Ainda recentemente, um radialista, jornalista, ou sabe-se lá o que, sem causar surpresa, afirmou em um programa de rádio de pouca expressão que no Nordeste se pratica o futebol do lixo, que era os times e a Copa do Nordeste eram uma porcaria, e outro termos depreciativos. Enfim, ele disse à luz do dia, o que a maioria dos jornalistas esportivos do Sul afirmam à boca pequena fora das câmeras e longe dos microfones, portanto, a surpresa foi apenas a disposição de se expor com essa magnitude, talvez acreditando na sua própria inexpressividade e por isso imaginou que não teria repercussão, mas se enganou, afinal, o comentário foi ridículo e gerou protestos nas redes sociais. Mas o assunto é passado e todas as respostas foram colocadas em várias formas e por diversos atores da nossa região com a veemência no tamanho ideal.
Mas não nos enganamos, sabemos que vivemos numa região menor economicamente e desta forma não temos o alcance e o poderio financeiro para montar grandes equipes e brigar lá em cima como os grandes clubes, notadamente os de São Paulo, onde parecem viver em outro Brasil, no entanto, temos avançado e quem tem uma idade acima dos 40 anos sabe que resultados que obtemos hoje no passado era fato raro, porém, apesar dos avanços, ainda estamos bem longe de atingir ao patamar de conquistar títulos nacionais, e não apenas somente resultados esporádicos como a goleada imposta pelo Fortaleza ao Internacional na segunda rodada da competição e até mesmo os 3 a 0 aplicado pelo Bahia em cima dos Santos na rodada inaugural.
No entanto com toda precariedade e inconsistência na atual e ainda curta temporada, ainda que de forma momentânea, o Nordeste lidera com tranquilidade todas as divisões dos Campeonato Brasileiros, aquelas patrocinadas e geridas pela Confederação Brasileira de Futebol, inclusive na Série A, um torneio que é visto e tratado como o de maior competividade do mundo.
Na Série A, o Fortaleza do técnico argentino Juan Pablo Vojvoda é a grande surpresa neste início de competição. O tricolor do Ceará, que vem num processo continuado de crescimento, com 9 pontos compartilha com os Atléticos (MG e PR) a liderança do Brasileirão. Se vai sustentar a condição lá na frente, são outros mil e quinhentos, no entanto, as chances são boas de representar com dignidade o futebol nordestino, aliás, como fez em 2019 quando finalizou em 9º lugar. Quem sabe, mantendo uma certa regularidade, conquistar uma vaga na Copa Libertadores de 2022.
Na Série B, quem vem dando as cartas é o Náutico do técnico-operário Hélio dos Anjos. O Timbu venceu tudo. Foram quatro jogos e quatro triunfos, deixando para trás Vasco, Botafogo, Coritiba, Guarani, Cruzeiro, estes sempre tratados ou lembrados com carinho em especial por já terem conquistado edições do Campeonato Brasileiro da Série A. Vale frisar que o Náutico vem fazendo uma temporada quase impecável, sofrendo apenas uma única derrota para o Sport em jogo onde já estava classificado no Campeonato Pernambucano, diga-se, competição que conquistou com merecimento.
Na Série C, a composição é de dois grupos com 10 clubes cada, e ainda considerando a pontuação dos 20 clubes participantes, o Ferroviário Atlético Clube, sediado na capital cearense, é o líder geral com 7 pontos conquistados, dois triunfos e um empate em três jogos. Na Série D, alguns nordestinos também se destacam, e o principal deles o ABC, que é o primeiro colocado do Grupo 3, com 6 pontos, e também o líder no geral.
O time potiguar, que vai tentar o acesso à Série C, também está vivo na Copa do Brasil, inserido entre os 16 melhores após eliminar a Chapecoense em uma virada incrível. Perdeu o primeiro jogo por 3 a 1 e venceu na volta por 3 a 0. Outro nordestino que brilha na Copa do Brasil e também disputa a Série D é a Juazeirense, um dos três representantes do futebol baiano na 4ª divisão. O Cancão de Fogo chegou nas oitavas do torneio após eliminar Sport, Volta Redonda e Cruzeiro. Já na Série D, o time de Juazeiro lidera o Grupo 4, com 4 pontos.