Ninguém nos vence em Vibração!

Saí da Fonte Nova carregado, nos ombros de um amigo, porque tinha me perdido de meu pai. Faltavam apenas 2 jogos contra o Internacional. O sonho de ver meu time Campeão Brasileiro estava logo ali, bem real, palpável, e depois daquela virada histórica em cima daquele grande Fluminense, nem Taffarel seguraria a gente.

Foi sofrido, passei mal na arquibancada da torcida mista, atrás do gol da ladeira, onde a gente assistia aos jogos com os amigos de meu pai. Não sei se foi o efeito da limonada gelada de latão, ou ainda aquela passarinha esturricada. Ao menos o empate saiu, no finzinho, com gol daquele reserva camisa 15 de nome esquisito, Raudinei. Ficamos com o título.

Cinco anos depois, meu amigo Isnard Pedreira, me disse: “rapaz, fui numa vidente e ela falou que o Bahia vai ficar 10 anos sem ganhar um título”. Ri da cara dele e falei: “Nem baiano? Tá maluco? Como é que pode? Vamos ao Tri ano que vem. Tá doido, maluco?.” Bem…

Eis que me pego, em plena Fonte Nova, vibrando com um carrinho do volante Elias, no meio de campo, contra um time chamado Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa. Eu, meu broder Alann Malaquias, e mais 25000 apaixonados, tomamos um sol desgraçado na cabeça para curtir um 4×3 em cima dos cearenses. Mas o que chamou a atenção ali, foi um tal de Moré. Com esse nome o Bahia tinha de tomar gol dele. E como era de praxe, era só esperar a contratação dele no ano seguinte. Era o fundo do poço, a “Cerei C” do Brasileiro…

Veio então a comemoração de um gol aos 50 minutos, de outro carinha que saiu do banco pra mudar a história daquele Bahia em crise. Uma festa da porra na cidade, um carnaval, por uma classificação para as oitavas de final de uma terceira divisão, vencendo o Fast do Amazonas, com 2 a mais em campo. Foi legal, mas hoje envergonha demais. Depois daquilo, subimos. E veio outra coisa pra se envergonhar, após uma comemoração. Perdemos 7 companheiros de arquibancadas que saíram da vida para entrar pra história do clube. Márcia Santos Cruz, Jadson Celestino Araújo Silva, Milena Vasquez Palmeira, Djalma Lima Santos, Anísio Marques Neto, Nidia Andrade Santos e Joselito Lima Jr. Nossas 7 estrelas no céu jamais serão esquecidas.

Quatro anos depois cantávamos o famoso “Pai Nosso Tricolor” antes das partidas, em PituAço. Uma declaração de fé e amor ao clube que golearia a Portuguesa por 3×0 e colocaria um fim num inferno astral da sua “década esquecível”. Confesso que vibrei mais com o gol do zagueiro Nem, símbolo da garra daquele time que deixou a vergonha para trás. No fim do ano a oposição tentou destituir o presidente no momento de maior alegria da década. Uma burrice que não poderia contar com o apoio da Torcida. Erraram feio e perderam.

Três anos depois os problemas apareceram. Protestei daqui, meu irmão Vinicius protestou de lá da Embaixada de São Paulo. A Torcida voltou a se unir, a oposição agiu certo. Prefeito, governador, presidente da República, todos juntos para derrubar quem estava fazendo muito mal ao Bahia. Veio a intervenção. Ele caiu.

O tempo passa e voltamos a ficar perto na Zona de Classificação da Libertadores. Já com meu filho, Thor Cerqueira, de 3 anos cantando “59 é nosso, 88 também” nas arquibancadas da Arena Fonte Nova, vencemos Corinthians, Santos, Grêmio… uma pena que os jogadores deixaram escorrer entre os dedos a chance de colocar novamente nosso clube na competição internacional. Batemos na trave. Seria uma justa homenagem a Torcida com a 4ª MAIOR MÉDIA DE PÚBLICO EM ESTÁDIO, mesmo com o Brasil em crise. Seria histórico e coroaria uma boa fase do time, mas ela não veio. Agora é jogar bem contra o São Paulo, num amistoso de 1 real, no Morumbi.

Bora Baêa Minha Porra! Foi um ano massa. Complicado, sofrido, com altos, baixos, gordo, tetra, treta, Preto,Carpe Diem, estagiários verdes que viraram heróis em 6 meses, pipoqueiros, guerreiros, triunfos, derrotas, esperanças, título, frustrações, erros, acertos e ainda teremos eleições. Enfim, foi um ano com a cara do Bahia!

Avante, Esquadrão!

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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