Tenho orgulho de ser nordestino e dos nordestinos que nos orgulham. Nosso conterrâneo, o publicitário mais criativo e inteligente do Brasil, Nizan Guanaes, cansado de tanto ouvir piadas de mau gosto dos seus amigos do Sul e Sudeste do Brasil, chamando baianos de preguiçosos, resolveu escrever um texto fantástico mostrando a história de luta dos baianos, chamado: “Preguiça Baiana”. Vale ressaltar que a origem pejorativa desse estereótipo de mau gosto, foi fruto de uma campanha publicitária dos anos 60 da Secretária de Turismo da Bahia, que dizia: “A Bahia paradisíaca para todos aqueles que não querem trabalhar, deveria ir para lá”.
Outro nordestino, nosso maior ícone da MPB, Caetano Veloso (muitos dizem que Chico Buarque é maior, eu diria que Chico pode até ser mais poético, mas, Caetano é genial), travou uma batalha contra seu crítico mais feroz, Paulo Francis, era correspondente do Globo em Nova York, falava sobre Política, Cultura e Economia, não poupava críticas depreciativas contra nosso país e nossa cultura. Para muitos era considerado um intelectual, mas quando esse suposto intelectual tentou diminuir e menosprezar Caetano, chamando de: “Um pajé doce e maltrapilho do interior do Nordeste”.
Foi sua pior burrice, provocou a ira e a genialidade criativa de Caetano, que simplesmente lhe destroçou, compondo “RECONVEXO”. O suposto intelectual morreu sem entender o que Caetano queria lhe dizer. Antes já tinha composto sua maior obra prima chamada “LÍNGUA”, uma exaltação a nossa Língua Portuguesa. CAETANO E NIZAN, VOCÊS NOS REPRESENTAM.
Apesar da campanha medíocre na temporada passada, fruto da incompetência do seu Diretor de Futebol, Cadu Santoro, o Bahia fez duas partidas brilhantes, resgatando aquela mística de orgulho, não só de torcedores do nosso clube, mais de toda uma região. O Esquadrão foi jogar contra o Corinthians, que também precisava ganhar para se afastar da zona do rebaixamento. Fui assistir a transmissão pelo canal fechado detentora dos direitos, o narrador começa a transmissão em tom de deboche, dizendo “Bahia, desde a inauguração da Arena Corintiana, nunca venceu aqui”.
Era fato, mas seu tom debochado continuava desdenhando da história do clube. “Em toda história do Brasileirão, o Bahia só ganhou fora por placares elásticos em duas oportunidades, contra o Vasco por 4 a 0, dezenas de anos atrás, e contra o Fortaleza”. Depois ele corrigiu e lembrou contra o Bragantino por 4 a 0. Enquanto isso, o Bahia amassava o Corinthians, e logo chegou ao primeiro gol para incredulidade do narrador, mesmo assim continuava debochando: “Já é um feito histórico do Bahia na Arena Corinthians”. Logo depois fazia dois e três, baixando um pouco a bola do narrador, que em tom de ironia dizia: “Esse 3 a 0 era inimaginável para qualquer torcedor apaixonado do Bahia”.
Iniciava o segundo tempo e Gilberto dava mais uma Braga costumeira, e o narrador eufórico dizia “que era início da reação corintiana”, isso até o Bahia fazer o quarto e o quinto, e ele em tom melancólico, disse “que era a maior goleada de um time visitante na Arena Corintiana”. QUE SOOU COMO UM SONORO RESPEITA O NORDESTE.
O outro foi contra o Atlético-MG, mais emblemático. Todo mundo cravava o Bahia como rebaixado, o melhor ataque contra uma das piores defesas. Uma mística que fez em mim renascer uma esperança, quando Hulk no alto da sua arrogância e soberba, sendo entrevistado, e o repórter dizia que faltava apenas cinco gols para ele bater a marca histórica de 100 gols com a camisa do clube. O atacante prontamente afirmou que pretendia bater logo essa marca em cima do Bahia. Endrick, do Palmeiras, mais desrespeitoso frisou que o “Atlético-MG poderia fazer 10 gols no Bahia”. Como se eles estivessem chutando cachorro morto. Era o tempero que precisávamos para responderem em campo com RAÇA, GARRA, DETERMINAÇÃO, e um sonoro “RESPEITA O NORDESTE”.
Infelizmente com a morte de França Teixeira, perdemos nossa maior referência Radiofônica e Televisiva, ficou um grande vácuo até hoje não preenchido. Ele batia de frente com argumentos contra o pessoal de fora que queria diminuir nossa região. Hoje temos apenas alguns imitadores de grande apelo popular, mas sem percepção e inteligência necessária para diferenciar, uma paixão clubística de uma categórica resposta mesmo sendo do maior rival, as declarações arrogantes e desrespeitosas de Hulk e Endrick.
Certa feita, em visita no Rio de Janeiro ouvi uma conversa entre dois torcedores, um do Flamengo e outro do Vasco. O torcedor do Flamengo se vangloriava com o vascaíno dizendo que tinha a maior torcida do mundo, de bate pronto o vascaíno respondeu: “É POR CAUSA DOS ZÉ RUELAS DO NORDESTE”. Achei bastante pertinente este comentário, que em nada me atingiu, e por falar nisso, a cara de frustração desespero de um jornalista torcedor rival com o não rebaixamento do Bahia, até com insinuações de facilidade do Atlético-MG, mostra claramente que O BAHIA NÃO MATA APENAS SEU TORCEDOR DO CORAÇÃO, MAS TAMBÉM O TORCEDOR FANÁTICO DO RIVAL.
Não quero desmerecer a maior conquista de nosso principal rival, mas, a grande diferença no valor pago ao campeão da Série B (R$ 2,5 milhões) e o valor pago ao 16º colocado da Série A (R$ 16,2 milhões), dá uma exata noção da abissal diferença de importância entre as duas divisões.
Gostaria de sintetizar para não alongar o texto, uma atitude arrogante e desrespeitosa do ex-presidente do Vasco, Jorge Salgado, que disse que o Vasco não pode ser comparado ao Bahia, chamando o Esquadrão de “galinha morta”. O ex-presidente omisso do Bahia nada respondeu. Caro Salgado, o Vasco hoje realmente não pode ser comparado ao Bahia, Vasco é um ex-clube grande, e sua incompetência ajudou a consolidar o Vasco como o quarto clube do Rio, bem atrás do Flamengo, Fluminense e Botafogo. O estado de falência vexatória que o clube se encontrava, bem diferente do Bahia, é que não lhe permitiu escolher a melhor SAF.
O Vasco sofreu Transfer Ban por atraso de pagamento da 777. Além de incompetente, é mentiroso. O New York Times, um jornal mais respeitado do mundo, levanta suspeita da origem do dinheiro da 777. Em 2003 o principal investidor da 777 foi detido por tráfico de cocaína. Veja, Salgado, os últimos confrontos entre os dois times. Então Salgado, se fosse mal educado e grosseiro igual a você, eu diria que um time que é freguês de uma “galinha morta”, é ou time insignificante, mas respeito o Vasco, que com certeza possui torcedores bem mais educados que você.
Além disso, não é só privilégio do Vasco ter presidente incompetente que reduziu o tamanho do clube, aqui tivemos alguns, lembro um deles em reunião do Conselho deliberativo do clube, recebeu cinzeiro pela cara, agora respeita a instituição Bahia, que não é tão antiga quanto Vasco, 125 anos, quando chegarmos a esta idade, se Deus quiser, pretendemos ter dezenas de títulos bem mais importantes. “A VERDADEIRA GRANDEZA DE UMA PESSOA OU INSTITUIÇÃO, CONSISTE EM JAMAIS DIMINUIR NINGUÉM PARA SE PASSAR POR GRANDE”.
Espero que esse ano o Bahia possa de fato juntar-se ao Fortaleza, que com administração competente tem orgulhado nossa Região, não só participando de todas as competições importantes que um grande clube brasileiro possa disputar, mas brigar por títulos, isso facilita a aquisição de grandes jogadores, é perfeitamente factível, temos um bom técnico, dinheiro para contratar, só falta um Diretor de Futebol competente, apesar de estarmos deslumbrados por tirarmos jogadores disputados pelos grandes do Sul e Sudeste, e ao mesmo tempo sermos centro de comentários odiosos e invejosos de jornalistas de lá.
Até agora, o grande destaque de qualidade é Everton Ribeiro, que apesar de ter 34 anos e ter sido reserva no Flamengo no ano passado, conquistou 11 títulos em seis anos. Mas se esse derrame de dinheiro for canalizado também para trazer jogador estrangeiro, alinharíamos a melhor qualidade e menor preço. A recusa do Bahia de forma categórica ao assédio do Palmeiras por Cauly representa, de fato, um começo de uma nova era de respeito. A nossa marca, a nossa Região, como era com o maior presidente de toda história do clube, Osório Vilas Boas.