Dirigente admite que ficou surpreso com a demissão no Vitória

O Vitória inacreditavelmente levou três do Sampaio Corrêa, não inviabilizou o avanço para semifinais da Copa do Nordeste, porém, colocou uma pitada de dificuldade adicional de modo inesperado pela goleada no Estádio Castelão lá no Maranhão.

O técnico Vagner Mancini continua prestigiado no clube, quase intocável, certamente amparado com alguma multa caprichada em caso de rescisão. O presidente do clube, Ricardo DAVID, admite que o clube precisa de reforços, mais ainda assim, vê o elenco atual como qualificado, e então, o pepino foi entregue ao diretor de futebol Erasmo Damiani, demitido logo após a delegação desembarcar Salvador ontem à tarde, quebrando um contrato celebrado até dezembro de 2019.

Um dia após o distrato, o agora ex-diretor deu uma longa entrevista ao jornalista Marcello De Vico do portal Universo Online momento que comentou sobre sua saída. De cara o dirigente diz ter ficado surpreso, afinal, fazia no clube exatamente que lhe foi pedido pela direção quando foi contratado, em dezembro.

Veja alguns tópicos.


“Toda saída gera uma surpresa, até porque, o que eu vinha fazendo no clube, não era nada de diferente do que a direção tinha solicitado desde quando eu assumi o clube. Você tem um orçamento e tem que trabalhar dentro dele”

“Você assume no dia 14 de dezembro. Ou seja: 15 dias para terminar o ano, quando o mercado brasileiro já estava em ativa. Você tem que contratar jogador, enxugar a folha, entender a política financeira do clube, saber o que pode… Aí você enxuga a folha em 1,2 milhão, e chegam para você: “ó, você pode gastar 500 mil para montar o time para o Estadual”, conta.

Segundo Damiani, muitos jogadores de boa qualidade técnica deixaram de reforçar o Vitória por simples questões pessoais.

Sempre vai cair em cima de alguém”

“Aí aparecem alguns nomes bons e, por ser um sistema presidencialista, entra no gosto de direção ou não. ‘Ah, esse jogador eu não gosto’. Aí você contrata pelo gosto pessoal, não pela questão técnica. Aí tem um jogador que tecnicamente interessa, mas financeiramente o clube não tem condições. Então você tem que fazer uma reengenharia e começam os altos e baixos de resultado. Sempre vai cair em cima de alguém”, declarou o dirigente.

“Não tenho do que reclamar”

Contratado pelo presidente Ricardo David logo após a sua eleição, Erasmo Damiani admite algumas divergências com o mandatário. Ainda assim, sai sem nenhuma mágoa e agradece ao clube pela oportunidade:

“Eu não tenho do que reclamar. Eles são novos, estão assumindo, então tem algumas promessas de campanha que não estavam acontecendo como queriam. Eles queriam uma mudança, mas a condição de mudança não é dada. Não se espera terminar o ano. Se muda no meio. As pessoas querem mudança, mas não te dão a condição das mudanças que querem”.

As pessoas querem mudança, mas não te dão a condição das mudanças que querem”

De acordo com o agora ex-dirigente rubro-negro, o papo pós-jogo que decretou a sua saída não teve nenhum tom fora do normal. “Nossa conversa foi bem tranquila. Ele expôs algumas coisas… Faz parte de um processo. Quando você quer desligar uma pessoa, você tem argumentos. Talvez para dar uma resposta para a torcida… Ele fez uma mudança”, acrescenta Damiani.

Campanha estava dentro do esperado

Na visão de Erasmo Damiani, os resultados obtidos pelo Vitória nesta temporada, especialmente nos últimos jogos, não fugiram muito das expectativas. Até mesmo a derrota para o arquirrival Bahia dentro do Barradão, pelo Baiano, em que o time jogou sem vários titulares por conta da pancadaria no polêmico Ba-Vi anterior.

“Nós perdemos o Campeonato Baiano sem cinco titulares, por conta de todo rolo do Ba-Vi. Qualquer time do Brasil que não tem cinco jogadores, até pelo tamanho do nosso plantel… Aí fomos com o Internacional, perdemos o primeiro jogo, ganhamos na volta, eliminamos o Inter da Copa do Brasil, é um feito. Chegamos nas oitavas. Já foi diferente do que o Vitória tinha conquistado o ano passado [parou na quarta fase após derrota para o Paraná]”, recorda.

Nós perdemos o Campeonato Baiano sem cinco titulares”

Já neste Campeonato Brasileiro, o Vitória aparece apenas na 18ª colocação, com quatro pontos em cinco jogos. “Pegamos o Flamengo em casa no Brasileiro, empatamos, e hoje eles estão liderança a Série A. Aí perdemos do Atlético-MG em Minas, de 2 a 1, que não e nada de anormal, e a coisa ali começou a complicar”, diz Damiani sobre a pressão nos bastidores do clube.

Base em alta, como sempre

Com larga experiência nas categorias de base, Erasmo Damiani chegou ao Vitória credenciado por títulos de grande expressão, o maior deles o inédito ouro olímpico conquistado pela seleção brasileira em 2016, na função de coordenador das categorias de base da CBF. Bem antes disso, ajudou o Figueirense a conquistar a sua primeira e única Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2008. No Vitória, não deu tempo de alcançar títulos, mas Damiani deixa um legado.

Luan, Nickson, Bruno Bispo e Flávio foram alguns dos jogadores formados na Toca do Leão que passaram a ter mais chances no elenco principal, que teve sua idade reduzida desde que o dirigente chegou. “Você pega o Luan, o Nickson, que trouxemos de volta. É você montar um time mais novo… Comprar o Rodrigo Andrade, menino com potencial que daqui a pouco pode dar um retorno financeiro mais para frente, se começar a jogar na posição que joga”, analisa.

“A segunda etapa era melhorar a base. Mas para melhorar a base você precisa de condições para melhora. Assumi em dezembro e achavam que em abril, maio, já ia estar tudo mudado, tudo a mil maravilhas. O objetivo sempre é de buscar, colocar jogadores mais novos”, completa o dirigente.

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Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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