Já diz um jargão por aí divulgado: Não é só futebol!!! Partindo desse pressuposto, o Esporte Clube Bahia da gestão de Guilherme Bellintani criou o Núcleo de Ações Afirmativas. Nesse quesito, o clube tem tido uma atuação de destaque no cenário nacional e internacional ao abordar temas, por ora, distante das preocupações de um clube esportivo e atuado em favor de setores discriminados pela maioria.
Por ser um clube que prima pelo seu gigante acesso em todas as camadas sociais e dono de uma torcida que além de apaixonada e numerosa, está presente desde o mais humilde ao mais abastado, sendo o primeiro clube do país a colocar uma camisa oficial destinada a sua torcida com valor de menos de R$ 100,00, tem abordado temas antes impensados para uma equipe de futebol, ao contrário do que faz seu rival, que prefere não assestar seus torcedores menos favorecidos com tais ações.
De Inicio, o primeiro tema foi o combate à intolerância religiosa, que se tornou um marco zero das ações afirmativas do clube, que em novembro de 2018, exaltou o “Novembro Negro”, ao homenagear, com os nomes em seu manto, ativistas e personalidades negras, que fizeram parte decisiva na luta contra o racismo e o genocídio da juventude negra e pobre.
Cada jogador teve em sua camisa o nome de uma dessas personalidades históricas e atuais da luta negra, exaltando a África fora da África, observado que Salvador é a cidade mais negra fora do continente africano no mundo. Dentre os personagens citados insta citar Zumbi, Mestre Moa, Neguinho do Samba numa clara alusão ao racismo que ainda voga no país e a importância de combatê-lo diariamente.
O esquadrão além desse pontapé inicial, mostrou a perenidade de suas ações fazendo campanha contra o assédio nas mulheres nos estádios, com ronda policial constante nos jogos na Fonte Nova. No dia da Visibilidade Trans, avalizou a utilização do nome social aos sócios e sob a égide da campanha cujo slogan é “Não Há impedimento”, mostrando-se atuante LGBT no universo predominantemente masculino e homofóbico do futebol.
Num contexto atual onde a ebulição social, mudanças políticas e violência um time do nordeste consolida posições em defesa da liberdade individual e coletiva e da democracia através do viés mais popular que há no país, o futebol. Além disso, o esquadrão fez alusão a causa dos indígenas, com nome de lideranças indígenas, outra vez dando voz a outra minoria, por ora muito criticada, inclusive pelo chefe máximo da nação.
O que importa em tudo isso são os golaços que vem sendo marcado com a publicidade positiva através dessas ações, que culminam na exposição a nível nacional e internacional, expandem o nome do Bahia aos quatro ventos. Assim, reforça sua marca positivamente e expandindo negócios através do marketing, que por ter uma marca própria, tem a liberdade e celeridade de agir com esse propósito, agregando aos cofres tricolores receitas diferenciadas, num apelo direto aos torcedores que, vão sedentos atrás dos produtos oficiais produzidos paralelamente com as campanhas.
Por fim, o Esquadrão de Aço mostra-se como o clube mais atuante e democrático do Brasil, ao assumir um papel de destaque além das quatro linhas, quando dá voz aos excluídos. Ao se portar dessa maneira, resgata as lutas sociais que não podem ser colocadas de lado, mas aborda o potencial social do jogo e o imperativo que o esporte, cada vez mais, é uma ferramenta de transformação social e move a paixão de vários segmentos.
BBMP!
Diego Campos, torcedor do Bahia e amigo do Futebol Bahiano.