E.C Bahia: Qual a vantagem de ser vitrine de outros clubes?

Juninho, Thaciano, Arthur Victor dentre outros deram em campo bons frutos

Foto – Felipe Oliveira/EC Bahia

O Esporte Clube Bahia vive altos e baixos na sua retomada à democracia, afinal, desde 2013 tem concebido uma reestruturação administrativa com mais ênfase que no futebol. De fato, é preciso ser frio quando se trata de administração, afinal, o leigo torcedor talvez não entenda o dano que é ser um clube falido e irresponsável na sua gestão. Mas, falando de futebol, tenho visto como o clube ainda patina no desempenho em campo, e, me atenho a uma prática que vem sendo recorrente no Bahia: Contratar jogadores emprestados e assim servindo vitrine para outros clubes.  

 

Vejo esse movimento como uma faca de dois gumes, afinal, temos uma torcida exigente, que quer resultados dentro de campo. Nesse movimento, em geral, se queixando de estar sem grana surgem os empréstimos, com as cláusulas Esdrúxulas, que embora você tenha o atleta em seu plantel, a qualquer tempo pode ficar sem ele, afinal, se ele jogar bem, vai dar lucro para o detentor dos direitos econômicos do atleta, o famigerado “Passe do Atleta”.  

Juninho, Thaciano, Arthur Victor dentre outros deram em campo bons frutos para o clube, contudo, os perdemos ao bel prazer de quem detém os caras, sem sequer, ter voz ou possibilidade de manutenção dos mesmos. Em contrapartida, por ter destacado um produto alheio, recebemos migalhas irrelevantes e ficamos com o vazio no plantel, em geral de caras que são titulares e que compõe o esquema tático já treinado. Ou seja, saímos de mãos abanando duas vezes. 

Às vezes, vejo a torcida pegando no pé dos jogadores da base, e outras vezes pedindo que eles joguem, mas, numa conta simples, pergunto quem entregou mais ao Bahia? Arthur Victor, cracaço que está no Bragantino, ou Thiago e Júnior Brumado? Falo do lado financeiro e da importância de ser vitrine dos nossos jogadores. Enquanto Arthur Victor custou 6 milhões de dólares ao Bragantino e o Bahia não ganhou um real, pois manteve o cara no elenco.  

Thiago, jogador que passou apenas alguns jogos, fez um gol e perdeu uma ruma, foi negociado ao grupo City por 10 Milhões de Reais, e o clube embolsou todo o dinheiro, pois detinha 100% dos direitos econômicos. Jr. Brumado, gigantão e desengonçado centroavante rendeu aos cofres do clube 9,5 milhões de reais. 

Sei que não é possível ter no elenco apenas jogadores com passe 100% do clube, sei também que empréstimos são inevitáveis, uns malas sem alça, mas, peço que a oportunidade seja dada aos atletas do clube que, as vezes podem ter a mesma qualidade e idade de um jogador que vem emprestado e são preteridos. Esse movimento além de desmotivar o atleta de casa, não valoriza nosso ativos na grande vitrine da 1ª divisão, Copa do Brasil e campeonatos internacionais que o clube venha disputar. 

Sei que não deve ser fácil lidar com pressões de torcida, empresários e dos próprios atletas nesse sentido, mas, essa politica de vitrine deve ser revista, pois, pelo que vi trouxe menos benefícios que poderia, afinal quando um atleta desses se destaca no clube, ele tá servindo ao dono do seu passe e seu empresário, que jamais titubeará na hora que grana aparece, pouco se importando com a condição do clube barriga de aluguel, que geralmente se ferra e demora pra repor a perda.  

Por isso digo nesse momento de instabilidade esportiva e econômica, por vezes, a solução pode estar embaixo do nosso nariz.  Ante a esse cenário e sendo feita a vista grossa, pela falta de coragem de lançar jogadores, que tenho a certeza que treinam a vida toda para estar num elenco principal, e que estão sedentos por uma oportunidade, acabam por deixar passar oportunidades de mercado e esportivas muito boas. 

Se apostar em jogadores de casa e der certo ganharemos mais opções no elenco sem mexer no bolso, valorizamos um atleta nosso e naturalmente abriremos espaço no mercado. Se der errado não haverá gasto com contratação ora equivocada, afinal ela já está feita e amarradinha com o contrato vigente do atleta que é profissional desde os 16 anos como manda a lei.  

Diego Campos, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

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