Apontar qual o melhor time do Nordeste é algo difícil, sobretudo se a discussão é feita em termos qualitativos e, portanto, extremamente subjetivos. É claro que cada torcedor defenderá sua agremiação, contudo, se a análise versa sobre o ponto de vista quantitativo, digo quantidade de glórias e títulos conquistados, é muito fácil com base em alguns parâmetros estabelecer um ranking para chegar a conclusão que Bahia e Sport disparam na frente, ambos com dois títulos nacionais (contando o contestado e polêmico título de 87), e também ostentando o posto de maior campeão estadual dos seus respectivos estados, Bahia com 46 contra 28 do Vitória e Sport com 40 contra 29 do Santa Cruz.
Muitos rubro-negros vão resmungar, bater no peito e bradar “Vitória é pentacampeão do nordeste”, isso não podemos negar, é e sem contestação o maior campeão de campeonatos regionais, mesmo contando o Torneio José Américo que teve como primeiro campeão em 1975 o CRB que sequer pediu reconhecimento à CBF, diferente do Leão em 1976, além de alguns “Nordestões” desvalorizados em que os clubes participantes utilizaram até time B ou Sub-20. Mas, em termos qualitativos, quem é o melhor e/ou mais preparado clube do Nordeste atualmente? Quem larga na frente como grande favorito para conquistar a hoje valorizada “Lampions League”? Quem tem mais capacidade – analisando os elencos atuais – de fazer uma campanha digna no Brasileiro da Série A? Agora em 2017 sim podemos fazer uma análise mais justa, visto que os três MAIORES do Nordeste vão disputar e abrilhantar a Elite do Futebol Nacional.
Passado o primeiro mês de bola rolando, todos os times já apresentam um rascunho da identidade que poderão ter ao longo da temporada. Bahia, Sport e Vitória estão parelhos, apesar da filosofia diferente de jogo e de contratações, acredito não ter um franco favorito para conquistar o Nordestão, coloco os três como protagonistas e as principais forças da região e posso afirmar que dificilmente o título não será de um dos três e, SE não for, podemos apontar a ZEBRA como a culpada pela imprevisibilidade natural do futebol.
Vamos as análises:
Sport, campeão mais recente dos três (2014), na minha opinião, tem o elenco mais competitivo hoje, com atletas tarimbados e boas peças de reposição, apesar de não considerar o principal favorito, considero um fortíssimo candidato. Manteve suas principais peças e contratou jogadores que serão importantes montando um elenco muito competitivo.
Apostou em uma dupla muita identificada com o clube, os ídolos Diego Souza e André que voltou a Ilha do Retiro, mas tem no elenco outros jogadores cascudos como Leandro Pereira (ex-Palmeiras), Rogério (conhecido como o Neymar do Nordeste), Marquinhos (ex-Vitória), conseguiu segurar algumas promessas, exemplo do volante Rithely, e ainda conta com os experientes zagueiros Matheus Ferraz e Durval, além do gabaritado goleiro Magrão.
É o clube nordestino que se mantém à mais tempo na Série A atualmente e, apesar do ano de 2016 desanimador e quase sendo rebaixado, vem de boas campanhas no Brasileiro ficando perto de garantir vaga na Libertadores em 2015. Em 2017, segue invicto, somando 5 vitórias e 2 empates, 12 gols marcados e 3 sofridos.
O Bahia, que bateu na trave em 2015 e em 2016 parou na semifinal, teve o mesmo pensamento do Sport, manteve a base de 2016 que conquistou o acesso – inclusive a ótima dupla de zaga (Tiago e Jackson) e reforçou com jogadores pontuais nos setores mais carentes, alguns chamados de apostas por parte da torcida, pelo simples fato de serem jovens, com pouca rodagem ou por não serem “renomados”.
Com exceção de Armero (30 anos), todas as contratações foram de atletas com 28 anos para baixo, e na sua maioria jovens por empréstimo, casos Matheus Reis (21) de Allione (22), Matheus Sales (21), Edson (25), Gustavo (22), Zé Rafael (23), etc. NENHUM ganhando salário acima de R$ 150 mil, valor estabelecido como o teto.
Em 7 jogos no ano, o Bahia além de ainda não ter perdido, não tomou gol, tendo a melhor defesa do Brasil considerando os 40 clubes das Séries A e B. Foram 4 triunfos e 3 empates, 12 gols marcados e nenhum sofrido, mesmo na base do rodízio bancado por Guto Ferreira utilizando um time mesclado ou diria quase B em algumas partidas.
O Vitória foi numa direção contrária à Bahia e Sport, não por opção, e sim por necessidade. Perdeu ou dispensou a maioria dos titulares ou atletas que jogavam com frequência em 2016, casos de Victor Ramos, Zé Love, Dagoberto, Diego Renan, Amaral e o destaque Marinho, além dos promissores Ramon e Marcelo, e com essa debandada foi obrigado ir as compras e montar praticamente um novo time.
Foi obrigado a reformular todos os setores. A defesa foi toda modificada com as chegadas de Salino e agora Patric (provável titular), Fred, Alan Costa e Geferson. No meio, chegaram os renomados e consagrados Cleiton Xavier (33), Jesús Dátolo (32) e Leonardo Pisculichi (33), todos acima dos 30 anos e ganhando salários robustos, mesmo caso de Fred (31 anos) e Salino (31 anos).
Com essa legião de jogadores rodados e com bagagem, o Leão também chegará forte para disputar as competições nesse primeiro semestre, não podemos fazer uma análise em cima de um jogo atípico onde o Botafogo-PB aplicou 4 a 2. No total, em 7 jogos, foram 6 vitórias e uma derrota, 19 gols marcados e 8 sofridos.
O Vitória tem um bom elenco, ainda com algumas carências que estão sendo resolvidas, o único problema chama-se Argel Fucks, na minha opinião, trata-se apenas um bom motivador contratado para apagar o “fogo” em 2016 e por falta de opção no mercado foi mantido em 2017, mesmo não tendo sido prioridade da diretoria.
Não sei se conseguirá se sustentar no cargo após surgirem as primeiras porradas ou eliminações. Outro problema no Leão pode ser a parte física de alguns jogadores contratados como decisivos, casos de Cleiton Xavier e Dátolo, afinal, tecnicamente esses jogadores dispensam apresentações, no entanto, fisicamente sofreram nos seus ex-clubes (Palmeiras e Atlético-MG).
O futebol atual é muito físico, requer uma preparação muito maior, a técnica somente não resolve. Exemplo claro é Renato Cajá no Bahia, tecnicamente é acima da média, mas fisicamente deixa a desejar.
Muitos dizem que “idade não é documento”. A idade é exceção em poucos casos, quando o jogador se cuida e se cobra bastante, quando tem uma auto-crítica, exemplo RARÍSSIMO no futebol, posso citar duas feras do futebol brasileiro que mesmo com a idade avançada atingiram o ápice. Zé Roberto do Palmeiras (de 42 anos, um caso a ser estudado pela ciência) e Ricardo Oliveira (36 anos, e retornando à Seleção 10 anos depois jogando em alto nível em 2015/2016).
Por fim, voltando ao assunto principal, ainda é cedo para apontar um favorito na Copa do Nordeste, os três clubes citados estão iniciando uma longa caminhada e ainda não passaram por caminhos nebulosos, não sou do tipo de torcedor que canta de galo ou faço alarde com pouco, ensinamentos do Mestre Dalmo Carrera, afinal, diz o ditado que “Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, prefiro me surpreender do que me decepcionar, então, fico apenas na lógica de que Bahia, Vitória e Sport são FRANCOS favoritos ao título, e qualquer um dos três sendo campeão não será uma grata surpresa. Mas que seja o Bahêa, é claro!