Um Fonte linda, é assim que ela merece ressurgir na nossa soterópolis. Uma Fonte em que lá estejam o melhor da nossa memória futebolística e poética. Os gols de Beijoca, a alma de Baiaco e o sonho de milhares de meninos que sonham em jogar futebol na Fonte dos nossos bons momentos de torcedores. É lá que devem ficar também respeitosamente a memória de torcedores que parecem esquecidos: Lourinho, o anãozinho, Armando Oliveira, a Kombi do reagea e a volumosa multidão de anônimos que subiam e desciam as ladeiras de Salvador para ver e ouvir espetáculos grandiosos que ganhavam ainda mais beleza com o dique do Tororó ao fundo.
Estão pensando num projeto que demolirá a velha Fonte Nova com a promessa de se respeitar a topografia da cidade, que dali fez um ponto privilegiado de observação de quem passava de avião ou a pé, quando se precipitava o Balbininho e as faixas de cimento duro em escadas formando o que parecia um gigante enterrado com as mãos abertas; e no centro, em suas palmas, um vale verde que denominamos de campo de futebol. Pois esse gigante na minha memória jaz plantado, com as mãos abertas para o tapete da imortalidade de nosso futebol, que cirugicamente constuía na nossa alma o terreno para delírios e invasões em seu terreno de glórias do nosso tricolor.
É bem verdade que temos Pituaçu, mas jamais será a mesma coisa reconstruir no horizonte a nova Fonte Nova, ou melhor, a Fonte linda. Já imagino o jogo de estréia entre o Bahia e o Santos relembrando uma das finais do campeonato brasileiro de 1959, ou até mesmo um BaxVi, onde pudessem estar lá também num torneio início o Leônico, o Galícia, o Ipiranga e o Redenção. Todos os clubes que formaram na nossa alma de torcedores de futebol o ser mais fiel de um espetáculo no planeta Terra, que de arte e ao vivo compõem sobre as mãos do gigante enterrado ali no Tororó.
Magnífico mesmo será ver entrando em campo a velha guarda do nosso futebol ainda resistente ao tempo, como: Beijoca, Sapatão, Fito e Douglas. Personagens ligados intimamente ao futebol da Bahia. Ligados ao melhor futebol da Bahia. Talvez, a torcida tricolor baiana seja a mais feliz do mundo por termos de volta ainda, em tempo, o velho templo tricolor, quando muitos tremiam em saber que enfrentariam o tricolor de aço. Quantos não ouviram ou viram estórias de jogadores do Vitória que tremiam e choravam quando sabiam que enfrentariam o Bahia na Fonte Nova, futura Fonte Linda?
Quervo ver a história passar, agora, cravada sobre um novo plano de como se tratar o torcedor de futebol. Deveras podiam fazer os dez mandamentos do torcedor de futebol na nova Fonte Linda. Podiam lá estender, em respeito ao povo da Bahia, em cada via de acesso às galerias do novo estádio o nome de torcedores do Bahia e do Vitória que nos honram com seu hinos e cantos a alegria de jogar e ser torcedor de futebol.