Já dizia um grande amigo meu, em alude ao Futebol, que se trata de uma grande e violenta paixão o amor que um homem, ou até mesmo uma mulher, sente pelo seu Clube de Futebol. Uma paixão que é capaz de matar e morrer (vide o pessoal do sudeste) !
O Futebol é um esporte capaz de mexer com o emocional na forma mais primária das necessidades de um ser humano que vibra com os triunfos e que chora e que se desespera diante das dificuldades ou da eminência de uma derrota, independente do placar.
A pessoa pode até deixar de amar a pessoa com quem se casou ou namora mas não abandona o seu clube do coração. Já foi escrito em algum lugar: “o Homem separa até da Mulher mas, do seu time jamais”.
Diante dessas constatações é comum e absolutamente normal existirem os mais diversos pontos de vista em assuntos que se encontram na ordem do dia e que dizem respeito ao Bahia ou qualquer outro time de futebol.
Desde os idos de 1966, quando comecei a me entender de gente e do futebol, comecei a torcer pelo Bahia pois tinha uma extrema afinidade com as cores e com o seu maravilhoso Hino escrito e musicado pelo Mestre Adroaldo Costa. O trecho dessa poesia que me produzia espasmos de êxtase era aquele que se refere ao Torcedor – “NINGUÉM NOS VENCE EM VIBRAÇÃO!”, em seguida – “MAIS UM BAHIA” e, ainda aquele refrão “BAÊA!!!, BAÊA!!!, BAÊA!!!
Tive a felicidade imensurável de assistir o Bahia na missão do nosso BI-CAMPEONATO BRASILEIRO com muito orgulho. Tive a honra de ver o meu Bahia ser HEPTA Campeão Baiano (7 títulos em sequência) entre outras maravilhosas conquistas.
Tive também a vivência infeliz de ver o Bahia chegar aos porões do futebol brasileiro. Tive o desprazer de ver o Bahia ser goleado de forma vexatória pelo nosso rival em virtude dos já aparentes problemas de gestão naquela época.
Vivi intensamente dois períodos distintos do Bahia. O primeiro de assistir às Glórias conquistadas nos anos 60, 80 e até os meados dos anos 90. Vi, com tristeza na alma, o Bahia chegar ao estado de massa falida. Um acinte ao coração do mais frio tricolor.
Os dias melhores estariam por vir. A Grande e Imensa Nação Tricolor travou uma imensa batalha com os “donos” do Clube e, a partir da intervenção judicial, conseguimos resgatar o clube das mãos nefastas que dele se apoderaram. O passado pronto para ser esquecido!
Vivemos hoje dias melhores mas, longe, muito longe de serem os dias que merecemos. Estamos acostumados aos grandes feitos no futebol. Queremos e vamos conseguir recuperar a hegemonia perdida.
Desta forma, em alguns momentos, observamos alguns torcedores que ainda não conseguiram compreender o que estamos passando e que ainda acham que determinadas coisas não podem acontecer com o Bahia. Extremamente duro saber discernir sobre a nossa atualidade.
O futebol do Século XXI não é mais aquele do passado!
Hoje os conceitos de jogar futebol, de se armar um time, de se definir um esquema tático são muito diferentes daqueles aonde a estrutura mínima de um time, centralizada na Presidência, produziam sempre efeitos mais rápidos nas decisões.
Naquele tempo a Lei Pelé nem existia e a operação comprar/vender jogadores era extremamente simples. Hoje existem vários obstáculos a serem vencidos: o alto salário do jogador e a ação do empresário são as mais difíceis de se contornarem.
O grau de exigência dos torcedores também aumentou em virtude da globalização e das comunicações em tempo real. Se dependesse apenas do fiel torcedor, todo time seria parecido com o Barcelona em termos de elenco de jogadores. Esperar o que de um futebol pobre e de um time que tenta se reerguer no cenário nacional?
Eu vejo que para viver sem muito stress nos dias de hoje, necessário se torna que se busque entender a coisa por um prisma mais amplo. Entender que no futebol de hoje, extremamente profissionalizado, não se acham mais aqueles jogadores que colocavam o coração no bico da chuteira.
Assim, sempre otimista em relação ao que ocorre no Bahia, tive que refletir e mudar alguns paradigmas que, por mais ultrapassados que se apresentem, ainda vive forte na cabeça de alguns torcedores que insistem em enxergar o futebol de hoje como o de 30-40 anos atrás. Quando tento ponderar sobre esses pontos de vistas, oferecendo os contra-argumentos, sou tratado como alienado. Como defensor do Presidente, entre outras coisas.
Vênia amigos TRICOLORES !!!
Paulo Fernando – Torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Baiano.