Estava muito preocupado com a partida entre Bahia x Santos, mas não tinha haver com o time, que vem muito bem, fazendo uma excelente campanha no returno, mas sim pelas notícias antes do jogo sobre salários atrasados e o clima ruim entre jogadores e diretoria.
O que deveria ser um clima de descontração pelo bom momento do time, mais parecia um clima de velório. A cara do técnico Gilson Kleina na entrevista na véspera do jogo demonstrava o desconforto com os dois meses de salários atrasados.
Nos treinos, também um clima de abatimento entre os jogadores, e o diretor de futebol Rodrigo Pastana, que compareceu para conversar com o elenco sobre o assunto. Quem terá motivação para trabalhar sem estar recebendo? Essa era minha preocupação, pois era um jogo importante para se afastar da zona da degola.
E a minha preocupação se resumiu no futebol do time tricolor. Jogadores totalmente fora de sintonia, sem motivação, assistindo o Santos jogar. Bastou apenas 1 minuto de jogo para Lomba operar o primeiro milagre em um chute de Geovânio. Logo em seguida, Damião quase marca de cabeça, mandando pra fora.
O Santos pressionava nos primeiros minutos em busca do gol. O Bahia tinha trabalho para marcar os flancos, sempre explorado pelos velozes Patito Rodriguez e Geovânio. E de tanto tentar, o time paulista abriu o placar. Aos 10 minutos, Leandro Damião aproveitou cruzamento de Patito e cabeceou no cantinho sem chances para Marcelo Lomba.
Mesmo após tomar o gol, o Bahia continuava dormindo em campo. O time errava muitos passes e não tinha criatividade quando chegava ao ataque. Se a angustia e a falta de paciência já era grande, imagine quando Rafael Miranda conseguiu perder um gol que até meu avô faria.
INACREDITÁVEL FUTEBOL CLUBE. Aos 30 minutos, Pará cruzou, a zaga do Santos bateu cabeça, e bola sobrou limpa para Rafael Miranda, eu já comemorava, mas, com o gol livre, o volante conseguiu a proeza de chutar para fora.
Aos 40 minutos, quase veio o castigo. Damião dominou no peito com facilidade dentro da área e quase marcou um gol mitológico, de bicicleta. O Bahia não demonstrava reação no jogo. Aos 45, Lomba fez outro milagre em um chute à queima roupa de Patito. Para meu alivio, fim do primeiro tempo.
No intervalo Kleina tentou dar uma injeção de ânimo para o time colocando Marcos Aurélio no lugar de Léo Gago, que pouco viu a cor da bola no primeiro tempo. Passados 15 minutos, o time continuava no mesmo marasmo de sempre, assistindo o Santos jogar. O travessão ainda salvou o Bahia em belo chute de Geovânio de fora de área.
Com cara de insatisfação no banco, Kleina resolve sacar William Barbio e colocar Maxi Biancucchi. Até parecia que o time iria acordar. O Bahia quase empatou minutos depois, com Marcos Aurélio batendo falta de longe, mas ela bateu na trave e não entrou.
Depois disso os dois times caíram de produção, com poucas chances de gol para ambos os lados. O Bahia tentava atacar, mas sofria com a falta de criatividade e com os contra-ataques rápidos do time santista. Aos 35 minutos, Gabriel perdeu grande chance cara a cara com Marcelo Lomba.
Com o placar, o Santos tocava a bola, administrando o jogo e fazendo o tempo passar. O Bahia já não demonstrava tanta vontade de buscar o empate, parecendo até conformado com o resultado. Quando pensei que a tampa do caixão já estava fechada, eis que time resolve acordar.
Nos minutos finais, foi uma pressão total do Bahia. O time foi pra cima com tudo, e por pouco não conseguiu o empate. Primeiro em cobrança de escanteio de Marcos Aurélio, que Kieza livre na pequena área cabeceou para fora, perdendo ótima chance.
Depois, o próprio Marcos Aurélio, em cobrança de falta, arriscou de longe e o goleiro Vladimir (que não havia feito uma defesa no jogo todo) rebateu impedindo o empate tricolor. Fim de papo! Santos 1×0 Bahia.
ANÁLISE DO JOGO
Com certeza, o salário atrasado interferiu, não no resultado do jogo, mas sim no desempenho dos jogadores. O time entrou em campo desligado, sem vontade de jogar bola, diferente dos últimos jogos. Era visível a falta de motivação e apatia do time. No primeiro tempo, só tivemos uma chance de gol com Rafael Miranda. No segundo tempo, mesmo com as mudanças, o Bahia continuou improdutivo e sonolento na saída de bola. O time só foi acordar já no fim da partida, no último suspiro, tarde demais. E o resultado ficou de bom tamanho pela quantidade de gols perdidos pelo time santista.
Próxima rodada mais uma “decisão”, jogo de 6 pontos, na Arena Fonte Nova contra a Chapecoense, que também luta contra o rebaixamento. É obrigação vencer! Esse jogo contará com a presença da torcida, já que o Bahia conseguiu o efeito suspensivo, então, vamos lotar a Arena e empurrar o Tricolor.
Fellipe Costa