Passou da hora dos gigantes Bahia e Vitória baixarem as armas. Simplesmente todos estamos consciente ou inconscientemente estimulando esse espiral de violência e selvageria. No futebol, na música e nas redes sociais qualquer pessoa passou a ter voz. A princípio isso pareceu formidável, mas não é uma coisa boa.
Desaprendemos a ouvir e interpretar. Antes, hoje, queremos mostrar nossa individualidade é singularidade por audiência como os artistas de cinema. As redes sociais possibilitaram isso.
Hoje, um bom comentarista é medido por “likes” e “compartilhamentos”. Se tornar viral virou obsessão e muitos fazem isso a custa vista da verdade e contra os princípios mais básicos de convivência. Ninguém sabe mais o que é certo ou errado. Basta virar “viral” para ter aceitação é uma confiança sobre o conteúdo exposto. A fama chega aos famintos por fama. Jogador de futebol famoso todo dia nos sites exibem seus hábitos mais banais como se fosse algo mais importante que a falta de verba para a saúde.
O que aconteceu ontem no BaxVi tem muito dessa modernidade líquida. As provocações do BaxVi não podem superar os valores do desporto. Jogadores do Bahia e Vitória precisam evitar essa contaminação do seu torcedor que parece um pouco na fase ainda eterna do “peter-pan”.
Os torcedores de futebol patrocinam regularmente agressões nas redes sociais que vão para as ruas! O BaxVi se tornou um lugar inapropriado para quem quer ver futebol porque o futebol parece ser secundário quando o seu fã espera apenas um mimo para que depois possa exibir nas redes sociais seu troféu.
Quando uma das torcidas ou as duas aplaudiram no final do jogo o espetáculo deplorável do BaxVi eu não entendi o que aplaudiam. Deveriam todos os torcedores se dirigirem a um juizado civil para prestar queixa contra uma promessa de futebol que não aconteceu. Foi triste, bizarro, selvagem e de mau gosto tudo que aconteceu. Se um profissional exibir esse perfil que os jogadores continuam a exibir no Brasil vamos acabar vistos por lugares mais civilizados como pessoas sem qualquer respeito e inábeis para a prática do esporte. Esporte não é guerra! É um momento em que nossa agressividade e volúpia de vencer é transformada em objeto de sublimação por regras de cultura.
Chega, gente! Futebol ou até uma luta de MMA tem suas regras. Se descumprimos as regras vira um sistema de destruição de nossa identidade como portadores de um futuro melhor para nossos filhos. É no esporte que começa o processo de civilização. Não dá para admitir que profissionais abusem da paixão das torcidas para nocautear o aspecto mais bonito do Bahia que aprendi a amar: o aspecto lúdico. Praticar esporte também é se entregar as cores bonitas de nossas paixões infantis, no melhor sentido. A paixão do drible, do cabeceio e comemoração do gol.
Maurício Moura Costa – Amigo, parceiro e administrador do BLOG