E.C Bahia em 2022: das eliminações ao acesso e chegada do Grupo City

Bahia amargou três eliminações, mas conquistou o acesso à Série A.

Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia

O Esporte Clube Bahia iniciou o ano de 2022 em meio à desconfiança e críticas por parte da torcida em virtude do rebaixamento para a Série B após cinco anos disputando a elite do futebol nacional. Mesmo com a queda, o técnico Guto Ferreira foi mantido, e o primeiro semestre foi completamente decepcionante, com eliminações precoces no Campeonato Baiano e Copa do Nordeste. No fraco Estadual, foi incapaz se conseguir avançar ao mata-mata, e terminou na 6ª colocação, com 12 pontos de 27 possíveis. Já no Nordestão, terminou na 5ª colocação do Grupo B, com 13 pontos de 24 possíveis.

 

Na Copa do Brasil, o Bahia também decepcionou e em quatro jogos, não conseguiu vencer um sequer. Por ter sido campeão da Copa do Nordeste em 2021, o Tricolor teve o direito de estrear na 3ª fase, quando enfrentou o desconhecido Azuriz-PR. Após um empate sem gols em Salvador, o Esquadrão sofreu para arrancar um empate em 1 a 1 fora de casa e conquistar a classificação nos pênaltis vencendo por 4 a 3. Porém, nas oitavas de final, acabou caindo para o Athletico-PR, perdendo os dois jogos (2 x 1 e 2 x 1). Apesar das eliminações, o presidente Guilherme Bellintani decidiu manter Guto Ferreira para a Série B, principal objetivo do ano.

DAS FRUSTRANTES ELIMINAÇÕES AO ACESSO!

O Bahia passou as 38 rodadas da Série B praticando um futebol medíocre, típico de Série C. Em contrapartida, além de integrar o G-4, ininterruptamente, da primeira a última rodada, foi pragmático, conseguindo bons resultados até a 29ª rodada, mas, na sequência, os bons resultados começaram a desaparecer, dificultando a conquista de preciosos pontos e iniciando uma fase ruim com o time chegando a realizar nove jogos para só vencer um, o que o levou a adiar um acesso que estava previsto para acontecer por volta da 34ª rodada, mas, graças a Santo Elesbão de Axum, vencemos o jogo da última rodada, conquistamos um inédito acesso à Série A, sem se assustar com às “forças estranhas” que sempre interferem no futebol.

Existem mistérios no futebol que só seus deuses seriam capazes de revelar e, por mais que saibamos da grandeza e imponência do Esporte Clube Bahia e da grandiosidade da Nação Tricolor, vamos combinar que, após aquele nefasto rebaixamento no final do ano passado e às naturais dificuldades para montar ou remontar o time para a presente temporada, creio que nem o mais otimista torcedor tá excetuando-se, o entusiasta Binha de São Caetano, que tem a convicção de que “o Bahia é o melhor time do mundo” jamais, imaginaria que o Tricolor chegasse a um desfecho tão positivo no final da Série B.

O Bahia chegou ao acesso à Série A, após somar 62 pontos em 38 jogos, com 17 triunfos, 11 empates e 10 derrotas, com 43 gols a favor e 29 gols contra, tendo um saldo positivo de 14 tentos e, para quem não acompanhou pari passu à campanha, não assistindo os jogos e só tomando conhecimento dos resultados, deve ter imaginado que o time praticou um excelente futebol pelo fato de ter conseguido o acesso integrando o G-4 em todas às rodadas. Ledo engano, na média, o time praticou um pobre e sofrível futebol, mas, auferiu bons resultados que é o principal e mais importante trunfo do futebol.

O acesso mais controverso e involuntário da história do Bahia!

Já acompanhei os três acessos à Série A, conquistados pelo Bahia na Era dos pontos corridos da Série B e mesmo sabendo da importância de todas essas conquistas classifico o acesso de 2022 como o mais controverso e involuntário de todos, por conta dos diversos fatores e nuances que ocorreram no decorrer dessa Série B que, por incrível que pareça, passou todas as rodadas “querendo se ver livre do tricolor”, mas, em contrapartida, encontrava a “resistência” do time “querendo” permanecer.

Para início de análise, o então desacreditado time do Bahia estreou derrotando o Cruzeiro por 2×0 na Arena Fonte Nova, um jogo difícil e “encardido” que foi definido com dois gols de Vitor Jacaré, uma das contratações mais desacreditadas e criticadas pelos torcedores, triunfo que se tornou importante e emblemático para o time ter confiança na sequência da competição, porque já ocupava a 2ª colocação na 1ª rodada e a partir daí, permaneceu, ininterruptamente, no G-4 durante todas as 38 rodadas do certame, passando a compor o grupo seleto dos seis clubes que conseguiram essa façanha na Série B, desde que passou a ser instituída à forma de pontos corridos.

Ainda a despeito da triunfante campanha do Bahia que ocupou o G-4 de fio a pavio na Série B, para chegar ao acesso, o time ainda teve o desplante de trabalhar com três treinadores, começando com Guto Ferreira que comandou o time em 14 jogos, conquistando 25 pontos e obtendo um aproveitamento de 59,5%; o segundo foi o Enderson Moreira que dirigiu o time em 18 jogos, conquistando 27 pontos e um pífio aproveitamento de 47,4%, fechando o pacote com a chegada do “bombeiro” Eduardo Barroca que acabou obtendo um aproveitamento de 55,5% em 6 jogos (dois triunfos e 4 empates), mas, foi graças à “gordura” acumulada durante os 14 jogos comandados por Guto Ferreira, que o time conseguiu subir, quase no limite da conta do chá e, se a competição tivesse mais duas rodadas, teria minhas dúvidas se o time teria logrado esse êxito final.

Resumo da ópera: o staff do Bahia achou que foi uma grande sacada trocar Guto Ferreira por Enderson Moreira, mas, ficou provado e comprovado dentro de campo que a emenda foi pior que o soneto, o tiro saiu pela culatra, o trabalho do Enderson foi muito ruim, o time involuiu e já faltando os seis jogos finais, Enderson foi demitido, contrataram, às pressas, o Barroca para “apagar o incêndio” e, aos trancos e barrancos e já na última rodada, o time conseguiu chegar ao número de pontos necessários e/ou suficientes à subida.

Mesmo com empenho ruim no futebol, mas, com um excelente desempenho nos resultados e, sobretudo, com o inestimável apoio da imensa Nação Tricolor nos jogos da Fonte Nova, alcançou o principal objetivo da temporada que foi o acesso. Mas o que foi bastante comemorado pela torcida na reta final deste ano foi a constituição da SAF, aprovada por 98,6% dos votos válidos. O City Footbal Group chegou chegando, anunciou o técnico português Renato Paiva, do diretor de futebol Carlos Santos e do coordenador da base Marcelo Teixeira, e vem trabalhando firme e forte na montagem do elenco.

Espero que esse novo modelo de gestão do futebol brasileiro denominado, Sociedade Anônima do Futebol-SAF restabeleça o Lema “Nasceu para Vencer” do velho novo Esquadrão de Aço, resgatando toda sua triunfante e gloriosa história de time vencedor, removendo esse hiato de time inerte e acomodado que, há alguns anos, tem entrado nas competições como mero coadjuvante, sem nenhuma ambição à conquista de títulos relevantes, porque foi relegado ao submundo do futebol brasileiro e nas últimas vinte temporadas, passou a metade do tempo gravitando nas divisões inferiores da CBF.

Números de 2022: Somando as quatro competições (Baiano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Série B), o Bahia disputou 59 jogos na temporada 2022, vencendo 24, empatando 17 e perdendo 18 vezes. Marcou 77 gols e sofreu 54, 65% de aproveitamento como mandante e 34% como visitante.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

Deixe seu comentário