vitória, mas tenho tentado com alguns amigos fazer uma relação. Mas o Vitória pode muito bem dizer: “Ele é Bahia e não vou apoiar ele”. Ponto. É um argumento que eu vou ter que aceitar, porque num processo eleitoral a gente não tem o objetivo de atingir 100%. Evidente que eu preferia que o Vitória também me apoiasse, porque eu vou trabalhar para o futebol da Bahia e não é para o Bahia, mas a gente sabe das dificuldades. Cada um tem suas questões internas, a sua política, o que vai acontecer com isso… Não sei exatamente, mas eu não vejo motivo para não. Eu vejo mais motivo para não apoiar o atual, porque ele não tem ideias novas, nunca aconteceu nada… Você tem um patrocínio dos jogos que foram vendidos à emissora de TV que ninguém sabe o valor, porque tem cláusula de confidencialidade. Como é que você admite que está administrando recursos que são destinados a vários clubes e tem cláusula de confidencialidade? Eu não admito isso. Então, se eu me eleger não vai ter cláusula de confidencialidade. Eu vou revelar o que se ganha e saber como é que vai dividir. Inclusive a ideia que nos passam, não sei se é verdade, mas que os clubes daqui, inclusive Bahia e Vitória, ganham infinitamente menos do que times menores do Rio de Janeiro. A questão de premiação, eu tenho que ir lá em Aracaju e perguntar ao presidente da federação de lá como é ele faz, porque um futebol deficitário como aquele diz que dá premiação para o campeão e aqui, no máximo, um abraço e uma medalha, eu acho.

Na última reunião arbitral do Campeonato Baiano, os clubes do interior chegaram a propor que Bahia e Vitória abrissem mão de suas cotas de participação para que fosse repartida entre os clubes do interior. Mas apesar de gigantes aqui na Bahia, no Brasil o poderio financeiro deles está aquém dos maiores clubes de Rio, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul. Os times pequenos desses estados recebem mais do que os gigantes daqui. Como é que você vê isso para fortalecer os times do interior e ao mesmo tempo não diminuir os ganhos de Bahia e Vitória e até aumentar um pouco mais?

Olha, uma das coisas que você tem que ver é aumentar o valor da venda com campeonato. Me parece que o valor é muito baixo, mas não sei, porque é confidencial. Agora, as fofocas que circulam por aí é que o valor é muito baixo. Então, você tem que fazer leilão. Quem dar mais? Eu não sei até quando é que vai o contrato. Eu tenho até falado que a Federação é uma caixa preta em relação a essas informações. Eu não estou aqui colocando que é uma caixa preta da vista da maldade, entendeu? É em relação as informações. Nós não temos informações. Você acredita que quem preside a eleição é o próprio presidente [da FBF]? Então, imagine que eu inscreva a minha chapa e lá tem uma vírgula fora do lugar e a comissão eleitoral vai indeferir minha chapa, mas quem indefere é ele próprio. É essa caixa preta eleitoral de informações que eu estou falando. A gente precisa buscar melhorar a arrecadação, por exemplo. É uma ideia extremamente interessante você dividir a arrecadação sem um Bahia e Vitória, mas eles dois precisam aceitar. Porque afinal de contas eles são os maiores expositores do produto. Agora, você tem outras formas de melhorar arrecadação. Eu ontem ouvi uma história interessante, uma empresa de reciclagem de garrafa pet que troca por ingresso. Então, eles fizeram um convênio com a empresa que recicla essas garrafas e aí tantas garrafas valeria um ingresso… Tem um bocado de coisa para você pensar, mas é preciso pensar com todo mundo junto.

Como você viu o posicionamento da FBF em relação àquela confusão do último clássico Ba-Vi. Desde o decreto do resultado da partida, que saiu na tarde do dia seguinte, sendo que o presidente declarou ao Bahia Notícias que a decisão seria da justiça, até o resultado do julgamento do recurso?

Olhe, há uma confusão muito grande. O Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia (TJD-BA) é um órgão independente. Lá tem representantes da OAB, dos radialistas, a Federação só indica dois. Mas ele deveria, inclusive, funcionar fora do prédio da Federação, porque fica parecendo a mesma coisa e na verdade é um órgão independente. As medidas que foram tomadas, eu não posso opinar muito em relação às questões das punições, até porque eu não acompanhei e não tenho acompanhado, porque esse negócio de ser candidato é uma maluquice, né? Eu que advogo para tanto candidato, nesse momento você fica quase sem tempo. Então, a Federação, no momento que ocorreu o fato, se comportou como sempre, como há 16 anos. Se omitiu. Ela se omitiu e depois foi conversar com A e com B, para depois de tomar uma atitude. Então, ela se comportou como sempre. E é o que a gente espera dela, como um nada! A gente espera nada!

Há muitos anos sempre tivemos somente Bahia e Vitória no cenário nacional do futebol. Somente no ano passado que a Juazeirense conseguiu o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro e conseguiu, por um momento, ficar sob os holofotes. O que você vê acha que precisa mudar para o futebol baiano realmente crescer? 

É aquela proposta de você fortalecer as ligas, de criar coordenações regionais, de fazer uma espécie de união entre as ligas e os clubes para revelar jogadores, de emprestar aos clubes e depois até negociar tanto ganhar dinheiro quanto liga… Tem que interagir. Veja bem, eu não ouvi em nenhum momento que esses clubes (Fluminense de Feira, Jacuipense e Vitória da Conquista, que vão disputar a Série D do Campeonato Brasileiro) fizessem acordos com Bahia e Vitória, que têm muito jogadores e tem uma época que muitos não jogam mesmo. Porque eu acho que não é obrigação da Federação, mas ela podia ter ido ao Bahia e ao Vitória, e dito: “Olhe, vocês têm aí jogadores que não vão usar, que tal emprestar nesse momento para fortalecer e até para botar na vitrine?”. Quer dizer, uma série de coisas que você pode fazer com entendimento quando há boa vontade e não há maldade. Agora, quando você quer que as coisas caminhem para uma situação com o olho grande, a ganância e essas coisas, aí complica, mas a gente espera que com o diálogo a gente possa tirar isso.

Sobre essa questão do campeão baiano só receber um abraço e uma medalhinha como você mesmo falou. Como evoluir isso para que ele receba uma boa premiação?

Você tem que colocar como cláusula em contrato com a emissora de TV. Quem vai pagar é ela. Você vai cobrar ‘X’ e mais ‘X+Y’ que é para premiar. Não tem outra hipótese, pelo menos a curto prazo é assim. A negociação do contrato tem que incluir a premiação do jogador, até porque eles têm mídia. Então, não vejo outra hipótese. Esse é um primeiro passo, mas existem outras formas de você vender mais patrocínios. Agora, você não pode imaginar que vai arrecadar muito dinheiro com o modelo que está aí, não tem a mínima condição, os campos são ruins. Os próprios Bahia e Vitória se prejudicam na preparação, porque eles não enfrentam clubes que têm uma estrutura boa. Aí quando chegam no campeonato nacional é sempre aquele Deus nos acuda. Eu acho que o primeiro ponto é negociar o produto que você tem, inclusive tentar trazer de volta alguns patrocinadores, que muitos já foram embora devido à fraqueza do futebol da Bahia. Você veja bem, nós estamos passando por um período ruim dessas coisas. Eu vou dar um exemplo fora do futebol. Eu li uma notícia que o SBT, que transmite o Carnaval da Bahia há 19 anos, não vai transmitir mais. Por que não vai transmitir mais? Porque não tem audiência. O que é que houve? Caiu. Como é que resolve? Eu não sei, porque não sou carnavalesco. Mas alguma coisa está errada. Então, o que tiver errado, você vai tentar consertar e na Federação tem que ser assim.

E para o futebol feminino, quais são as suas ideias?

Olhe, nós temos conversado com José Maia, do Lusaca, e eu hoje recebi uma notícia que o próprio deputado [Marco Manassés] me passou que o [PFC] Cajazeiras fez um convênio. Vai ser bom, porque o deputado tem uma estrutura boa. Ele é um cara que gosta de futebol. Então, a gente precisa ver que tipo de coisa a gente pode fazer para melhorar o futebol feminino. Mas tem que observar o seguinte, o masculino não está conseguindo. Se você não tem recurso para melhorar o futebol masculino que é a bola-mestra, imagine o resto? E outra coisa: na verdade, os clubes pagam tudo, né? Pagam a Federação. Se você ler o borderô é despesa que não acaba mais nunca. Por exemplo, as ligas não pagam nada, algumas delas recebem ajuda, as esmolas, bolas… Tem gente que vai votar num candidato para mais quatro anos e completar vinte, porque é atencioso, ele bota bola, colete, padrão… Pelo amor de Deus, né? Aí é o tipo da coisa, se eles acharem que deve reeleger, aí é problema deles. A oportunidade foi dada, eu estou botando meu nome. Agora, é como eu digo sempre. Se eu ganhar a eleição, vou tentar mudar e, se eu perder a eleição, ele vai ter que mudar, porque a partir dessa eleição o mundo será diferente para o futebol.

A gente observa muito, entra ano, sai ano e há sempre aquela reclamação sobre as questões estruturais dos estádios. É claro que essa é uma alçada das prefeituras, mas a FBF sempre monitora, observa e aprova, mesmo assim existem reclamações, questões de campo, questões de vestiários, de arquibancada. Como a FBF sob o seu comando, se for eleito, vai trabalhar para ajudar nessa melhoria?

Primeiro é o seguinte: a vistoria que é feita hoje pode ter o auxílio da Polícia Militar, mas a Federação tem que ter alguém para fazer isso, tem que ter alguém do seu quadro. Não se admite que você faça uma vistoria por cima por terceiros, até porque alguém do quadro da Federação que entenda de futebol tem que fazer. Uma das coisas que você tem que correr atrás e já se corre, mas a Federação tem que ir, são atrás dos prefeitos onde tem praça esportiva e ir buscar parceria com o Governo do Estado. Se possível, nesses projetos aí que tem, que o Governo Federal tem um bocado de projeto, né? Que o povo toma dinheiro e tal, e não presta conta, aí depois dá problema. Mas tem que procurar isso. Agora, uma das coisas que eu acho que podem ser feitas é melhorar as praças esportivas. Por exemplo, normalmente, todo estádio é bem localizado, porque foi feito há não sei quantos anos, na época que Lessa era goleiro do Bahia, e hoje ficou centralizado. Por que você não transforma, por exemplo, não é transformar o estádio num shopping center, mas você pode fazer ali um centro comercial na parte externa, entendeu? Ver em que local se cabe esse centro comercial, para pelo menos essa renda do centro comercial sustentar o estádio, e aí você ter menos despesas para o clube. Então, eu acho que uma das coisas que podem ser feitas é isso, mas evidente que tem que buscar o poder público. O poder público tem que entrar nessa parceria. Aquela questão mesmo de sua “Nota é um Show” era muito bom. Eu acho que tem espaço para voltar com aquela coisa, se não igual, parecida, mas tem que tentar também. Foi um período melhor para os clubes. Depois terminou justamente por conta que havia fraude… Eu não me lembro bem não, porque não acompanhei, mas eu sei que aquilo era uma coisa boa. Então, você tem que procurar essas parcerias e ver se consegue transformar os estádios em alguma coisa que possa gerar renda.

Você é um advogado eleitoral com uma carreira consolidada. Caso seja eleito presidente da FBF, acha que vai atrapalhar a sua carreira como advogado? Como imagina que conciliaria isso?

No meu escritório, eu tenho um corpo de advogados que a gente já trabalha há muito tempo e temos ainda muitos parceiros. Por exemplo, eu advogo lá em Goiânia. Tenho um advogado lá que faz algumas coisas, a gente conversa pela internet. Eu digo sempre o seguinte, existem dois sistemas completamente antagônicos capazes de balizar uma administração. OU você é ditador ou é democrata. Eu não sou ditador, porque inclusive, sou preguiçoso para algumas coisas e ditadura cansa, porque você tem que decidir tudo, até o papel higiênico que vai comprar, o ditador tem que decidir e a democracia, você divide tarefas. A filosofia é essa, é dividir tarefas, é você ter representantes. Quando você fala em coordenação de ligas e coordenação de interior, você pode se reunir com três ou quatro, os representantes que venham. Não precisa você ir, você precisa delegar a eles. Dizer: “Bom, você precisa ir ao Oeste. Tem que fazer isso lá em Guanambi”, entendeu? Então, não haverá prejuízo nenhum, até porque, como eu lhe disse que vou ser candidato e se ganhar vou ficar quatro anos sem ser candidato a reeleição, e vou continuar advogando, porque senão quando eu sair da Federação, como nunca roubei e nunca aprendi a roubar até agora e não é agora que vou aprender, vou fazer o que quando sair de lá? Vou ficar desempregado? Não tem condição. Então, vou continuar advogando. Acho que dividir tarefas dá certo, esse é o projeto.

Um terceiro candidato à presidência da FBF, Chico Estrela criticou a sua candidatura ao comando da entidade, dizendo que você não tem um passado no futebol. “Com todo respeito, é um dos maiores advogados do Brasil, mas nunca fez uma tabela de campeonato, nunca foi jogador, nunca chutou uma bola. O que vemos hoje é ele recebendo apoio de ACM Neto, Coronel… Político não pode entrar para gerir o futebol. Quem deve gerir o futebol são pessoas ligadas e que gostam de futebol”. Gostaria que você comentasse essa declaração dele.

Não tem comentário, esse deve ser algum laranja. Não vou entrar na discussão com esse rapaz. Futebol você não vive só porque bateu bola ou foi artilheiro… Tem técnica. Você tem que escrever, redigir. Acho que está faltando isso. Estão pensando que futebol é só botar uma bola. Então não vou comentar, acho que ele é um laranja de alguém.

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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