Concluídos os jogos válidos pela 19ª Rodada do Campeonato Brasileiro da Série B, edição 2022, marco que simboliza a conclusão do hipotético primeiro turno da competição, temos quatro tradicionais clubes do futebol nacional que são de Série A, mas, que estão inseridos no contexto da Série B, despontando nas quatro primeiras colocações da tábua de classificação do campeonato, com destaque para o Cruzeiro, campeão simbólico do primeiro turno, acumulando à essa altura do campeonato a soma de 42 pontos, situação que se o vento continuar soprando a seu favor, já pode estar pintando como o provável campeão da competição.
Antes da bola rolar, essa edição da Série B era tida como a que mais empolgaria o futebol brasileiro na era dos pontos corridos, proporcionando grandes jogos, por reunir na mesma prateleira dos vinte clubes que a integram, grandes e tradicionais clubes do Brasil, que são Bahia, Cruzeiro, Grêmio, Sport e Vasco, contudo, o que temos visto são jogos ruins, com a menor média de gols marcados da competição e com uma excessiva reincidência da “empatite”, haja vista que nos 190 jogos disputados, ocorreram quase 70 resultados de empate – fator que não sei se decorre do bom equilíbrio técnico dos times ou da mediocridade da competição -, um placar registrado em 36% dos jogos que já foram realizados.
O Bahia iniciou a competição sob o comando de Guto Ferreira que já vinha pressionado e desgastado por ter sido um dos remanescentes do fracasso da temporada passada que culminou com o descenso do clube e, também, pelos fracassos registrados no início da temporada quando o time pipocou, tanto no Campeonato Baiano como na Copa do Nordeste, mas, mesmo com uma boa pontuação na Série B, quando ocupava o 3º lugar na classificação, após dois vergonhosos e seguidos tropeços na Arena Fonte Nova, ainda na 14ª rodada, o clube resolveu demiti-lo para contratar Enderson Moreira para sequência do campeonato, coincidentemente, com o time permanecendo na mesma posição deixada pelo seu antecessor.
O Bahia era visto por muitos dos seus torcedores como um time que brigaria contra o rebaixamento ou, no máximo, seria um mero coadjuvante da competição, em contrapartida, o time vem sendo uma grata surpresa e, se de um lado, vem dando respostas positivas à grande Nação Tricolor, do outro lado, tem dado fortes chutes no saco dos eternos e contumazes sofredores portadores da incurável doença da dor-de-cotovelo que a essa altura do campeonato, ainda insistem em dizer que o tricolor é o “cavalo paraguaio” da Série B.
A verdade é que o time do Bahia no decorrer dos dezenove jogos que equivalem a metade da competição, mesmo acertando umas no cravo e outras na ferradura, sem jogar um bom futebol na maioria das partidas e/ou sem conseguir aliar boa performance dentro de campo à excelente pontuação já obtida na tabela, tem sido um time com alguns jogadores que pecam em habilidade técnica, mas, em compensação, são guerreiros, empenhados e comprometidos dentro de campo, fatores que fazem com que, o time venha ocupando continuamente, o G-4 desde a 1ª rodada, inclusive, sendo o único dos vinte integrantes do campeonato a ter essa distinção.
Sabemos que para o hipotético segundo turno da competição, o buraco é mais embaixo, às dificuldades só tendem a aumentar, haja vista que, com à recente abertura da janela que permite às últimas contratações de jogadores para o certame, os clubes se reforçam. Os que estão na parte de cima da tabela vão querer se manter; os que integram à parte intermediária, pretenderão avançar à zona de classificação ou, pelo menos, se manter para a próxima edição, enquanto que os desesperados do Z-4, estarão querendo fugir do rebaixamento à Série C como o capiroto quer fugir da cruz, porém, vale ressaltar que quando o Bahia obteve o acesso à Série A de 2010, ocupou o G-4 nas quatro ou cinco rodadas iniciais, depois saiu, retornando na 17ª rodada sem sair mais até a rodada final, inclusive, obtendo o acesso antecipado na 36ª rodada.
Nesse momento, com o time ocupando o G-4 desde a 1ª rodada e pelo cenário técnico que a competição tem mostrado no decorrer das dezenove rodadas realizadas, vislumbro boas perspectivas de acesso para o Bahia, mesmo que o time continue sendo molestado e/ou aclamado com o refrão da música de Leandro & Leonardo que, supostamente, vem sendo ecoado pela imensa Nação Tricolor: “Entre tapas & beijos é ódio, é desejo, é sonho, é ternura…”!
Memória do Rádio
Nesse rodapé, mudo de assunto sem sair do contexto esportivo, pois, como não houve um minuto de silêncio antes da bola rolar no jogo Bahia x CRB para prestar uma homenagem póstuma ao grande radialista Carmelito Almeida, aproveito para registrar o falecimento dessa grande referência do rádio esportivo da Bahia ocorrido no início da semana.
Há anos que o radialista Carmelito Walter de Almeida estava ausente do rádio, mas, foi nas décadas de 70 e 80 que, com seu timbre de voz forte, grave e vibrante, marcou época na Rádio Sociedade da Bahia, ainda numa era de total carência tecnológica dos meios de comunicação, quando através das ondas médias, curtas e frequência modulada do antigo e bom rádio o plantonista captava o andamento das mais importantes competições esportivas em tempo não tão real como se faz atualmente, para informar aos milhares e milhares de ouvintes que sintozizavam à emissora, os placares ou resultados que ocorriam no Brasil e no mundo, com destaque para os treze jogos constantes de cada teste da Loteca, a mais importante loteria do país, daquela época.
Assim sendo, registro aqui, meus sinceros sentimentos à toda família enlutada.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.