Faltou pluralidade nas candidaturas às eleições do Bahia 2020

Faltou pluralidade nas candidaturas às eleições do Bahia 2020

Deveria ter um leque de candidatos à sucessão do Esporte Clube Bahia

Faltou pluralidade nas candidaturas às eleições do Bahia 2020
Abílio Freire, Guilherme Bellintani, Fernando Jorge Carneiro e Binha. Eleições de 2017. Foto: Almiro Lopes / CORREIO

Tenho quase que absoluta certeza que em 1º de janeiro de 1931, data oficial da fundação do Esporte Clube Bahia, a palavra Democracia só existia nos dicionários da época ou, na imaginação de pessoas que tinham aversão a autocracia e, se na época, ainda não existia, na prática, uma democracia no sentido lato, imaginemos na gestão de um clube de futebol, quando em pleno Século XXI ainda somos obrigados a conviver com gestores que insistem em querer ser “donos” dos clubes que presidem e aqui na Bahia, infelizmente, ainda existe esse tipo de gestor.

 

A história desses quase 90 anos da gloriosa existência do nosso querido Esporte Clube Bahia é recheada de alguns períodos “imperiais” marcados por três administrações que mandaram e desandaram no clube por quase 40 anos. A partir do final dos anos 50 até o final da década de 60, teve o comando de Osório Vilas Boas. A partir de 1979, iniciou-se o “império” Maracajá e, por último, de 1997 a 2013, com um hiato de dois anos de mandato de Petrônio Barradas, aconteceu o “reinado” dos Guimarães, constituído pelo pai e pelo filho.

Menos mal que, os dois ciclos anteriores, ainda que tenham tido sucesso na atividade política, graças ao torcedor do Bahia, ainda deixaram como legado para o clube, dois importantes títulos de âmbito nacional, proeza que não aconteceu com os Guimarães que quando iniciaram suas gestões no clube, tinham mandatos eletivos no poder legislativo, mas, devido às perniciosas administrações, saíram sem mel e sem cabaça, por não conseguirem reeleição nos seus respectivos mandatos no Poder Legislativo.

Em 2011, com uma eleição com pouca ou sem nenhuma transparência, o então presidente Marcelo Guimarães Filho foi reeleito, “democraticamente” por expressiva maioria de votos oriundos das “vacas de presépio” que formavam o Conselho Deliberativo do clube, que tinha trezentos conselheiros, irregularidade que custou ao presidente uma ação judicial movida pelo saudoso Jorge Maia, conselheiro benemérito do clube, questão que se arrastou até 2013.

Mas, como dizem que “Deus escreve certo por linhas de tortas”, e o Esporte Clube Vitória acabou tendo um papel fundamental na democratização do Bahia, após lhe impor na Arena Fonte Nova, duas vergonhosas e acachapantes goleadas, vexames que que fizeram com que o mundo desabasse no Fazendão, quando Jorge Maia conseguiu unir e reunir forças de todas as camadas sociais adeptas d o clube, o que culminou com a destituição do cargo, do então presidente e, consequentemente, o início das eleições diretas, sendo eleito um presidente-tampão para complementar o mandato do que foi destituído, o que resultou na implementação da tão cobiçada democracia no Esporte Clube Bahia.

Infelizmente, todo bônus tem o seu ônus e a democracia não é exceção, também, tem os seus percalços. Nos estatutos vigentes no Esporte Clube Bahia, o Sócio Esquadrão, que tenha a partir de dois anos de adesão e esteja adimplente com às suas contribuições, já tem a prerrogativa de se candidatar à presidência do clube e ser votado ou, não, pelos demais sócios que estão credenciados a votar. O grande problema é que, como o regime é democrático, no bojo dessa democracia, tanto pode se candidatar um elemento, altamente, preparado para exercer o cargo máximo do clube, como pode se candidatar qualquer aventureiro despreparado, desprovido da mínima competência para exercer o cargo mais importante e cobiçado do clube, desde que esteja com sua situação regular no quadro de sócios e, não quero aqui fulanizar essa pretensiosa candidatura porque não se faz necessário.

Mas, por mais que o clube tenha colocado alguns filtros ou barreiras para inviabilizar esse tipo de candidatura, entendo que no quadro associativo do clube existam, tanto pessoas físicas, como pessoas jurídicas altamente capacitadas e gabaritadas para gerir os destinos da Instituição Bahia, sendo desnecessária essa escassez de candidatos ou a falta de pluralidade para formar um leque de opções de boas candidaturas para concorrer à sucessão presidencial do clube, para bater de frente com a chapa do presidente Guilherme Bellintani que tem se mostrado um bom gestor na área administrativa do clube, mas, para unir o útil ao prazeroso, tem que se reinventar no futebol que é o carro-chefe do clube. Em 2017, Bellintani foi eleito com 3.617 votos (81,48%). Abílio Freire ficou em segundo com 9,24% (411 votos), Fernando Jorge Carneiro em terceiro com 8,79% (391 votos) e Binha em quarto com 0,49% (22 votos).

Nesses seus três anos de mandato que está chegando ao fim, os seus dois pecados capitais se constituíram na demora para demitir treinador que não vem dando certo, como aconteceu com Enderson Moreira e Roger Machado, bem como, ter concedido, imagino, poderes irrestritos ao diretor de futebol Diego Cerri que usou e abusou de fazer contratações de jogadores ruins ou sem nenhum comprometimento com os anseios e os designos do clube que quando chegava o momento do time disputar uma grande conquista como, Copa do Nordeste, Sul-Americana ou pleitear uma vaga na Copa Libertadores, esses jogadores não deram a devida resposta dentro de campo, deixando o torcedor frustrado.

O fanático torcedor Binha de São Caetano, em seu velho, batido e rebatido discurso, diz que “o Bahia é o melhor do mundo” (!?). Uma aberrante utopia. O Bahia é gigante, uma marca forte, mas, a partir de 2003 se transformou num gigante adormecido, saindo do gigantesco para o gigantismo, só começando a sair da calamitosa situação, após a implantação da democracia tricolor em 2014, e para voltar a ser protagonista no futebol nordestino, ainda tem muito o que fazer e isso só vai acontecer com a ajuda de muitas mãos.

Já tem mais de 30 anos que o Bahia não conquista um título de âmbito nacional, já vem tentando conquistar seu espaço em torneio continental, sempre disputando a Copa Sul-Americana e se conseguir obter um título dessa competição, já está de bom tamanho, porque já o coloca na rota de disputa de uma Copa Libertadores da América e para tanto, será necessário e imprescindível que pessoas competentes e vencedoras estejam na presidência do clube.

Copa Sul-Americana

Diferente do Campeonato Brasileiro onde o Bahia tem oscilado bastante, o time vem fazendo uma boa campanha. Mesmo não tendo mostrado um bom futebol diante do Union Santa Fé, o time fez o dever de casa, vencendo e não tomando gols e, para avançar às quartas de finais, não precisa nem vencer no jogo de volta basta, não tomar gols que à classificação estará garantida. Em competição de “mata ou morre” jogar bonito é um detalhe, o importante é vencer e o Bahia foi cirúrgico.

Fernando Vanucci

“Alô você…”. Quem começou assistir TV no final dos anos setenta deve está, também, sentindo e lamentando a morte do grande apresentador Fernando Vanucci, um profissional de escol que fez história na TV, num tempo em que a máquina de escrever e o papel carbono faziam sucesso nas redações. Na Globo, o espontâneo, divertido e competente profissional, apresentou o JH, JN, Esporte Espetacular, Fantástico, além de coberturas de Carnavais e copas do mundo.

Assim como Tadeu Schimdt, sustentado por grandes recursos tecnológicos, vem marcando época no Fantástico com os seus “cavalinhos” que tanto diverte o público nas noites de domingo, Vanucci marcou época na TV brasileira tanto no Fantástico apresentando os resultados da Loteca, analisados pela famosa “zebrinha” e, também, na apresentação dos “gols do fantástico” numa época em que nem existia a palavra “internet” e o torcedor não dormia sem assistir os gols, com a inteligente, vibrante e descontraída narração do Vanucci.

Diego Maradona

Um dos grandes ídolos do futebol Sul-Americano. Um craque, jogou futebol como poucos, com muita maestria, enfim, o mundo está de luto com a morte do craque que não levava desaforo para casa. Só discordo da opinião de muita gente, inclusive, de alguns cronistas esportivos em falarem que ele foi melhor que o Rei Pelé. Na minha modesta opinião, no futebol, Pelé é inigualável, inimitável e insubstituível. É, disparado, o melhor jogador do Século XX e continuará sendo por muitos séculos, porque quem é Rei, nunca deixará de ser majestade.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

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José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!



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