Uma das vozes na luta contra o preconceito no futebol brasileiro e na sociedade, o técnico Roger Machado, atualmente defendendo o Esporte Clube Bahia, voltou a falar sobre o tema “racismo”, algo bastante debatido pelo treinador, inclusive, recentemente comentou sobre a morte de George Floyd, homem negro que foi morto por um policial branco, de uma forma cruel, nos Estados Unidos, e afirmou que o Brasil tem os próprios casos ‘George Floyd’ toda semana. Em entrevista ao Expediente Futebol, do Fox Sports, o treinador declarou que o futebol – assim como a sociedade brasileira – impõe barreiras invisíveis para os negros, e argumentou que essas barreiras podem ser identificadas fora do campo, nos espaços de poder do esporte, onde a proporção entre brancos e negros se torna desigual.
“Eu vejo que o futebol repete, reproduz e amplifica a sociedade brasileira. Assim como fora do futebol, dentro há diversos tipos de preconceito. E é evidente que há o preconceito de cor nas esferas e estruturas do futebol, pois os espaços não são preenchidos proporcionalmente pela presença dos negros no esporte. À medida que saímos do campo, temos barreiras invisíveis que impedem a ascensão dos negros aos espaços de poder. (…) E o futebol também reproduz o discurso da sociedade de que não há racismo, mesmo quando, na prática, ele pode ser identificado”, disse o técnico.
Roger Machado ainda falou sobre o impacto do 7 a 1 no futebol brasileiro. O treinador acredita que o desempenho do Brasil na Copa do Mundo de 2014 fez com que uma geração inteira de treinadores fosse considerada obsoleta. O técnico acredita que, de certa forma, ele mesmo foi beneficiado pelo ‘efeito 7 a 1’, que deu espaço para treinadores mais jovens no país.
“Acho que o futebol brasileiro tem treinadores modernos e atualizados, mas os acontecimentos da Copa de 2014 jogaram uma cortina de fumaça sobre eles. Eu penso muito nisso porque eu mesmo só estou aqui por ter ocupado esse espaço. Uma geração de treinadores foi considerada culpada pelo mau resultado da seleção brasileira e os times buscaram novos técnicos. Mas esses treinadores estão voltando e conseguindo o reconhecimento merecido, como o próprio Felipão, que, depois do 7 a 1, venceu muito na China, em confrontos contra alguns dos grandes treinadores europeus. Depois, ainda questionado, voltou ao Brasil e venceu mais uma vez. O Luxemburgo, que me ensinou muito no Grêmio, praticamente teve que criar um canal no YouTube para convencer as pessoas que entende de tática. E agora voltou a ganhar reconhecimento do mercado”, ponderou.