Calma, minha comadre, largue estas pedras. Sim, é fato que hoje é Sábado de Aleluia, dia de malhar o Judas, mas é também o momento para uma reflexão ponderada, para olharmos as coisas em perspectiva a partir de uma visão retrospectiva – seja lá que porra isto signifique.
Então, antes de tudo e de mais nada, faz-se mister analisar todo o período de Ney Franco no comando técnico da Esporte Clube Vitória, para podermos fazer um efetivo balanço de perdas e danos, ok?
Como diria Goulart de Andrade, apresentador do Comando da Madrugada: vem comigo.
Seguinte.
Quando o referido tocador de violão em barzinho e dublê de treineiro assumiu o Vitória, no início de setembro do ano passado, o Leão vinha de três derrotas seguidas e ocupava a 10ª posição. Naquela noite de quarta-feira, mesmo sem tempo para realizar treinamentos, ele decidiu ir para a casamata testemunhar a quarta derrota seguida do Rubro-Negro, diante de um Flamengo todo malamanhado.
Logo na sequência, o Vitória enfrentou o Atlético Mineiro, então campeão da Libertadores, num Barradão totalmente encharcado. Apesar de o futebol ainda não ter dado as caras, o time jogou com raça – e Ney Franco voltou a apostar na dupla Marquinhos & Dinei, que havia feito misérias juntos no Brasileirão de 2008. A partir de então, foi aquela fase histórica que todos já conhecem, com o time realizando a melhor campanha do 2º turno do Brasileirão e lutando por uma vaga na Libertadores até a última rodada.
Porém, apesar de todas estas glórias, Ney Franco sofreu um forte revés em outubro, ao ser derrotado pelo cambaleante time tricolor na Fonte Nova por 2 x 0. O Vitória era muito superior à equipe de Itinga, mas este jogou com muito mais aplicação e garra. Naquele momento, já ficava claro que Ney Franco não tinha incorporado o espírito do Ba x VI, não sabia qual a real dimensão do clássico.
E é exatamente aí que começa a pesar sobre seus ombros este fardo pesado, que tornou-se praticamente insustentável na final deste JABAZÂO/2014. Porém, este não foi seu único pecado.
Este começo de 2014 mostrou também que Ney Franco não sabe jogar contra time de menor expressão. Parece que seu sistema tático só funciona contra times grandes, pois estes se expõem e podem ser surpreendidos. Contra equipes fracas do campeonato baiano e do Nordeste, a campanha e as atuações do time foram um fiasco. (Alguns vão argumentar, não sem razão, que perdemos peças importantes que não foram repostas e etc e coisa e tals. Sim, mas Ney Franco tem, ou deveria ter, o dever, a autoridade e senso para saber o que deve prestar ou não, invés de aceitar e escalar certas injúrias que nem citarei mais o nome)
Porém, o fato é que não é mais o momento de ficar remoendo nada disso. Agora é bola pra frente. O Brasileirão começa hoje, com um Vitória enfrentando o Internacional, um dos principais favoritos ao título. Talvez, então, o time de Ney Franco volte a surpreender, pegando as pedras das ruínas deste início de 2014 para construir castelos (mesmo que ilusórios e temporários) de glórias.
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