Bahia: casa-grande e senzala

Há alguns anos atrás eu via na Band o noticiário que o Bahia havia sido comprado por um banco. Nesse mesmo dia eu disse para mim mesmo que não era possível um clube como o Bahia ser “comprado”. Eu estava certo. O tricolor de aço voltaria a ser dono de suas pernas e conseguiria recuperar sua identidade, como também foi além: recuperou o clube para devolvê-lo à sua torcida com a democracia tricolor. Todavia, como toda democracia, ela não é perfeita. Ela precisa de ajustes e uma mudança de mentalidade. A fidelização do sócio e cliente-torcedor é uma das medidas que devem ser priorizadas.

Sou sócio do Bahia desde a democratização. Não abro mão de dar a minha parcela de contribuição ao clube que tanto amo. Mas, faz alguns dias, não sinto vontade mais de ser sócio do clube. Não tenho como definir se é o resultado em campo que me afasta do Bahia ou a situação financeira do país. Afinal, a crise chega mais cedo ou mais tarde para todos, pois vivemos uma crise sistêmica que acaba por contaminar todos os setores da economia. O que me interrogo nessa crise é a displicência do meu clube com a fidelização do sócio. As promessas de melhorias do presidente no acordo com a Fonte Nova ainda não lograram êxito e também até uma carteirinha de sócio como a minha, apesar de paga, não chegou em Recife.


Esse sintoma de promessas não cumpridas, administração falha e um custo ainda caro para o torcedor se sentir como sócio e importante membro de um clube democratizado e popular como o Bahia me parece que formam minha insatisfação com o clube. Os resultados em campo ruins dificultam uma maior tranquilidade para gerir o clube, mas tem coisas que parecem beirar a uma clara acomodação e falta de empenho para resolver problemas simples. Não é muito difícil solucionar problemas administrativos que envolvem tantas pessoas, não é mesmo fácil determinar a subordinados que não se acomodem quando todos estão ali como se fossem funcionários comissionados do estado com o Bahia se torna acomodação para amigos.

Creio que o Bahia precisa transformar esse quadro de acomodação estruturar e mostrar metas a serem atingidas pelos funcionários. Não deve os administrados jamais que estão com o salário no final do mês garantidos se mesmo que só um sócio esteja insatisfeito com o clube. O Bahia clama por amor, mas também profissionalismo. Não vejo como o Bahia superar a cultura da acomodação se for gerido como uma grande casa-grande familiar em que o tratamento para a torcida é de senzala. Chega de passar a mão na cabeça, urge partir para definir qual o futuro do clube com mais mentalidade e instinto de sobrevivência. Tem coisas que não podem ser consideradas como rotina como a dificuldade da Arena em honrar o prometido. Vamos cobrar cada vez mais forte!

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