Não sou bajulador, só vejo as mudanças no futebol nacional

Hoje, o Futebol é feito para meia dúzia

Texto: Paulo Fernando

O Tempo passa e o Tempo voa! O Tempo é o Senhor da razão; assim afirmou um Poeta. Não existe bem que tanto dure, assim como não existe mal que nunca se acabe!

O futebol, ao longo do Tempo, vem passando por grandes transformações impondo uma série de alterações que datam desde os primórdios, aos tempos modernos da prática futebolística. Alterações na forma de se praticar dentro das 4 linhas, no comportamento dos jogadores, nas gestões do Clube, no entendimento dos esquemas táticos, enfim, um sem número de mudanças que colocam em cheque todo o conhecimento acumulado por quem gostava do esporte bretão em tempos mais remotos.

Quando em vez andei duelando com alguns amigos, aqui mesmo nesse espaço, sobre a necessidade de abstrair-se, de mudar a cabeça, de evoluir na busca do entendimento sobre a realidade em que vivemos não só no Brasil, como no Mundo. Quando coloquei minha idéia nesse sentido, fui severamente criticado como sonhador, como subserviente, como alguém que apenas defendia o MS por ser seu BAJULADOR,

O Futebol Brasileiro passou uma imensa e grande transformação quando da aprovação da Lei Pelé que, antes de organizar, parece ter bagunçado mais as coisas relacionadas ao futebol enquanto esporte das multidões e de maior predileção independente da camada social. Isso trouxe conseqüências danosas aos Clubes de menor envergadura econômica tendo mesmo “quebrado” alguns, a exemplo da Portuguesa, Guarani de Campinas, entre outros.

Hoje tudo gira em nome de um tal “empresariado” que centraliza quase todos os atos da gestão de um Clube no quesito Futebol Profissional. Quer contratar um jogador? Tem que ser via “Empresário”, idem se quiser vender um também. Os nossos Clubes, no Estado da Bahia, sempre formam bons talentos, mas ao final das contas, os Empresários é que saem ganhando mais dinheiro em termos relativos, observando o custo/beneficío desses jovens profissionais. Proporcionalmente, o Clube fica com uma parte menor do bolo.
A parte dos negócios entre “donos” dos direitos de transmissão e das marcas são também caudatárias de tudo que deveria ser de bom no Futebol em que, um dia distante do século passado, tivemos o honrado título de sermos os “Melhores do Mundo”. Deveriam alavancar o Esporte popular na sua essência visando encher os estádios e compartilhar mais amplamente os caminhos e as alegrias do Futebol. O que fazem? Apenas sugam o sangue com contrapartidas que nem sempre são justas ou adequadas gerando um verdadeiro cabo de guerra entre os Clubes.

Os jogadores, por sua vez, ganham muito bem e historicamente sempre foram bem remunerados, mas a diferença está no fato de atualmente terem exatamente os mesmos comportamentos de antes quando deveriam, em face do atual momento, ser mais profissionais buscando superar os limites de uma atleta convencional e romântico dos tempos de outrora. Falta o PROFISSIONALISMO! Falta o comprometimento com o Clube, com a torcida.

Os Clubes, por sua vez, vivem em constante momento de crise financeira ainda que tenha sempre à disposição, os contratos de valores altíssimos, mas que na maioria das vezes os direcionam para saldar o passivo sempre em evolução. Conseqüentemente, pouco fica para o investimento e fomento nessas bases geradoras de recursos. A capacidade de investir, seja na base de formação de atletas, seja na infra-estrutura requerida aos Clubes é praticamente nula exigindo um grande malabarismo dos gestores.

A torcida, claro, numa demonstração de discordância clara vem, dia após dia, abandonando as arquibancadas. Melhor ficar em casa assistindo através da TV e evitando gastos desnecessários no orçamento já apertado da grande maioria. Além disso, assistir a jogos onde a pouca qualidade dos jogadores que se enfrenta num estádio é uma coisa quase surreal. Lembro saudosamente de clássicos, aqui e pelo Brasil afora, que tinham sempre o público superando a marca dos 100 mil pagantes. Hoje…

Então, hoje os tempos são bem outros. Hoje, o Futebol é feito para meia dúzia que dele vive e tenta desesperadamente mantê-lo sob um cabresto que lhe seja sempre o mais rentável financeiramente, independente dos resultados para a multidão que um dia viveu o verdadeiro futebol brasileiro. Alguns o utilizam como base para facilitar a própria ação na vida pública fazendo dos Clubes um verdadeiro trampolim eleitoral.

O que poderia ser feito para trazer de volta a alegria e o profissionalismo do Futebol no nosso País, no nosso Estado? Quando teremos um futebol limpo e sem protecionismos aos Clubes de maior envergadura? São perguntas que sempre ficarão sem as respostas em função do elevado estado de degradação que vivenciamos no atual mundo do Futebol.
O Tempo voa !!!

Paulo Fernando. Amigo e colaborador do Futebol Bahiano

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Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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