Um dos apoiadores do presidente Paulo Carneiro, o ex-vice-presidente do Esporte Clube Vitória, Manoel Matos, anunciou na última quarta-feira que retirou o apoio à atual diretoria do clube e fez críticas ao mandatário rubro-negro. “Assistimos ao longo do ano uma comunicação personalista do clube centrada na figura do presidente, desagradáveis manifestações de total desequilíbrio emocional nas redes sociais e um processo de gestão que vem sendo conduzido com diretrizes absolutamente antiquadas e distantes das que entendo serem adequadas para o bem administrativo, financeiro e econômico da instituição.”, disse em trecho da carta.
Nesta quinta-feira, em entrevista ao “ge”, Paulo Carneiro falou sobre as declarações de Manoel Matos, mas preferiu não rebater. “Ele [Manoel Matos] é que tem que falar. Eu gostaria de estar com todos, mas as pessoas são como são. O Vitória ganhou do Botafogo-SP hoje, e o Manoel saiu amanhã. Só ele pode explicar. Deveria ter saído antes, não saiu. Preferiu sair depois que o Vitória ficou na Segundo Divisão. Problema de fórum íntimo dele e não comento”, disse o presidente do Vitória.
Confira a carta escrita por Manoel Matos:
“Como é do conhecimento de todos, em 2019, meu nome figurou como potencial candidato a presidência do Esporte Cube Vitória, posição essa que – a despeito de inúmeros pedidos de torcedores e propostas de adesão de outros candidatos inscritos, declinei, não sem antes tentar unir todos os candidatos em prol de um único projeto.
Já naquela oportunidade, recusei a oferta de cargos na gestão, me colocando, entretanto, à disposição para contribuir, coisa que sempre fiz e farei, sempre que solicitado, por qualquer presidente do EC Vitória.
A razão para minha recusa a candidatura é que eu entendia (como ainda entendo) que o nosso clube somente será forte quando houver união, profissionalização, transparência e ampla participação.
Esse foi o compromisso assumido pelo atual Presidente, Paulo Carneiro, a mim e a todos seus apoiadores, inclusive aos ex-presidentes Alexi Portela e Ademar Lemos, pessoas com inegáveis serviços prestados e que, juntamente com outros grandes rubro-negros, emprestaram sua credibilidade ao atual projeto, muitos, inclusive, com algum sacrifício pessoal.
Passada a eleição e iniciado a gestão propriamente dita, durante aproximadamente dois meses, mergulhei no diagnóstico administrativo e financeiro do clube, apoiando o Vice-Presidente na adoção de difíceis medidas de redução de custo e realinhamento orçamentário (ante a situação de falência deixado). A ideia inicial era deixar o presidente livre para atuar no futebol, já que o time encontrava-se lutando para sobreviver na Série B/2019.
Passado esse primeiro período, conforme informei previamente, mantive-me a disposição para atuar em situações pontuais. Assim aconteceu, estritamente na resolução de situações administrativas, em especial nos anos de 2019 e 2020, destinadas a redução de passivos e viabilização de receitas.
No futebol, entretanto, posso dizer que jamais foi dada abertura para participação, nem a mim e nem a qualquer outro apoiador, muito pelo contrário!
Apesar de discordar essa atitude exclusivista do conhecimento concentrado em uma única pessoa, como sócio e conselheiro respeitei a legitimidade do Presidente eleito.
Restou-me apenas torcer apaixonadamente por nosso êxito e assim permanecerei, toda a vezes que nosso time entrar em campo, independentemente das escolhas de elenco e de técnico.
Ocorre, entretanto, que para além das questões esportivas, amplamente reprovadas pelo torcedor, mostrando a total ausência de qualquer planejamento, onde jogadores sem quaisquer condições técnicas foram contratados a esmo, os erros se propagam em toda parte. Assistimos ao longo do ano uma comunicação personalista do clube centrada na figura do presidente, desagradáveis manifestações de total desequilíbrio emocional nas redes sociais e um processo de gestão que vem sendo conduzido com diretrizes absolutamente antiquadas e distantes das que entendo serem adequadas para o bem administrativo, financeiro e econômico da instituição.
Assim sendo, surpreendido em razão de recentes decisões administrativas tomadas do clube, que considero altamente danosas à instituição, pessoalmente informei aos atuais gestores a minha discordância e, não restando outra alternativa, a consequente RETIRADA DE APOIO A ATUAL DIRETORIA, posição essa que a torno pública em razão do respeito aos rubro-negros para os quais pedi que confiassem nesse projeto que hoje é despido de qualquer credibilidade.
Aproveito mais uma vez para registrar que, a despeito dessa posição pessoal, continuo a ter a mais respeitosa convivência com todos da instituição e distinta consideração com os ex-presidentes Ademar Lemos e Alexi Portela, desejando sorte aos que ainda tentam, ao seu modo, furar a gestão personalista do atual presidente nas tomadas de decisão fundamentais ao clube e, até mesmo, a manutenção de sua existência.
Manoel Matos
Sócio-Conselheiro Vitalício”