Gabriel: lucrar ao transformá-lo em ídolo?

Depois do episódio “Vander”, que foi pouco prestigiado durante, e desvalorizado no final do contrato, quando foi dispensado pelo Bahia sob a alegação de “deficiência técnica” e, de acordo a imprensa baiana, caminha para assinar contrato com o Esporte Clube Vitória, nada mais pertinente que abordar qual seria o melhor caminho a ser tomado pelo Bahia, em relação a Gabriel, atleta de conhecida qualidade e forte identificação com a torcida e o próprio clube. 

O ótimo jornalista Elton Serra, agora também colunista do site IBahia, trata do assunto e pergunta: O Bahia deve vendê-lo ou lucrar ao transformá-lo num ídolo?

Primeiramente, este texto não é uma verdade absoluta, mas sim um tema visto por outro ângulo, provocando reflexões.

A negociação de uma atleta, por muitas vezes, é inevitável e até necessária.

A diretoria cogita vender o atleta em 2013 para tentar equilibrar seu orçamento, e estipulou a multa rescisória num valor aproximado de 7 milhões de euros (cerca de R$ 19 milhões). Sabendo-se que este valor decresce a cada mês que se aproxima o fim do contrato do jogador, seria mais vantagem negociá-lo ou lucrar com sua imagem? 

Gabriel é jovem, agrega tecnicamente ao time e tem identificação com a torcida. É neto de Flávio, volante campeão brasileiro de 1959 com o Bahia. Veste a camisa 8, assim como Bobô, campeão brasileiro de 1988, um dia vestiu. Já declarou amar o clube e tem um excelente histórico extra-campo. Sua imagem é a melhor possível, mas é pouco explorada pelo Tricolor e seu departamento de marketing. 

Mas, como transformar tudo isto em cifras? Obviamente que requer trabalho para construir uma imagem comercial do atleta que, antes de tudo, precisa ir bem dentro de campo. Vinculá-lo aos seus patrocinadores diretos como Nike, Magazine Luiza, OAS, Netshoes e TIM são caminhos que poderiam ser naturais. A exploração maior da venda de camisas 8, ao invés da tradicional 10, e a utilização do atleta para ser uma espécie de garoto-propaganda do programa de sócios do clube também é uma alternativa. E os bonecos? As crianças adoram… 

Antes da reformulação do contrato com Neymar, o Santos detinha 30% dos valores que o jogador lucrava com sua imagem. Em 2011, o clube paulista faturou R$ 2,7 milhões com a publicidade do atacante. E antes que achem que estou fazendo uma comparação incompatível com a nossa realidade, é só trabalhar com a conta de 10% deste valor. O lucro já será significativo e, no mínimo, torna-se o início de uma tendência a ser seguida no Nordeste. 

O lucro não precisa vir apenas com grana de pubilicidade, mas com fidelização. Trabalhar positivamente a imagem de um atleta pode gerar aumento de sócios-torcedores, que por sua vez geram receitas para o clube. As crianças também gostam de seguir um ídolo – e lembremos, são elas, que muitas vezes não decidiram para qual time torcer, as futuras consumidoras. 

Trabalhar a imagem de um atleta não é tarefa fácil, pois não depende só do clube. É um caminho mais longo, mas que traz retornos inimagináveis. Porém, muitas vezes, os clubes preferem a venda e seguem a estrada mais curta.

Autor(a)

Deixe seu comentário