Fala, seus classificados para a Fase de Grupos da Libertadores da América! Que noite, senhoras e senhores! Confesso que não consigo colocar em palavras o clima da Fonte Nova em jogo de Libertadores. É diferente! Mas como perguntou o Everton Ribeiro, fiquei na dúvida, também: Fase de Grupos da Libertadores, é Libertadores?
Em campo o Bahia fez o que vem fazendo em todos os jogos até agora. Se impôs e amassou os adversários mais fracos que vieram pra Fonte pra tentar empatar. E tome gol perdido. Destaque para a puxeta de Everton Ribeiro logo aos 3 minutos de jogo. O camisa 10 ainda teve outra chance com um bom chute no pé da trave, mas parece que os goleiros vêm jogar contra a gente pra dizer: “Me contrata, Bahia!”
A torcida não parava de cantar um minuto enquanto o Bahia ia acumulando chances. Pulga deixou o lateral-direito dos caras desesperado. O maluco estava tropeçando nas próprias pernas. E quando a bola ia para a direita, a coisa piorava para os uruguaios. Gilberto, em noite inspiradíssima, Everton Ribeiro sendo Everton Ribeiro e Ademir partindo para cima dos laterais e zagueiros em altíssima velocidade.
O gol não saía, e a galera já estava perdendo a paciência. Calma, torcedores! Libertadores é jogo de xadrez, não de damas. Os caras colocaram os dois ônibus dentro da área, como esperado. Mas a gente estava conseguindo chegar e finalizar. Era questão de tempo.
E virou o lado
Ceni volta com o mesmo time, e o jogo permanece o mesmo. Só dava Bahia. Mas o Boston River não saiu do Uruguai só para ver o Tricolor jogar. Eles vieram por uma bola. E acharam ela. Contra-ataque rápido pela esquerda, o maluco disparou e cruzou para a área. O centroavante deles ainda se jogou no carrinho, mas chegou um segundo atrasado.
Depois do susto, a resposta.
Juba, que começou de lateral e virava volante na saída de bola, foi adiantado como ponta. Com isso, Pulga fechava mais pelo meio e bagunçou a desesperada zaga uruguaia. O WM inglês do PVC, de Rogério, de Guardiola, foi para o espaço. O time atacou num 1-3-6. Era Kanu de volante, no círculo central, uma linha de três meias com Mingo, Caio e Everton. E o resto eram 6 atacante. E deu certo.
Everton inverte para Mingo, Pulga puxa a marcação pelo meio, Juba desce livre pelo corredor. Mingo dispara para a área também. A Libertadores virou baba. Havia cinco defensores do Boston contra cinco atacantes do Bahia na área, em volta da marca do pênalti. Todos os jogadores do Bahia, exceto Kanu e Marcos, aparecem na tela da TV quando Jubinha Frete Grátis entrega a bola na cabeça do questionado Jean Lucas. Ele pula — sem a elegância sutil de Bobô — e mete uma bomba de cabeça para furar a retranca uruguaia. O gol de R$ 15 milhões que recoloca o Bahia na Fase de Grupos da Libertadores! 1×0.
Na comemoração, o desabafo de um cara extremamente questionado pela torcida, que já pedia a saída dele no jogo. A vibração de Jean Lucas é a prova de que estamos no caminho certo. É um prêmio para quem foi execrado no ano passado e soube dar a volta por cima.
BORA BAÊA MINHA PORRA!
Saí do jogo, com meu pai, emocionado. Lembrei da gente saindo felizes e confiantes do 2×1 contra o Inter, na final de 88. E também do sofrimento que foi assistir Bahia 1×0 Ananindeua, em 2007, pela “Cerei c”. E agora estávamos ali, eu, ele e mais de 40 mil Torcedores presenciando o Bahia voltar à Fase de Grupos da Libertadores. Nunca foi só uma partida de futebol. É papo de amor incondicional por um Clube. Pois nosso esporte, não é o futebol. É o Esporte Clube Bahia!