Crise pré-anunciada: Bahia está colhendo a safra que o seu presidente plantou

Crise pré-anunciada: Bahia está colhendo a safra que o seu presidente plantou

"A voz de um torcedor, pode até ser irrelevante, mas, o apelo da torcida em coro, é de extrema relevância"

Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia

Há um antigo ditado que diz: “A voz do povo é a voz de Deus”. E é com base nessa máxima, que faço a seguinte metáfora: A voz de um torcedor, pode até ser irrelevante, mas, o apelo da torcida em coro, é de extrema relevância. A maioria dos torcedores de um clube, entende de futebol; uns entendem muito, outros mais ou menos e tem aqueles que entendem um pouquinho, que nem esse modesto escriba que, há muito tempo, vem avisando ao presidente Guilherme Bellintani que o “selo de validade” do então treinador Roger Machado, estava com a data vencida desde o final da temporada passada, mas, pelo que vinha percebendo o presidente, ou tinha suas próprias convicções que o time continuava no caminho certo, atingindo às metas traçadas pelo Clube ou, à cada fracasso do time dentro de campo, se deixava “emprenhar pelos ouvidos” pelo seu diretor de futebol Diego Cerri, que o treinador era bom e insubstituível e que teria que continuar.

 

A verdade é que não faltaram motivos plausíveis e coerentes para demitir ou, para ser menos contundente, liberar o então treinador em tempo hábil, uma atitude que deveria ter sido logo tomada no final do Brasileirão do ano passado, devido a inexplicável e abrupta queda de produção da equipe na reta final da competição, porque finalizada a competição, se iniciava as férias dos jogadores e, tinha tempo de sobra para contratar um novo técnico para iniciar a pré e a temporada com o grupo, além de avaliar as dispensas e contratações que seriam feitas no início do ano, mas, na ótica do presidente, estava tudo lindo e maravilhoso: campeão baiano de 2019; time chegou às quartas de final na Copa do Brasil; 11a. colocação no Brasileirão e, por aí foi e, infelizmente, o “encargo” foi mantido no cargo.

O ano começou e, simultaneamente, uma nova temporada, com o time sub-23 ou de transição comandado por Dado Cavalcanti para jogos, somente do Campeonato Baiano, supostamente, para não haver desgaste físico ou “danos morais” com o time titular que estava sendo treinado e preparado para disputar às macro competições, Copa do Brasil, Copa do NE, Copa Sul-americana e Brasileirão. Mas, com todo esse cuidado seletivo, não é que no início de fevereiro, logo na tão aguardada estreia do Time Principal na Copa do Brasil, diante do modesto time do River do Piauí, o torcedor recebeu a primeira “bucha de sena” do ano, ao assistir ao vivo e a cores o time ser, sumariamente, eliminado pelo time piauiense que venceu por 1×0, quando o Bahia foi incapaz de conseguir, um mísero empate para seguir na competição.

Além do inestimável prejuízo técnico, sofreu um incalculável baque financeiro, por não ter permanecido na competição? E qual foi a atitude do presidente Bellintani, com relação ao treinador? Nenhuma, aliás, premiá-lo com a manutenção no cargo, depois que o cidadão declarou que “assumia a responsabilidade” pela derrota ou eliminação. Após a debacle da Copa do Brasil, o Bahia continuou disputando a Copa do Nordeste, com o time acertando uma no cravo e outra na ferradura, passando pela paralização de quatro meses, em função da pandemia.

Quando foi retomada à competição, o time, mesmo aos trancos e barrancos, conseguiu chegar à final da competição e em dois jogos diante do Ceará, perdeu ambos e, mais uma vez, entregou o título para o Vozão, contemplando o torcedor com à segunda “bucha de sena” da temporada, enquanto na contramão do bom senso, o nosso presidente continuava bancando o treinador, em função do “excelente” trabalho que o mesmo vinha realizando no time, só caindo na real, quando o Flamengo aplicou aquele fumex de Arapiraca, que deixou o torcedor pilhado.

E A CONTRATAÇÃO DE MANO MENEZES, VAI MUDAR A SITUAÇÃO DE ÁGUA PARA O VINHO, A CURTO PRAZO?

Não. Continuam dizendo que o futebol é uma “caixinha de segredos” e creio que seja verdade, pelas constantes “peças” que esse esporte nos prega e, por mais que um técnico seja competente e qualificado para comandar um time, que é o caso de Mano Menezes, não é mágico para usar uma varinha de condão para reverter uma situação com poucos treinamentos. Há quem diga que o elenco é fraco e necessita de bons reforços. Concordo, em parte, porque todas as contratações desse ano, passaram pelo crivo do então treinador e obtiveram sua anuência e, se ele não estava satisfeito com o material humano que dispunha para trabalhar, por que não solicitou reforços ao presidente?

Como está na moda o termo “saber sofrer”, o torcedor vai ter que sofrer e ser resiliente durante, ainda uns três ou quatro jogos, o que considero normal, por se tratar de uma crise pré-anunciada, que já estava escrita nas estrelas, tempo que poderá não ser suficiente para se obter o resultado da filosofia de trabalho do novo treinador, mas, pode ser o tempo necessário para a percepção de uma melhoria no desempenho da equipe. O treinador deve estar observando, amiúde, cada jogador do elenco e no decorrer desses jogos, naturalmente, chegará à conclusão dos elementos que são úteis ou nocivos ao time e, como tenho certeza que vai necessitar de reforços, o treinador deverá solicitar à direção do clube e esta, adotará às devidas providências.

Para finalizar, como “urubu quando está de azar, até o que está embaixo, caga o de cima”, a fase é tão cruel que, nesTe domingo, o time do Bahia consolidou A famigerada e hipotética “Lei do Ex”, quando permitiu que o goleiro Jean (cria da base do clube), fizesse o seu primeiro gol, na condição de profissional, quando ele mostrou e demonstrou que, também, sabe bater na bola.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

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José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!



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