Ídolo no Bahia, Fernandão fala sobre perda da filha e depressão da esposa na Arábia

Atacante passou momentos difíceis na Arábia, mas se levantou

Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia

Tratado como ídolo pela torcida do Esporte Clube Bahia, o atacante Fernandão retornou ao clube esse ano após um grande esforço da diretoria que conseguiu um investidor para ajudar na repatriação do jogador de 32 anos, que chegou com grande festa em Salvador em recepção feita pela torcida tricolor. Ele estava vivendo um momento difícil no Al Wehda, da Arábia Saudita, onde em seis meses de campeonato só conseguiu marcar dois gols, pois todos os dias ao chegar em casa encontrava a esposa chorando e pedindo para voltar para o Brasil. O jogador abriu o coração em entrevista e falou sobre a perda da filha e a depressão da esposa.

 

“Foi a pior experiência que eu tive na minha carreira e na vida pessoal. Estava num país totalmente restrito, que tem uma religião totalmente fechada. Minha família não podia andar à vontade. Não conseguimos nos adaptar à cultura e leis deles. Isso dificultou muito meu desempenho. Lá eu simplesmente não consegui jogar. Era a terceira gestação dela, mas infelizmente o coração da bebê parou de bater dentro da barriga da mãe. Foi o maior choque de nossa vida. Isso desestruturou tudo. Meu psicológico ficou muito abalado. Eu tive que fazer tudo. É difícil a gente enterrar uma filha né? A gente não quer isso. Não é a lógica da vida, mas a gente nunca vai entender os planos que Deus. No fim, são melhores que os nossos”

“É uma doença horrível que é difícil até de falar, porque só quem vive dentro de casa uma depressão sabe como é complicado. O que nos levantou foi a nossa fé. A gente luta todo dia para que essa doença não venha nos atingir”, declarou o atacante que precisou segurar as pontas, retornar ao Brasil e abandonar o sonho do futebol internacional para cuidar da esposa e dos filhos Davi, de 11 anos e Daniel, de cinco.

“Hoje em dia a gente tem um cuidado muito grande e especial com a Daiana porque foi a mais afetada. Carregar um bebê durante nove meses, perdê-lo, passar por todo o procedimento médico e não ter a criança em seus braços é muito doloroso. A atenção hoje é redobrada porque a depressão pode entrar por qualquer brecha e quando vem é para destruir”

Após se destacar pelo Esporte Clube Bahia em 2013, Fernandão foi vendido pelo Atlético-PR para o Bursaspor, onde tornou-se artilheiro fora do país com 22 gols ao término da temporada 2014/15 do Campeonato Turco e começou a viver o auge de sua carreira internacional, aos 26 anos. Em seguida, o jogador foi para outro clube turco, o Fenerbahçe, onde também brilhou. Entretanto, na metade de 2018 foi vendido para o Al Wehda, da Arábia Saudita, e não guarda boas recordações dessa fase.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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