Bahia 5 x 6 Vitória: Jogo histórico completa 10 anos

Ao contrário de administrações anteriores, o departamento de comunicação do Esporte Clube Vitória agora brilha ativando o site oficial do clube trazendo informações, promovendo e evidenciando os fatos positivos da longa trajetória de história. Hoje o clube rememora o inesquecível BA-VI do ano de 2007 valido pelo quadrangular final do Campeonato Baiano daquele ano e  que nesta quarta-feira completa 10 anos. O jogo foi vencido pelo Leão na época treinado pelo técnico Givanildo Oliveira pelo placar pouco comum de 6 x 5 numa tarde que o atacante Índio foi o grande destaque do jogo realizado na antiga Fonte Nova e presenciada por 60 mil torcedores.

Veja como foi

Era uma tarde de outono do dia 22 de abril de 2007, na antiga Fonte Nova. As bandeiras rubro-negras tremulavam como num campo de batalha antes de uma luta. Era um tempo em que as torcidas rivais entravam juntas, nas mesmas catracas. As 60 mil pessoas que entraram naquele estádio não imaginavam que fossem fazer parte de um dia histórico que completa 10 anos hoje. Um Ba-Vi que, por si só, se eternizou por diversos motivos. O placar já demonstrava a emoção de quem pode se vangloriar de ter presenciado aquele show: 6×5 para o Leão. Também foi o último clássico da velha Fonte, que, tempos depois, foi derrubada para a construção da Arena.

Para um torcedor, em específico, aquele dia foi um divisor de águas. O rubro-negro Raimundo Cerqueira fazia aniversário naquele clássico antológico. Hoje, morando em Brasília e capitão do Exército Brasileiro, Raimundo, em 2007, ele acabava de sair da profissão de cronista esportivo para seguir a carreira militar. Foi seu primeiro clássico sem a necessidade de analisar friamente o jogo, escrevendo uma crônica empírica e sem paixão clubista. Ele era apenas torcedor. Naquele jogo, ele levara também, pela primeira vez, seu filho, na época, com apenas cinco anos.


“Fui ao clássico com meu companheiro de estádio, meu filho Vinícius, então, com pouco mais de 5 anos. A sucessão de gols e viradas deixou todos atônitos no estádio. Meu garoto ficou um pouco assustado com tantos gritos, de um lado e do outro”, lembra Cerqueira.

Teve de tudo naquele clássico, e, como o próprio Cerqueira lembrou, a alegria e a raiva se revezavam o tempo todo nos corações de quem estava na Fonte. Foram três viradas e uma briga genuinamente brasileira dentro de campo. No lado do rival, o atacante Fábio Saci. No nosso, o atacante Índio. Porém, não precisa ser historiador para saber quem é folclore e quem é de verdade. O Cacique marcou quatro gols, um recorde só alcançado em 2013, com Dinei, no Ba-Vi terminado em 7×3, já na modernizada Fonte Nova.

O duelo de 2007 fazia parte do quadrangular final do Campeonato Baiano de 2007. O Vitória era comandado por Givanildo Oliveira e começou perdendo. Aos quatro minutos do primeiro tempo, Danilo Rios fez o primeiro do rival. Viramos, com Jackson e Índio, mas eles viraram novamente com gols de Danilo Rios e Fausto. Tudo isto só no primeiro tempo.

Se a primeira etapa teve emoção, o segundo tempo foi um teste para cardíacos. Mas foram os últimos 45 minutos que fizeram nascer o mito Índio na história dos clássicos. O Cacique conseguiu colocar o Leão na frente novamente, com mais dois gols e outro de Apodi. O Leão virava para 5×3. Festa no lado rubro-negro, enquanto a torcida rival já saia da Fonte. Só que não. “Meu filho também achou estranha a repentina mudança de humor do pai: vibrando com o placar em 5×3, passando dos 40 minutos do 2° tempo, e perplexo ao ver o rival empatar”, lembra Cerqueira. Pois é. Aos 45 minutos do segundo tempo, o rival conseguiu empatar o jogo. Silêncio no lado rubro-negro, festa no outro lado.

Porém, aquele Ba-Vi precisava ser nosso. E foi. “Era o dia do nascimento de uma lenda em clássicos. Era o dia de Índio. Quando Sorato escorou a bola pro atacante cearense, juro que senti a premonição do gol salvador. Estava atrás do gol da Ladeira, vi Índio armar o chute e ouvi o barulho da bola estufando as redes tricolores. Na explosão de alegria, rolei na arquibancada e quebrei meu relógio que tanto gostava. Triunfo do Vitória em um Ba-Vi por incríveis 6×5, aos 48 do 2° tempo, no dia do meu aniversário de 32 anos. Melhor presente, impossível. Ergui Vinícius aos céus e disse: “Essa é nossa, papai!”, conta nosso torcedor aniversariante, emocionado.

Os deuses do futebol proporcionaram uma despedida do maior clássico do Nordeste no melhor estilo. Todos saciados. Ali era o último Ba-Vi daquele gigante de concreto que foi colocado ao chão para reviver momentos novos, clássicos novos, goleadas novas. “Após o apito final, demorei ainda uns 20 minutos para deixar o estádio, com olhar embasbacado para o gramado vazio e o placar que ainda estampava o resultado histórico. Parecia até saber que aquele tinha sido o último Ba-Vi da velha Fonte. Sim, amigos, eu estava lá. E vi, ao vivo, o maior Ba-Vi da história”, completa capitão Cerqueira. E quem é doido de discordar?

Bahia 5×6 Vitória (Campeonato Baiano)

Data: 22/03/2007

Árbitro: Djalma José Beltrame

Gols: Danilo Rios (4/1º), Jackson (31/1º), Índio (35/1º), Fausto (38 do 1º), Danilo Rio (45/1º), Índio (6/2º), Apodi (21 do 2º), Índio (26/2º), Fábio Saci (42/2º), Rafael Bastos (45/2º) e Índio (49/2º)

VITÓRIA: Emerson, Apodi (Alex Santos), Sandro, Jean (Jefferson) e Alysson; Vanderson, Bida e Jackson e Capixaba; Índio e Joãozinho (Sorato). Técnico: Givanildo Oliveira.

Bahia: Paulo Musse; Carlos Alberto (Amauri), Hebert, Rogério e Victor Boleta; Humberto, Fausto, Danilo Rios (Emerson Cris) e Rafael Bastos; Fábio Saci e Moré (Danilo Gomes). Técnico: Artuzinho.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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