Antes mesmo do jogo contra o Atlético-GO começar, fiquei apreensivo pelo que seria a estreia do nosso novo treinador, o conhecidíssimo Mano Menezes. Não se trata de pessimismo antecipado mas, quando saiu a escalação pensei: Clayson, Jadson, Élber e Gilberto como titulares e a sensação de que entraríamos, no mínimo, com 3 jogadores à menos. Ainda assim esperei algo melhor e torci para que o treinador estivesse correto. Ainda assim, fiquei encafifado sobre quais os motivos que levaram o experiente comandante a começar um jogo contra um adversário, em tese menos robusto, com tanta gente que um dia já esteve em melhores condições, deixando no banco de reservas aqueles atletas que estão em um melhor momento.
Senão vejamos: o “delegado” Élber joga como se estivesse cumprindo apenas a obrigação de entrar em campo, o Clayson se tornou um acinte quando se rotula de um jogador profissional do futebol, o Jadson, ainda que se esforce, vive um péssimo momento que, aliás, parece ser também a condição do Gilberto outrora um goleador implacável, vivendo hoje dias não muito felizes. Isso sem falar da nossa zaga que parece mais uma tábua de pirulitos, cheia de furos. O miolo de zaga do Bahia parece pregado na grama e não ganha uma bola aérea que quando acontece deixa o torcedor em pânico.
Não se trata de criticar os jogadores que embora tenham um histórico de boas performances, hoje enfrentam uma séria crise de identidade com o bom futebol que os colocaram como diferenciados em algum momento, num passado não muito distante.
Se trata de querer entender qual a lógica utilizada pelo Mano para com a sua condição, de recém -chegado e experiente, tenha cometido tantos desatinos numa noite de domingo de total infelicidade nessa sua atabalhoada estreia no comando técnico do Bahia.
Ele chegou na quinta-feira, assistiu de forma privilegiada, à noite, ao jogo do Bahia contra a equipe do Grêmio que se apresenta com sérias dificuldades de jogar nesses últimos jogos. Percebeu que o time até levar o gol, fez uma atuação equilibrada sob o comando do Cláudio Prates que se esforçava pra confirmar a boa atuação do jogo contra o Internacional, quando o Bahia trouxe um bom resultado das terras gaúchas.
Imagino que o nosso treinador não tenha tido o devido cuidado de conversar com o Cláudio Prates que, assim-assado, mostrou haver uma enorme necessidade de rever o elenco titular do Bahia, onde as principais peças não estão produzindo o mínimo necessário para começarem jogando.
Chegou na quinta, assistiu ao jogo, foi apresentado na sexta-feira e treinou o elenco principal no sábado. Parece que foi muito pouco o tempo para que ele fizesse essa maluquice de começar o jogo com alguns jogadores que não estão produzindo ou rendendo praticamente nada.
Assim, escalou errado e ainda colocou Rodriguinho (um dos poucos que se salvam nesse momento) pra jogar mais recuado, num esquema de jogo impreciso, onde a distância entre as linhas pareciam enormes. Rodriguinho se mostra um meia mais ofensivo e que tem facilidade de entrar na área adversária produzindo ataques mais agudos. Gilberto, ficou sozinho e sem o devido assessoramento de alguém que conseguisse dialogar visando criar as situações de perigo para as quais ele é designado.
Imaginei que ia ver um time mais vibrante, um time com a vontade de vencer, com jogadores brigando pela bola tal qual se brigaria por um prato de comida ou pela mulher amada. O que vimos foi um time limitadíssimo, burocrático, sem vontade e com os velhos erros de sempre na zaga que, quando molestada pelo alto, parece perdida dificilmente ganhando uma bola aérea. O esquema tático foi um misto de 4-4-2 com um 4-1-4-1, que não rendeu nada pela própria e inócua distribuição dos jogadores em campo.
Essa estreia me deixou bastante apreensivo sobre os desdobramentos e acontecimentos diante do trabalho do nosso treinador que já falou nos tais 10 dias livres para treinar, como se fosse essa a sua referência para saber do grupo que tem em mãos e de quais posições precisamos de reforços.
Aí a coisa fica complicada pois, antes desses 10 dias, o Bahia fará uma série de jogos fora de Salvador e contra adversários de boa qualidade. Caso não consiga um ajuste imediato, correremos o risco de ingressar no Z4 e isso, seria péssimo nesse momento.
Vamos aguardar! Quem sabe o MANO não reconsidere algumas decisões tomadas nesse último jogo e faça algo mais aplicado ao que se espera de um treinador experiente. É sua obrigação achar as soluções nesse aspecto visto que o futebol tem algumas coisas tão básicas que apontam soluções de forma simples para resolver essas questões mais urgentes e uma delas sugere que, numa equipe, os melhores jogadores precisam ser utilizados. Resumindo: joga quem está melhor nesse momento!
Vida que segue e que o Nosso Senhor do Bonfim faça o Mano ter esse momento de reconsideração pelo bem do nosso Glorioso Esporte Clube Bahia!
Paulo Fernando, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.