Por mais que queiramos demonstrar otimismo e fé na esperança de dias melhores, a verdade é que estamos diante de um quadro triste e cada vez mais sombrio, num verdadeiro beco sem saída ou numa sinuca de bico, se inserindo naquele conhecido e antigo dilema, o qual, diz que, se correr o bicho e se ficar, o bicho come. A crise é de âmbito mundial e cada país tem suas peculiaridades e já se tem informações dando conta de que o futebol da Turquia e da Alemanha já estão prestes a serem retomados como, também, do Reino Unido. A Coreia do Sul foi o primeiro país a retornar com os jogos neste final de semana. Entretanto, o que nos interessa mesmo, é saber quando dar-se-á a retomada do futebol brasileiro e, em especial, o futebol baiano que é a nossa praia.
Como o Brasil é o 5º maior país do mundo e o maior do Hemisfério Sul, em extensão territorial, é evidente que haja um conjunto de dificuldades para que a bola volte à rolar em sua plenitude do Oiapoque ao Chuí. Além de se tratar de um país de dimensões continentais onde há de se conviver com suas diversas culturas e peculiaridades regionais existem, ainda, os fatores de ordem sanitária registrados em cada região, ou seja, tem regiões que a doença tem atingido com menos ou com mais intensidade que outras.
No âmbito nacional, o futebol brasileiro é constituído de quatro categorias que são as Séries A, B e C, cada série, compondo 20 clubes, com rebaixamento sumário para os quatro últimos clubes colocados no final de cada competição e, no caso das Séries B e C, acesso garantido, respectivamente, às Séries A e B, aos quatro primeiros colocados no final de cada competição.
Quem pensou que eu tinha esquecido de falar da famigerada Série D, se equivocou. Propositadamente, deixei para repercutir separadamente, tendo em vista que se trata de uma categoria quase “fora de série”, “sui generis”! Enquanto a Série A representa o Brasileirão, a elite e/ou o paraíso do nosso futebol; a Série B, classifico como o purgatório do futebol brasileiro; a Série C, um autêntico inferno astral. Mas, a Série D, é o verdadeiro inferno habitado por Lúcifer, é o bagaço do bagaço do futebol brasileiro que, atendendo critérios da CBF e de cada Federação dos Estados, reúne 68 clubes, sendo que esse ano ganhou uma nova fórmula: fase preliminar, mata-mata com oito times, e oito grupos com oito equipes na luta pelo acesso, que passam por várias peneiras e funis, até à depuração dos quatro “felizardos” que ascendem ao inferno astral da Série.
Aqui na Bahia, três competições que envolvem o futebol local foram interrompidas: Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil, sem falar da Copa Sul-Americana que o Bahia está inserido, mas que não coloquei como interrompida porque, independentemente da brusca paralisação forçada pela pandemia, essa competição intercontinental só seria sequenciada a partir do final desse mês. Já está prestes à completar dois meses que a dupla Bavi entrou em campo para disputar um jogo oficial. O último jogo do Bahia aconteceu em 14/03 em Natal/RN, quando o Esquadrão venceu por 2 x 0 o América local em jogo válido pela Copa do Nordeste, enquanto que o último jogo do Vitória aconteceu no dia subsequente, em dose dupla, goleando o River/PI no Barradão por 4 a 1 e em Riachão do Jacuípe o time sub-23 foi derrotado por 1×0 pela equipe local em jogo válido pelo Baianão, o que podemos observar que já vão completar dois meses sem realizar jogos.
O fato é que essa pandemia da Covid-19 já causou grandes estragos na temporada/2020. Além do baque técnico, financeiro e social imposto aos clubes, com a grande maioria já passando por sérias dificuldades, promovendo desmanches e/ou reduções drásticas em seus quadros funcionais, a pandemia já forçou o adiamento das Olimpíadas que seriam realizadas no próximo mês de julho para julho de 2021, interrompeu as competições regionais, nacionais e internacionais que estavam em curso, sem até o momento, haver definição da sua continuidade ou cancelamento, os Campeonatos Brasileiros das Séries A e B, a essa altura da temporada, já eram para estar em curso e com os das Séries C e D, prestes à iniciar.
Enfim, uma pandemia que causou um verdadeiro pandemônio ao futebol brasileiro fator que, sinceramente, pelo andar da “coronagem” e, em função de tantos protocolos e pareceres que ainda serão expedidos por autoridades sanitárias, decisões tomadas por federações e confederações de futebol e, ainda, decretos municipais, estaduais e federais, quero crer que, se a bola ainda voltar à rolar na presente temporada do futebol brasileiro, os jogos só serão permitidos sem o acesso do torcedor às dependências dos estádios, ou seja, com público zero. Lamentável, mas, suscetível de se configurar.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.