Fala, Nação Tricolor! Que Bahia é esse, que entra em campo com uma mistura de apatia, preguiça, displicência e desânimo?
O Tricolor entrou em campo com a mesma formação de sempre, sem novidades. A Torcida já ficou pirada a partir daí, porque esperava uma mudança de Ceni, depois da partida contra o Cruzeiro. Mas, não rolou. A mudança de verdade estava no olhar perdido dos caras em campo. O time começou tentando dominar as ações da partida, tocando, sem pressa, como sempre. E rolou um lance interessante.
Saí do quarto pra abrir a porta da sala e a bola estava com o Bahia. Parecia coisa de narrador de TV, narrando o nome dos jogadores, sem pressa, com pausas longas, sem emoção. De repente o Vasco roubou a bola e o narrador da TV começou a narrar rápido, parecendo João Andrade, o Pressão no Turbo. Ali, notei que teríamos problemas. E eles vieram rapidamente.
O jogo estava no modo trocação, o Bahia puxa um contra-ataque pela direita, mas a bola não chega em Thaciano. No contra contra-ataque do Vasco, a bola cruza a área do Bahia, Juba corta mal e a bola sobra pro Puma Rodriguez, que tira de Juba e solta a bomba. Marcos Felipe falha, espalmando pra frente e gol dos caras no rebote. 1×0.
O Bahia desabou de um jeito, que errou até uma cobrança lateral de forma bizarra. Juba joga pra Thaciano, que domina errado e passa mais errado ainda. Com o time totalmente desarrumado defensivamente, Kanu toma o drible e comete pênalti. 2×0.
E ali, meu medo já nem era mais perder o jogo, e sim, tomar uma goleada que se anunciava como certa, e prejudicaria a nossa classificação.
O Bahia chega timidamente ao ataque numa cabeçada fraca de Everaldo e numa boa jogada de Thaciano, tabacando dentro da área mas chutando pra fora. Tomou dois contra-ataques rápidos que acabaram em duas cabeçadas dos caras. E larguei no grupo do baba: se não mudar logo, hoje, toma goleada histórica.
E ela até apareceu. Payet recebe no meio do campo, caminha sozinho, sob a marcação atenta e distante dos olhos de Caio Alexandre. Chegou perto da área, Xavier ficou plantado, e ele chutou. 3×0.
O vexame acordou Rogério
A expressão na cara dos jogadores era de um time lutando contra o rebaixamento. Desolados, cabisbaixos, sem o mínimo ímpeto pra mudar aquilo ali. Aí Ceni acordou. Pela primeira vez no ano, trocou 2 jogadores de vez. Tirou Everaldo e Jean Lucas, que nem entraram em campo, e colocou Lucho e Ademir. O jogo virou.
Brinquei no grupo: olha que interessante. O técnico colocou um volante pra voltar a ser volante, um extremo como extremo (no lugar do outro volante que tava ali) e um centroavante pra jogar de centroavante. E o time melhorou.
O gol foi questão de tempo. Fumacinha vai pela direita e cruza na cabeça de Lucho. 3×1. Veio o segundo tempo e o Bahia voltou a jogar bola. Ceni tirou Cauly e Caio (Jizuz, onde estava esse Ceni). A volta de Acevedo foi uma alegria à parte. Um ano se recuperando e o cara voltou como se tivesse jogado ontem. Já Ratão…
Com Thaciano e Acevedo na volância o time ficou mais seguro pra soltar o ataque. E só deu Bahia. Aos 30 minutos, Everton Ribeiro dá uma bela assistência pra Thaciano que chutou e o goleiro defendeu, mas no rebote, Ademir concluiu. 3×2.
Bora que dá empatar, porra! Até que aos 48 minutos, veio a Mística Tricolor reversa. O Bahia não é mais um gol de Raudinei. Kanu lança Borduchi, que toca pra dentro da pequena área. Ratão chuta, o goleiro defende, a bola volta pra ele e de canela joga pra fora. Seria o empate. Seria o ponto importante que manteria o Vasco 5 pontos atrás. Mas… Ratão não acertou.
BORA BAÊA MINHA PORRA!
Na coletiva, Ceni soltou o verbo, culpou todo mundo, como de costume, mas aceitou que precisa fazer mudanças. Que bom. Mas bem que Ceni podia ter sido expulso ontem pra não enfrentar o São Paulo, né? Jogo de 6 pontos, jogo grandão na 32ª rodada, ele é apaixonado pelo time de lá…
Mas é hora de voltar a olhar pra cima. Que o 3×0 tenha sido didático. E que ele entenda que a diferença entre teimosia e convicção, ser gênio ou Prof. Pardal, no futebol, é o resultado.