Hernane nunca foi Brastemp. Estatísticas são falhas

Hernane nunca foi Brastemp. Estatísticas são falhas

Foto: Felipe Oliveira

Li o texto de Lourival Leal (aqui) que faz severa criticas ao atacante Hernane, mas só agora, e como o tema me interessa, emito minha opinião. Concordo com ele, Hernane nunca foi uma Brastemp. Sou um torcedor ultrapassado, portanto minha avaliação de um jogador começa pelo seu “passe” no campo e pelo resultado de seu confronto direto com o adversário.

Um grupo de jogadores só pode formar um time no campo se houver LIGAÇÕES entre eles durante o jogo, e esta ligação é feita apenas e somente apenas pela “passagem” da bola de um jogador para seu companheiro, quando há erro no “passe”, a jogada acaba; quando um jogador se confronta com um adversário e não o vence, também acaba a “jogada”.

Todas as outras qualidades do jogador, eu só examino depois de, na minha avaliação, ele passar bem nestes dois requisitos. No Bahia, Hernane não é aprovado nestes requisitos. Ah. ele ajudou o Bahia? Claro, ele estava jogando!!! Kieza ajudou mais do que ele em 2015, e eu não quero Kieza no Bahia, pelo que ele mostrou no campo no ano passado no ECV.

Estatísticas já feitas por “especialistas” 

Quanto aos que pretendem avaliar jogadores a partir de estatísticas, eu tenho a impressão de que eles não assistem de fato aos jogos; devem ser da geração que, tudo o que faz, faz acompanhando outras coisas via celular, tablets e etc.; eles devem acompanhar os jogos procurando, ao mesmo tempo, as informações sobre outros jogos e as estatísticas já feitas por “especialistas” (sic) durante os jogos a que eles assistem.

Antes de tudo, quando se trata de estatísticas, somar campeonatos regionais com os nacionais é forçar muito a “barra”. Além disso, as estatísticas só levam em consideração o que pode ser quantificado e, no caso das empregadas nas TV, as ações bem-sucedidas: quantos dribles foram dados por fulano, mas não quantos dribles tentados por ele foram frustrados. Mas este não é o problema principal: a estatística lida e só pode lidar com as quantidades, e quantidade não é sempre um bom critério para avaliar a qualidade.

Por isso muitos encontros marcados pela Internet são decepcionantes: uma moça pode ter exatamente as mesmas “metragens” e tipos de olhos, boca, nariz, orelha e cabelo de Angelina Jolie, entretanto quando se vê a moça ao vivo e em cores ela parece ter saído do Circo de Horrores ( vejam: a moça não mentiu quanto às suas características físicas!!!).

Dois jogadores podem ter o mesmo quadro estatístico positivo e eles podem apresentar o seguinte perfil: os dois serem ruins; os dois serem bons; um ser ruim e outro bom. Talvez por isso que, por tomar as estatísticas de times e, sobretudo as de jogadores como principal metro, nestes dois anos aqui no blog, se tenha errado tanto na avaliação do time concreto do Bahia e do desempenho concreto de seus jogadores.

No ano passado, os arquivos estão aí, as estatísticas lidas dos jogadores e do time no campo eram sucessivamente apresentadas aqui, enquanto o ECB rastejava como verme na competição. Graças a Deus, MS levou em conta o mundo real e não o mundo produzido pelas estatísticas, que é necessariamente um mundo artificial e ALTAMENTE seletivo por causa das variáveis que se decide medir.

Que técnicos e diretores usem a estatística como uma de suas referências para contratação é mais do que compreensível, mas os torcedores que assistem a todos ou quase todos os jogos de seu clube avaliarem os jogadores e seu time por estatísticas é algo que não consigo entender, inclusive porque os torcedores costumam acompanhar os jogos de seu time carregados pela emoção: um misto de ansiedade, raiva, alegria, apreensão e angústia. Deve ser coisa da modernidade, torcedores que, durante o jogo de seu time, conseguem manter toda a lucidez necessária para se fazer a estatística precisa do jogo…

Hoje eu assistirei mais uma vez ao jogo do Bahia. Não sei se ele vai jogar bonito ou feio, mas sei que sei que ele vai me emocionar e, enquanto o jogo estiver sendo jogado, conseguirei enxergar, sobretudo isto: o jogo que está sendo jogado. E se há algo que nenhuma estatística pode medir é o papel concreto de cada jogador.

P.S. E já que se gosta tanto de estatística, lembremos-nos de que ela não autoriza ninguém a concluir que “melhor do que” é igual a “bom”.

Dinensen, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Baiano.

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Autor(a)

Redação Futebol Baiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com



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