O Esporte Clube Bahia ainda é dono da sua casa?

Historicamente, o Bahia era conhecido como um time muito difícil de ser batido em seus domínios, pois os jogadores se enchiam de brio e superavam suas deficiências com muita garra e vontade de vencer, não importava quem estava do outro lado, o Bahia partia para cima e fazia valer seu mando, não existia jogos perdidos, em vários momentos o triunfo ou o resultado desejado veio após os 40 minutos do segundo tempo.

Nossa torcida também sempre foi respeitada e temida pelos adversários, todos sabiam que enfrentariam na Fonte não somente os 11 jogadores do Esquadrão, também lutariam contra uma multidão de vibrantes apaixonados  que sabiam como pouco incentivar e levantar o time nos momentos difíceis.

Infelizmente, este cenário vem mudando, o Bahia já não assusta quando joga em casa, nossa torcida poucas vezes nos últimos anos fez seu papel e segurou as pontas quando o time precisou. Nossos jogadores jogam em casa inseguros, sem confiança e perdem jogos que teríamos todas as condições de vencer e alcançar as metas desejadas. Nossa torcida, cada vez em menor número no estádio, parece que desaprendeu a torcer. Sinto falta daquele entrosamento time-torcida de 1985, quando com um time limitado, mas com uma torcida vibrante e apaixonada que levava o time no ritmo da magia das palmas, fomos os melhores da primeira fase do Brasileirão. 


Este é o tipo de post que me incomoda muito escrever, contudo esta reflexão se faz necessária para tentarmos aprender com nossos erros, causas em comum devem existir na sequência de jogos que descreverei nesta série de Post sobre o desempenho do Bahia quando joga em casa. A pergunta central é por que na hora de decidir estamos falhando tanto dentro dos nosso domínios? Por que na hora do vamos ver incorporamos o amarelo ao tricolor ?

Este primeiro post,  traz uma série de jogos realizados entre 97 e 2004. Nesses jogos, o Bahia enfrentou adversários sem a nossa tradição no futebol brasileiro e fracassou em momentos cruciais.

Vamos começar nossa fatídica história em 1997, ano da nossa primeira queda, o Bahia jogava por um simples triunfo contra o Juventude/RS na última rodada da Série A, ganhando se safava do rebaixamento. O que vimos foi um duelo particular entre Lima, O Canhão do Fazendão, contra Emerson Ferreti, com o último levando vantagem. Pessoalmente, este é um jogo marcante, pois foi o último que assisti na Fonte antes de me mudar para Brasília. Lembro que o jogo foi num sábado à noite, eu estava na Ilha de Itaparica, mais precisamente em Coroa, comendo água com meu saudoso Tio Bira, e sob protestos do mesmo, peguei o Ferry e fui para a Fonte. Quando o jogo acabou, fiquei uns 10 minutos olhando para o campo sem querer acreditar no que tinha acontecido. Depois saí com um colega e fomos para a casa de um amigo, na época Flu de Feira, hoje pombo sujo, cheguei em casa 3:00 da manhã, muito puto da vida. 

Sobre o jogo, não lembro de detalhes, mas lembro claramente que nossa única esperança era Lima acertar um torpedo e decidir a parada, mas isto não aconteceu. O fracasso começou a se esboçar com as contratações de Jair Pereira e de um bando de jogadores encostados nos times do RJ, ademais era um elenco que só se unia na hora de comer água, em campo era cada um por si.

O Bahia jogou com: William Andem (goleiro camaronês, depois fez boa carreira na Europa); Bruno Carvalho (um dos cariocas); Fabão (cria da casa, aquele da musiquinha de Bebeto Chorão) ; Grotto (não tenho a menor ideia de quem seja) ; e Odemílson (lateral no máximo esforçado) (Giuliano Pariz (começou no Bahia, foi roubado pelo Vice, onde barrou Vampeta, e retornou ao tricolor, onde não fez nada));  Nei Santos (outro Maxi da vida, veio do Vice cheio de pompa e foi um fracasso no tricolor, a camisa pesa); Lima Sergipano (marcou seu nome no Bahia, não preciso falar nada); Róbson Luís (cria da casa, um Ananias dos anos 90); Nixon (ponta que veio do Juazeiro); Edmundo (nos salvou em 96, e ajudou a nos afundar em 97) (Juninho (irmão de Zé Carlos, ficou só na promessa)) e Guga (apesar dos pesares, fez sua parte). Neste campeonato, entendo que só Lima honrou a camisa tricolor, os outros demais atletas, no máximo fizeram a obrigação.

Em 1999, depois do fracasso do estrelado time de 1998 (também perdeu um jogo chave em casa contra o Ceará), fizemos uma boa campanha na Série B e nos classificamos para o quadrangular final. Na 3ª rodada do quadrangular final, viemos a Goiânia e empatamos de 4×4 com o Goiás num jogo espetacular. Assisti este jogo no Antártida, cercado de goianos.  No jogo seguinte, um triunfo contra o mesmo Goiás era praticamente o carimbo no acesso, mas perdemos numa Fonte Nova lotada (64.327 pagantes), naquela época 20.000 era público de amistoso, fracassamos e caímos de 1×2 contra o Esmeraldino. O triunfo era tão certo que fui bater o baba, só vi o resultado depois.

O Bahia jogou e amarelou com Alex Guimarães (goleirinho fraco, no jogo seguinte tomou um peru contra o Santinha), Clébson (bom lateral, veio a falecer em acidente de carro quando jogava pelo Vasco), Alex Pinho (zagueiro que veio do Vasco, lembro que era limitado), Vágner (não lembro ao certo, mas acho que era o famoso Vágner Bigode, bom zagueiro)  (Nonato (começando sua trajetória no tricolor, dispensa comentários)) e Jefferson (bom lateral); Isaías (não tenho a menor ideia de quem seja), Bebeto Campos (hoje, era titular mesmo com o problema cardíaco que encerrou precocemente sua carreira) e Luis Carlos Capixaba (bom meia, um Danilo Pires dos anos 90); Dauri (vou ficar devendo) (Jorge  Wagner (cria da casa, dispensa comentários)), Alex Mineiro (fez boa dupla com Uéslei) (Luis Cláudio (centro avante estilo Jardel, alto, bom de cabeça, mas limitado com a bola no chão)) e Uéslei (o craque do time). Técnico: Joel Santana. 

Em 2003, no último jogo da Série A, ocorreu a humilhante derrota para o Cruzeiro, nossas chances de salvação eram remotas, por isto nem vou gastar tempo com este jogo. 

Em 2004, o Bahia chegou novamente ao quadrangular da Série B, depois de uma excelente campanha. Começou perdendo para o Brasiliense no Serejão, eu estava lá, dois golaços de Iranildo e Fabrício decidiram o jogo para eles. No jogo seguinte, demos o primeiro mole na Fonte, empate de 1×1 com o Avaí. Mas, o pior estava reservado para a última rodada, o Bahia jogou contra o Brasiliense em SSA, precisava ganhar e torcer contra o Avaí que enfrentaria o Fortaleza, o Jacaré já estava classificado. Não assisti o jogo, preferi bater o baba, o Bahia foi derrotado de virada por 3×2, e nossa torcida deu um dos maiores vexames da sua história, promovendo um quebra-quebra no final da partida. 

O Bahia jogou com Márcio (até hoje na ativa pelo Atlético/GO); Ari (nem no Google achei referência deste jogador), Leonardo (se não me engano é o Leonardo Silva que joga no Atlético), Reginaldo (não lembro de nada deste jogador) e Bruno (apaguei da memória); Neto (William) (não lembro de nada dos dois), Cícero (cria da casa, muito mal aproveitado no Bahia), Rodriguinho (outro que apaguei da memória) (Luís Alberto (cria da casa, recentemente jogou no Vice)) e Robert (para muitos, o último meia que vestiu nossa 10); Rena (atacante rápido, só isto) (Ygor(????)) e Neto Potiguar (promessa, parou aí). Técnico: Oswaldo Alvarez, o Vadão.

Parceiro e amigo Miguel Leite, Blog Só Baêa.

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: [email protected]

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