O técnico Roger Machado ficou mais de um ano no comando técnico do Esporte Clube Bahia. Assumiu a equipe em abril de 2019 e foi demitido em setembro de 2020 após derrota por 5 a 3 para o Flamengo, em Pituaçu, pela 7ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série A. Foram 74 jogos, com 30 triunfos, 22 empates e 22 derrotas – aproveitamento de 50%. Quatro meses depois, o técnico segue desempregado, não por falta de propostas, visto que recebeu alguns convites, mas recusou, afirmando que não se sente à vontade para voltar, e precisa de um período para me desintoxicar. Em entrevista concedida ao jornalista Jeremias Wernek, do Portal UOL, de Porto Alegre, o treinador falou sobre sua saída do Esquadrão, e citou a pressão da internet que torcia pelo seu insucesso por conta dos posicionamentos como cidadão. Ele admitiu que a saída foi muito custosa, e que o resultado e o ambiente interferem muito.
“Depois que eu saí do Bahia, eu li uma coluna de um jornalista gaúcho onde ele falava de frenesi de parte da internet pela minha saída do Bahia. Torcendo pelo meu insucesso em função dos meus posicionamentos como cidadão. Na verdade eu estou usando apenas o veículo, que para mim é uma ferramenta de transformação social, como cidadão para falar de um assunto que interessa a todos. Isso não me preocupa. Aos 45 anos, sou maduro o suficiente para entender como funciona.”
“Sem dúvida nenhuma, [a saída] foi muito custosa. Tu tem entre três e cinco jogos de instabilidade para permanecer no cargo. Isso tudo depende da conjunção de fatores, qualidade do trabalho e relação com clube e atletas. Mas o resultado e o ambiente interferem muito, e por isso eu entendo muito o gestor que opta por não seguir o trabalho. O ambiente de redes sociais é muito forte, muito forte. E às vezes é preciso dar satisfação ao grupo que apoia, que sustenta. A gente vai se preparando aos poucos, mas sempre botando fé no trabalho. Perto da saída tu percebes o ambiente.”
“Tem algumas conservas culturais que precisam ser quebradas, relacionadas ao futebol, que o treinador brasileiro acaba não conseguindo, mas o estrangeiro consegue. Se um treinador brasileiro ousa voltar a jogar com dois atacantes e não com um meia de criação, a primeira coisa, o primeiro resultado inconsistente vão dizer que está faltando o 10. O que o Jesus fez? Colocou dois jogadores à frente.”
“Tem três meses que saí do Bahia, e hoje ainda não me sinto à vontade para voltar. Preciso de um período para me desintoxicar. Mas tenho certeza que daqui a pouco eu já vou estar querendo trabalhar. Eu gostaria de esperar esse momento todo de pandemia passar. É uma coisa que afetou muito a questão emocional de quem trabalha no futebol. A exposição diariamente, a possibilidade de se contaminar com o vírus.”