Bandeira do Vitória está fincada há um ano em Brasília

Enquanto o time trata de se dar bem em duas rodadas nessas rodadas caseiras, os torcedores rubro-negros de Brasília comemoram o primeiro aniversário do rompimento do relativo “exílio” que significa a impossibilidade de assistir juntos aos jogos do Vitória, torcer junto, entoar os gritos de guerra.

O milagre veio com a tecnologia, mais precisamente o aplicativo whatsapp. A vontade foi discutida por Tiago Bittencourt, Allan Borges e Marcelo Torres. Cada um multiplicou os contatos e o primeiro evento da Torcida do Vitória Candango acabou ocorrendo em 16 de outubro de 2014, quando vinte torcedores mataram a vontade, assistindo Vitória x Nacional, de Medellin (foto), pela Copa Sulamericana.

A partir daí, o grupo só cresceu e já atinge uma centena e meia. A expectativa é de que siga se expandindo, pois a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios indicava 1.571 adeptos do Vitória na capital do País. A própria ação do Vitória Candango está promovendo essa ampliação. Já há torcedores brasilienses de Flamengo e outros times do Sul e do Sudeste declarando apoio e admiração pelo rubro-negro baiano por conta da extensão das campanhas de doação de sangue e órgãos até Brasília.

Neste ano, a Torcida do Vitória Candango reuniu-se religiosamente em todos os jogos, inclusive em vários das categorias de base. Quando o time jogou em Anápolis e em Goiânia, ônibus foram fretados para que pudessem levar o seu incentivo. Até foram ao hotel, na capital de Goiás, e abraçaram os atletas.

Não satisfeitos, os brasilienses criaram nas redes sociais o movimento Vitória sem Fonteiras, unificando as torcidas de cidades interioranas da Bahia e de outros estados, além de rubro-negros dispersos pelo Brasil e pelo Mundo. O ponto de encontro é o grupo no Facebook: www.facebook.com/groups/vitoriasemfronteiras.

O grupo já se reuniu mais de uma vez com o ex-diretor de Marketing Ricardo David, vários membros fizeram questão de se associar e alguns estiveram em assembleias gerais, apoiando a tese de eleições diretas.

A partir de hoje, os rubro-negros brasilienses têm uma vasta programação, com doações de brinquedos para crianças de uma entidade assistencial local, doação de sangue, churrasco, chope e baba, além de grandes demonstrações de amor ao Vitória.

Os torcedores vão cantar parabéns no dia 16 de outubro, após se reunirem para doarem sangue e se cadastrarem como doadores de medula óssea. O bar Chopptime estará mais uma vez inteiramente decorado em vermelho e preto. Haverá bolo e música baiana depois do jogo Vitória x Paraná. A programação se encerra no dia seguinte, com churrasco, chope e baba.

SATISFAÇÃO DOS TORCEDORES

“O surgimento do Vitória Candango foi muito gratificante e comprovou que o ECV tem uma torcida significativa. Resido no DF desde 2010, e até então não via uma mobilização dos torcedores para ver os jogos, aliás, sequer um local em que a transmissão dos jogos fosse frequente. Com um trabalho efetivo de comunicação e integração, o grupo ultrapassa as fronteiras do DF e permite o fortalecimento da amizade, solidariedade, com efetividade.” São palavras de Allan Borges, um dos fundadores, há um ano, da Torcida do Vitória Candango.

Tiago Bittencourt, também fundador da Torcida, é chamado carinhosamente pelos demais de Imperador, por sua indiscutível liderança. Vejam como ele avalia a iniciativa: “Eu acho que o maior ganho do Vitória Candango não é palpável. Porque hoje a gente tem lugar fixo para assistir aos jogos, tem bandeirão, freta ônibus para ver o Vitoria em outro estado, faz festa e tudo mais, mas o retorno disso, com certeza, é o sentimento de pertencimento, de orgulho, de amor, que o torcedor do Vitória no DF amplificou consideravelmente de um ano para cá. Um jornalista um dia me perguntou quanto pagava para participar do Vitória Candango. Não, não paga nada. Cada um contribuiu com quanto quis e quando quis. Você vê as pessoas contribuindo com uma causa dessa e sabe que é porque o trabalho de resgatar a força do torcedor no DF está sendo bem executado. Costumo dizer que mais do que assistir aos jogos, estamos preservando uma cultura. É sentimento. O Vitória faz isso.”

Eu cheguei depois na Torcida, a tempo de acompanhar o insucesso da última participação na Série A, em 2014. Mas estou realizado. Moro em Brasília há 40 anos e sempre vou a Salvador, onde tenho uma família grande, inclusive dois filhos e cinco netos. E claro que a obrigação de passar pelo Barradão. Mas já sofri muito. Antes da universalização da internet, não foram poucas as vezes em que só conseguia saber os resultados dos jogos nos dias seguintes, quando o jornal impresso chegava, ao meio dia, na banca da Estação Rodoviária.

Chegamos a juntar vários torcedores para assistir uma partida contra o antigo CEUB, na década de 70.

Todos uniformizados, no antigo estádio Mané Garrincha, inclusive membros da bateria da ARUC, a principal escola de samba da cidade. Mas foi uma tentativa isolada. O esforço agora valeu muito, pois o trabalho é definitivo. Podemos ser inteiramente baianos e rubro-negros em pleno Distrito Federal.


Fernando Tolentino

www.vitoriacandango.com.br

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