Representado pelo seu presidente, Guilherme Bellintani, o Esporte Clube Bahia e os demais clubes têm uma reunião agendada para a próxima terça-feira (14) com a Turner, que detém os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2019 até 2024 com oito clubes brasileiros (Bahia, Athletico-PR, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos). O grupo americano não deseja dar continuidade nos contratos e tenta rescindir o contrato sem pagar a multa. Além disso, não pagou até então parte das cotas aos clubes. Em nota enviada aos times no mês passado, a Turner pediu uma “solução definitiva” até o fim de junho, ameaçando buscar seus direitos. No entanto, o prazo passou e uma nova reunião foi marcada para a próxima semana.
Os clubes exigem manutenção do acordo, válido até 2024 na maioria dos caso, exceto o Internacional de Porto Alegre que tem contrato apenas até o final deste ano. A Turner alega que quer rescindir o contrato pelo fatos dos clubes desrespeitaram cláusulas importantes e vai além, quando ameaça cobrar multas individuais de R$ 300 milhões. No entanto, após de editada a medida provisória, que mudou a lógica dos direitos de transmissão dando ao time mandante o direito de arena, pode ter uma nova postura da Turner, já que seus horizontes se ampliam com esse novo cenário.
Apesar de não concordar com as condições atuais contidas no contrato, o presidente do Esquadrão, Guilherme Bellintani afirmou que não tem a intenção de encerrar o contrato da forma que a Turner deseja e garantiu que vai lutar pelos direitos do clube. “É um contrato extremamente problemático, fora do que a gente imagina como contrato bom para o clube. Paga menos do que a Globo paga. De certa forma, é um grande problema para a gente. Não tenho objeção a cumprir, mas a Turner quer romper unilateral. Vamos para o enfrentamento, sabemos nossos direitos. Vou lutar pelo clube que eu amo”, avisou.
Entenda a briga entre clubes e Turner:
A Turner entende que os clubes descumpriram várias cláusulas contratuais. Entre elas, estão a quebra de confidencialidade do contrato em entrevistas para a imprensa e a permissão dada por clubes para que a Globo transmita jogos para a mesma cidade onde eles são realizados. A empresa diz que só pôde exibir seis jogos ano passado nesse esquema e que não havia bloqueio de praça previsto em contrato.
Por fim, a programadora manifesta que os clubes não estão dispostos a dialogar desde o fim do ano passado, quando notificou os times sobre pontos do contrato que queria conversar e não obteve resposta. Procurada oficialmente para falar sobre a data limite dada aos clubes, a emissora preferiu não se pronunciar.
Por outro lado, os clubes alegam que a Turner quer forçar a rescisão contratual sem pagamento de multa. De acordo com o contrato, cada clube tem direito a multa de R$ 287 milhões. Além disso, existe a alegação de que houve tratamento diferenciado ao Palmeiras no pagamento de luvas. O Alviverde paulista recebeu R$ 100 milhões, enquanto os outros clubes fecharam por R$ 40 milhões, conseguindo um aditivo de R$ 15 milhões após a descoberta da luva maior pelo Bahia.
Em meio à disputa que deve parar nos tribunais, a Turner não tem previsão de pagamento para cotas atrasadas. Desde maio, a emissora não paga os valores acordados com os clubes pela transmissão do Brasileirão. Os pagamentos previstos somados eram na casa dos R$ 100 milhões e a programadora alegou a pandemia do novo coronavírus para suspender os pagamentos. Até o momento, não existe nenhuma previsão por parte da Turner de retorno aos pagamentos para os times, o que agrava a situação.
‘A Globo foi leal, a Turner não’, desabafa presidente do Bahia em entrevista